Dezembro fechou cinzento, mas não ofuscou o bom desempenho dos fundos PPR, em 2024, ano em que os mercados financeiros, quer de ações, quer de obrigações, recuperaram bem, beneficiando todos os planos de poupança-reforma sob a forma de fundo.
A tomada de posse de Donald Trump e a polémica em torno das tarifas alvoraçou, no entanto, os investidores e os mercados, no primeiro trimestre de 2025, penalizando os fundos PPR.
As rentabilidades, nos últimos 12 meses (até 28 de março), baixaram significativamente. Ainda assim, os mais agressivos – fundos PPR que mais aplicam em ações (acima de 50%) – continuam a ser a categoria que regista as maiores valorizações. Destaque para o PPR SGF Poupança Dinâmica, que rendeu 6,02%, seguido do PPR SGF Poupança Ativa (5,84%), ambos da SGF, como pode confirmar no top no quadro abaixo.
Os 10 PPR mais rentáveis dos últimos 12 meses | |
---|---|
PPR SGF Poupança Dinâmica | 6,02% |
PPR SGF Poupança Ativa | 5,84% |
Smart Invest PPR/OICVM Dinâmico | 5,38% |
Caixa Wealth Arrojado PPR/OICVM - Categoria A | 4,95% |
M3 Investimento PPR | 4,91% |
PPR Golden SGF ETF - classe A | 4,82% |
Bankinter Obrigações EUR 2027 PPR/OICVM | 4,64% |
PPR SGF Poupança Equilibrada | 4,45% |
Sixty Degrees PPR/OICVM Flexível - categoria 1 | 4,37% |
Caixa Arrojado PPR/OICVM | 4,17% |
A escolha do PPR conta
A maioria dos portugueses não têm, porém, fundos PPR. Preferem os seguros PPR, que representam mais de 70% do mercado dos planos de poupança-reforma. Rendem, no entanto, muito pouco.
É, por isso, muito comum, a DECO PROteste Investe ser interpelada pelos seus subscritores a questionar o parco rendimento proporcionado por estes PPR, rendimento esse parcialmente devorado pelas comissões de gestão.
O excesso de conservadorismo (receio de arriscar) e a iliteracia financeira são as principais razões que justificam a opção por PPR sob a forma de seguro. Embora seja compreensível, e até recomendável, que um consumidor acima de 57 anos invista num seguro PPR, não é de todo o produto apropriado para quem tem entre 30 e 40 anos, pois está muito longe de se reformar.
O tempo é, de facto, o melhor aliado na poupança para a reforma, pois, se começar a investir cedo, deve aplicar em produtos que tirem partido da valorização dos mercados (bolsas). Ou seja, se optar por um PPR, deverá escolher um PPR sob a forma de fundo e com elevada percentagem de ações.
Atualmente, já é permitido os PPR investirem até 100% em ações, o que não era possível até há pouco tempo, quando o limite era 55% da carteira. Esta mudança foi benéfica para o rendimento dos fundos PPR. Muitos dos fundos que aplicam quase exclusivamente em ações começam agora a completar cinco anos de atividade. Temos vindo a acrescentá-los às tabelas da DECO PROteste Investe.
Por exemplo, o BPI Reforma Global Equities PPR/ OICVM foi eleito, no ano passado, Escolha Acertada. Outros estão prestes a cumprir cinco anos, o que significa que as nossas recomendações poderão mudar.
Estes fundos, com política de investimento mais agressiva, apresentam rendimentos muito mais interessantes e são mais adequados ao propósito de uma poupança de muito longo prazo. Além disso, incentivam a concorrência.
Até os custos têm diminuído nos últimos anos, sobretudo na subscrição. Já não é comum serem cobradas comissões de 5%, como no passado. Por exemplo, as comissões de gestão e de depósito passaram de 1,9%, em 2015, para os atuais 1,7 por cento.
Mas é, sobretudo, na comissão de subscrição que as sociedades gestoras têm feito um maior esforço de redução, para captar mais subscritores. Há dez anos, a média era de 1,6% e, neste momento, é de 1,1 por cento.
Muitos PPR nem apresentam qualquer custo pela subscrição, um cenário raro há uma ou duas décadas, em que os PPR eram verdadeiras fontes de receita para as instituições. Não significa que tenham deixado de o ser, sobretudo os PPR sob a forma de seguro, bem menos dinâmicos, bem menos rentáveis e pouco transparentes.
Escolhas Acertadas ganharam até 3,9%
Quanto às nossas recomendações, são três os fundos PPR que elegemos como Escolha Acertada. O Optimize PPR/OICVM Moderado estreia-se na classe de risco dos mais defensivos. Valorizou 3,9%, nos últimos 12 meses, e 1,6% ao ano nos últimos 5 anos.
Na classe intermédia, o Alves Ribeiro PPR, que aplica menos de 30% em ações, teve uma valorização de 6,6% em 2024, e um ganho anual de 2,4%, nos últimos 5 anos.
Embora o EuroBic PPR/OICVM Ciclo de Vida 35-44 tenha tido melhor rendimento no ano passado (8,8%), tem registado um desempenho menos consistente: nos últimos três anos rendeu apenas 0,9%, bastante abaixo do Alves Ribeiro PPR (1,8 por cento).
Na classe de risco mais elevada, o BPI Reforma Global Equities PPR/OICVM, que aplica 99% em ações, ganhou 15,1%, em 2024, e proporcionou um rendimento anualizado de 7,9%, nos cinco anos da sua recente existência.
O facto de aplicar quase tudo em ações torna-o mais agressivo, mas também mais adequado para a poupança de longo prazo, sobretudo se ainda estiver longe da reforma. Não tem comissão de subscrição, nem de resgate, mas cobra 2% pela gestão e depósito.
O BBVA Estratégia Investimento PPR (a nossa recomendação nesta classe quase até ao final do ano) conseguiu 10,3%, em 2024. Nos últimos cinco anos, proporcionou uma rentabilidade de 4,9% ao ano. Se subscreveu, pode manter.
Seguro PPR da Lusitania garante 2%, em 2025
Se não lida bem com o sobe e desce dos mercados financeiros e faz questão de ter sempre o capital garantido, ou se já está a 10 anos ou menos da idade em que pensa reformar-se, opte por um PPR sob a forma de seguro, com capital garantido e um rendimento mínimo. Esta é a melhor forma de acautelar a poupança acumulada ao longo da vida.
Nesta categoria, a recomendação é o Lusitania Poupança Reforma PPR. Tem a vantagem de apresentar uma taxa mínima garantida, que foi fixada em 2% para este ano. Nos últimos cinco anos, até 2023, apresentou um rendimento médio de 2,5 por cento.
No caso de subscrever ao abrigo do nosso protocolo, está isento das comissões de subscrição e resgate. Além disso, os subscritores da DECO PROteste Investe beneficiam de um prémio de fidelização anual de 0,1%, aplicados sobre o saldo médio anual, nos primeiros cinco anos do contrato.
Se tem outro PPR que não uma das nossas recomendações atuais, compare-o com as nossas Escolhas Acertadas para saber se vale a pena transferir (www.ganhemaisnoppr.pt).
Não deixe as suas poupanças adormecidas a render quase nada. Como se trata de uma poupança de longo prazo, pequenas diferenças de rendimento podem traduzir-se em milhares de euros ao fim de décadas.
Texto de Myriam Gaspar e António Ribeiro.
O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROteste, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições.