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Os melhores países para viver na reforma

reforma numa praia no estrangeiro

Em Portugal, o número de vistos de residência atribuídos a reformados estrangeiros aumentou exponencialmente de 2011 (347) para 2019 (3168).

Publicado em: 03 outubro 2022
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reforma numa praia no estrangeiro

Em Portugal, o número de vistos de residência atribuídos a reformados estrangeiros aumentou exponencialmente de 2011 (347) para 2019 (3168).

Conheça os três países mais baratos para passar a reforma. Neste ranking, Portugal ocupa a quarta posição.

Anseia por deixar de trabalhar, de cumprir horários? Quando chegar a tão ansiada data, fará uma festa. Mas os dias seguintes poderão tornar-se uma rotina entediante. Se aprecia viajar, já equacionou desfrutar da reforma fora de Portugal, do outro lado do Atlântico? 

Selecionámos três destinos que reúnem um conjunto de vantagens e podem tornar a reforma bem mais aprazível, com um menor custo de vida. Para avaliar os países que se encaixam neste conceito, usámos a informação disponibilizada pela Numbeo, uma base de dados com vários indicadores. São eles o custo de vida, que inclui os bens e serviços, como restaurantes, supermercados e transportes; o valor médio de arrendamento; o preço de um cabaz de compras de bens essenciais; o índice de saúde, que se refere à qualidade e preços dos serviços prestados pelo sistema de saúde e médicos; e índice de segurança numa escala de 0 a 100, em que a pontuação mais alta indica baixa criminalidade. 

  O retrato de 4 países

País Visto residência Benefícios Habitação Desenvolvimento Clima Cuidados de saúde Custo de vida Índice final
Costa Rica 86 88 74 92 80 97 84 85.2
Panamá 97 96 80 76 80 88 83 84.4
Colômbia 88 78 77 86 87 96 89 83.3
Portugal 64 86 87 88 88 95 84 83.2
Nota: Escala de 0 a 100, sendo que 100 corresponde a melhores condições; Fonte: International Living’s Annual Global Retirement Index; Numbeo.

Costa Rica

Florestas tropicais paradisíacas caracterizam a Costa Rica, um país da América Central, que se estende do Pacífico ao Caribe. Guanacaste, na península de Nicoya é, de acordo o National Geographic, uma das cinco “Blue zones”, com mais pessoas centenárias. Com 4,9 milhões de habitantes, tem como capital San José, sede da Corte Interamericana de Direitos Humanos. A língua oficial é o espanhol, mas o inglês é falado por uma grande parte da população. A moeda local é o Colon, embora também aceitem o dólar americano. Conhecido por ter uma democracia estável, o país foi apelidado de “Suíça da América Central” quando aboliu, em 1948, o exército. O orçamento da defesa foi canalizado para a educação e a saúde. 

A nação tem um dos mais altos índices de desenvolvimento humano da América Latina, bem como políticas ambientais progressistas. A nação foi duas vezes classificada como tendo o melhor desempenho no índice Happy Planet da New Economics Foundation (NEF), que mede a sustentabilidade ambiental, e já foi identificado como o país mais verde do mundo. Quase 100% da sua eletricidade provém de fontes renováveis. A Ilha do Coco, situada no Oceano Pacífico, foi reconhecida como Património Humanitário da Unesco. O clima é tropical e subtropical. A estação seca vai de novembro a abril, e a chuvosa entre maio e outubro.

O custo de vida geral em San José é, segundo a Numbeo, bastante similar ao de Lisboa, mas o valor das rendas de um apartamento é 36% mais baixo. O preço de um imóvel no centro da cidade é 63% inferior. Pode optar por morar na capital ou nos subúrbios montanhosos, sem perder o acesso às comodidades oferecidas por San José, destino turístico popular. O preço da eletricidade, água e gás é 45% mais em conta, mas a internet é mais cara. O preço dos transportes também é substancialmente mais reduzido (-62%) e da gasolina (-35%).

Para entrar no país, já não é necessária a apresentação de certificado de vacinação, prova PRC ou Antigénio, e foi eliminada a exigência de completar o formulário epidemiológico conhecido como Passe de Saúde, bem como a exigência de seguro médico para estrangeiros não vacinados. Não é legalmente exigida qualquer tipo de vacina para entrar no país, porém as autoridades sanitárias recomendam aos visitantes estrangeiros a vacinação contra a febre-amarela.

Pode obter um visto de residência temporário “Pensionado” (reformado), desde que tenha uma pensão vitalícia da Segurança Social, rendimentos ou outros benefícios de aposentação garantidos. Deve fazer prova de rendimentos mensais permanentes de, pelo menos, 1000 dólares, transferidos para um banco da Costa Rica. Não há idade mínima para solicitar este visto e pode incluir esposa ou filho menor de 25 anos. Neste caso, é provável que também tenha de fazer prova de rendimentos adicionais.

A autorização de residência tem duração de dois anos, podendo ser renovada desde que comprove que os rendimentos são recebidos na Costa Rica e de que residiu no país, pelo menos, quatro meses seguidos ou não. Este visto permite ainda criar um negócio ou trabalhar por conta própria, mas não por conta de outrem. Após residir legalmente por três ou mais anos, pode pedir a residência permanente. Após sete anos a residir na Costa Rica pode pedir a nacionalidade.

Para quem não tenha uma pensão mensal, está disponível o programa “Rentista”. Exige um mínimo de 60 mil dólares ou um rendimento mensal de, pelo menos, 2500 dólares de uma fonte garantida, durante dois anos, no mínimo. 

Para ter acesso aos cuidados de saúde, terá de contribuir obrigatoriamente para a La Caja Costarricense de Seguro Social (C.C.S.S). A contribuição varia entre 7 e 11% do rendimento declarado. Em contrapartida, o serviço médico nacional não tem copagamentos nem exclusões. Em alternativa ou complementarmente, pode subscrever um seguro de saúde. Há 29 hospitais públicos e cerca de 250 clínicas regionais.

De acordo com o International Living’s Annual Global Retirement Index, um casal vive confortavelmente com 2000 dólares. Isso inclui a renda de um T2, comida, transportes, saúde e entretenimento. Com 3000 dólares consegue um estilo de vida relaxante.

A Costa Rica tem um senão: não existe representação diplomática portuguesa na Costa Rica, sendo os assuntos deste país acompanhados pela Embaixada de Portugal no Panamá.

Panamá

Considerado seguro, o Panamá é conhecido como um dos melhores países para viver a reforma. Segundo o International Living’s Annual Global Retirement Index, estava na segunda posição no ano passado.

Tem um clima ameno e, devido à sua localização, não é fustigado pelos típicos ciclones das Caraíbas. As águas são cristalinas e as praias de areia branca. Tem recifes de coral e terras altas verdejantes, sem esquecer o exuberante paraíso montanhoso de Boquete. As opções são muitas e variadas. 

Coronado é uma das cidades mais acolhedoras e favoritas dos expatriados. Não surpreende. O País tem um conjunto de benefícios para quem escolhe este destino para residir. Precisa apenas de provar que tem uma pensão de 1000 dólares ou, se adquirir um imóvel acima de 100 mil dólares (o montante pode ser do casal), bastam 750 dólares. Há ainda um conjunto de benefícios para quem tem um visto Pensionado: 25% de desconto nos voos domésticos e internacionais; 50% em entretenimento, 30% nos transportes públicos, 25% nos restaurantes, 30 a 50% em estadias de hotel, consoante os dias escolhidos, 20% nas consultas, 15% nos hospitais, 15% em empréstimos, entre outros. Pode também importar um automóvel de dois em dois anos sem pagar impostos. 

Comparado com outros países da América Latina, tem um baixo custo de vida. Relativamente a Portugal este índice, de acordo com a Numbeo, é superior (48.25 contra 42.18). Ainda assim, a gasolina é substancialmente mais barata (46%), bem como os transportes públicos (o passe mensal custa menos 36% e um bilhete de autocarros menos 78%). Pode arrendar um apartamento T1 no centro da cidade de Panamá por menos 10% do que em Lisboa. Em contrapartida, um cabaz de compras de bens essenciais é mais caro (31%). 

Para entrar no país, não é necessário, desde setembro, apresentar certificados de vacinação, PCR ou outro tipo de teste. Não é exigida qualquer tipo de vacina, porém as autoridades sanitárias recomendam aos visitantes estrangeiros a vacinação contra a febre-amarela. Apesar de não ser obrigatório, o portal das Comunidades Portuguesas recomenda ter um seguro de saúde.

Colômbia

É um dos países mais desenvolvidos da América Latina e o refúgio de muitos norte-americanos que procuram o país para gozar a reforma. Está na quinta posição do International Living’s Annual Global Retirement Index e do World Economic Forum. Tem bons cuidados de saúde – de acordo com a OMS, está na 22ª posição entre 191 países - e clima para todos os gostos, com a vantagem de estar próximo dos Estados Unidos.

No lado ocidental, tem a cordilheira dos Andes, a sudoeste a floresta amazónica, e uma costa que vai do mar do Caribe ao Oceano Pacífico. Nas áreas costeiras, como Cartagena e Santa Marta, o clima é quente e húmido. Nas zonas montanhosas, como Medelim, e no triângulo do café, o clima é temperado. Bogotá, a capital, é mais fresca. Para deslocações a algumas regiões do país, é necessária vacina contra a febre-amarela, que deve ser realizada 10 a 15 dias antes da viagem.

Para entrar no país é necessário ter, pelo menos, duas doses de vacina contra a covid-19, ou apresentar teste PCR negativo, realizado, no máximo, 72 horas antes do embarque. O Check-Mig, um procedimento de pré-registo, é obrigatório para todos os passageiros que entrem ou saiam da Colômbia, tenham visto ou residência legal no país. 

Para permanências superiores a 180 dias, terá de pedir o visto M (Pensionado ou Rentista), com a duração de três anos. Tem de comprovar que recebe uma pensão de reforma não inferior a três salários mínimos (cerca de 660 euros) ou obtém rendimentos mensais de, pelo menos, 2200 euros. Só pode entrar no país com um total de 10 mil dólares em numerário, sob pena de ser confiscado.

O custo de vida, incluindo renda de uma casa, é 46% mais baixo do que em Portugal, sendo os preços de arrendamento 61% inferiores aos praticados no nosso país. Se for a um restaurante, poupará cerca de 47 % numa refeição para duas pessoas. À semelhança da Costa Rica, o preço dos transportes é bastante mais baixo, exceto o dos táxis. Por serviços essenciais como eletricidade, água, gás e aquecimento, gastará sensivelmente menos 40 por cento. As tarifas de telemóvel são também mais baixas. Arrendar um apartamento no centro de uma cidade, com um ou três quartos, custa menos 64 por cento.

Note que os valores do câmbio em relação ao euro têm flutuado muito nos últimos tempos, uma vez que o peso colombiano é muito dependente dos preços do petróleo e do valor do dólar americano.

Como qualquer país, os três destinos mencionados têm prós e contras. Antes de tomar qualquer decisão, avalie as vantagens e desvantagens. Viver a longo prazo num país estrangeiro não é o mesmo que visitar como turista. 

O caso de Portugal

Portugal está na quarta posição no ranking do International Living’s Annual Global Retirement Index e, segundo a Blacktower Financial Management Group, é o sétimo melhor destino europeu para se viver a reforma, com um score de 3.62 (de 1 a 5). Em primeiro lugar está a Finlândia, com 3.83. Embora o custo de vida seja substancialmente maior neste país nórdico (77.46, numa escala de 1 a 100, contra 52.88), o preço da habitação é bastante inferior ao de Portugal (8.64 vs 12.65).

Para quem usufrui de uma boa pensão ou rendimento, não há dúvidas de que o nosso país pode proporcionar uma reforma dourada. Tem um ótimo clima, excelente gastronomia e é uma das nações mais seguras do mundo. Não admira que seja cada vez mais procurado por franceses e americanos. 

Segundo o Relatório Estatístico Anual – Indicadores de Integração de Imigrantes de 2021, o número de vistos de residência atribuídos pelos postos a reformados estrangeiros aumentou exponencialmente de 2011, ano em que foram concedidos 347, para 2019 (3168). Um crescimento justificado, em parte, pela criação, em 2009, de um regime fiscal mais favorável para reformados não residentes habituais.

Texto de Myriam Gaspar

 

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