Quem conhece o seu perfil – aversão ao risco, disciplina, objetivos – e as características dos diferentes produtos financeiros, tem o sucesso ao seu alcance. É como possuir uma chave capaz de abrir portas para a prosperidade, a segurança e a independência financeiras.
Para se preparar nesta jornada, a PROTESTE INVESTE destaca os prós e os contras de 11 produtos financeiros, como podem moldar as suas opções e o seu futuro em termos de rendimento.
Invista apenas no que conhece
Apesar das diferenças, há conceitos transversais aos vários produtos financeiros. O rendimento é um deles. Um investimento pode gerar ganhos de duas formas.
A primeira, as chamadas mais-valias, resulta do valor que obteve na venda em comparação com o preço que pagou. Como em tudo, este preço resulta da aplicação da lei da oferta e da procura. Quando há mais pessoas a comprar do que a vender, o preço sobe (e vice-versa).
A segunda forma consiste num retorno periódico do investimento, como juros, rendas e dividendos. Há produtos que apenas podem gerar mais-valias (por exemplo, ouro), outros produzem somente rendimentos (os depósitos em euros).
Ações, fundos, ETF e imóveis podem propiciar rentabilidade pelas duas vias. O total do valor gerado pelo investimento é a sua rentabilidade (ou rendimento), normalmente expresso em percentagem do valor investido. Um rendimento de 5% num ano para um investimento de 10 000 euros significa um ganho de 500 euros. Uma rentabilidade média anual de 5% implica que rendeu, em média, 5% em cada ano: os 10 000 euros passariam a 12 762 euros no final de cinco anos.
O mundo dos investimentos financeiros não se limita aos produtos apresentados. Embora sejam mais do que suficientes para bem investir, a oferta é muito mais vasta, está em permanente mudança e, por vezes, pode ser complexa e perigosa. É o caso dos CFD, das criptomoedas, do forex ou das opções binárias. Dado o seu cariz altamente especulativo, chamar-lhes “investimentos” pode ser questionável.
Se tem dúvidas sobre o funcionamento de um determinado investimento, é preferível não investir. Se propõe rendimentos fabulosos sem risco, fique afastado! Como diz o adágio popular, “quando a esmola é grande, o pobre desconfia”.
Para evitar armadilhas ou esclarecer dúvidas, os subscritores da PROTESTE INVESTE têm à disposição a linha telefónica (218 418 789).
Prós e contras de 11 produtos financeiros
Depósitos a prazo
- Os depósitos a prazo têm vários trunfos, o que justifica a sua hegemonia. Não exigem conhecimentos avançados em investimentos e estão disponíveis a qualquer pessoa com uma conta bancária aberta. Além disso, a maioria das instituições financeiras oferece diferentes prazos e exige montantes mínimos reduzidos, tornando-os adequados para uma variedade de investidores. Em troca, os bancos pagam uma taxa de juro predefinida pelo dinheiro depositado. O grande trunfo dos depósitos a prazo é, porém, a segurança. Pelas características inerentes ao depósito, o capital está garantido e será devolvido ao cliente no final do prazo. Na maioria dos casos, pode ser levantado a qualquer momento. Ainda que possa perder rendimento (juros), nunca perde o capital. Estão também abrangidos pelo Fundo de Garantia de Depósitos, o que significa que até 100 mil euros estão protegidos mesmo em caso de falência do banco. Se tem mais do que essa quantia, coloque-a em diferentes bancos.
- O reverso da medalha é a rentabilidade muito baixa dos depósitos em comparação com outros investimentos, mesmo tratando-se de alternativas com capital garantido. Se quiser manter o dinheiro nas contas com melhor rendimento, terá de estar preparado para saltar de banco em banco.
Certificados de aforro
- Os Certificados de Aforro pagam juros trimestralmente, sendo que o rendimento depende das taxas de mercado de curto prazo (Euribor). Os juros são capitalizados, ou seja, acrescem automaticamente ao valor dos Certificados. O reembolso da totalidade do capital aplicado está garantido pelas características do produto. Estes títulos do Estado estão acessíveis para um vasto leque de investidores, com baixos requisitos mínimos de investimento (100 euros). Uma opção atrativa para quem quer começar a poupar uma pequena quantia de dinheiro. Têm ainda a vantagem de poderem ser facilmente convertidos em dinheiro, se precisar dos fundos antes da data de vencimento. Por fim, são instrumentos de dívida pública (emitidos pelo Estado português) e, por isso, são considerados uma opção de investimento segura quanto ao risco de emitente.
- Em comparação com opções de investimento sem garantia de capital (por exemplo, fundos), os Certificados de Aforro oferecem rendimentos relativamente baixos. Durante os três primeiros meses, não podem ser resgatados. É um inconveniente se precisar de acesso imediato ao dinheiro, para enfrentar qualquer emergência.
Certificados do Tesouro
- Os Certificados do Tesouro Poupança Valor (CTPV) são a mais recente iteração dos Certificados do Tesouro. Uma taxa de juro anual mínima é garantida e definida no momento da subscrição, podendo ser superior em função do crescimento do PIB nacional. O reembolso da totalidade do capital aplicado está garantido pelas características do produto. Os CTPV estão disponíveis para compra nos balcões dos CTT e, após a primeira compra (abertura de conta), podem ser geridos online (reforços, resgates). O montante mínimo é de 1000 euros. Estas características tornam o investimento mais acessível e conveniente. Sendo instrumentos de dívida pública (emitidos pelo Estado português), são considerados uma opção de investimento segura quanto ao risco de emitente.
- Os CTPV têm um período de imobilização total do dinheiro aplicado durante o primeiro ano. Isto é, o investidor não pode resgatar o capital. É um inconveniente insuperável se precisar de acesso imediato ao dinheiro para enfrentar qualquer emergência. À semelhança de outros produtos com capital garantido, este títulos do Estado tendem a oferecer rendimentos reduzidos.
Seguros de capitalização
- Trata-se de produtos financeiros geridos por seguradoras, mas frequentemente vendidos pelos bancos. Os mais comuns têm um prazo de oito anos, o capital aplicado está garantido pela seguradora e, por regra, definem uma remuneração mínima. O montante mínimo de subscrição e de reforço varia consoante o seguro, mas muitos podem ser subscritos a partir de algumas dezenas de euros. Além do aspeto de investimento, alguns seguros de capitalização também oferecem cobertura de seguro de vida. Em caso de falecimento do segurado, um beneficiário receberá o valor acordado. Essa característica pode ser vista como uma proteção adicional para a família do segurado.
- Os seguros de capitalização de capital garantido apresentam rendimentos muito pouco atrativos, mesmo face a opções de investimento equiparáveis em termos de risco. Podem ainda envolver o pagamento de comissões elevadas, reduzindo o rendimento do investimento. Estes inconvenientes são ainda maiores quando se pretende o reembolso antecipado. Há seguros (unit linked) cujo funcionamento é idêntico ao dos fundos e, por isso, não garantem sequer o reembolso do capital.
PPR
- O principal trunfo dos PPR continua a ser o benefício fiscal. Por um lado, pode deduzir ao IRS parte do valor das entregas anuais (20% do valor aplicado, com um máximo entre 300 e 400 euros). Por outro, quando são respeitadas as condições do produto, a tributação dos rendimentos é muito mais favorável: o imposto é de apenas 8% contra 28% na maioria das outras aplicações financeiras. A ampla oferta disponível permite que haja PPR com capital garantido ou cuja evolução depende dos mercados financeiros, o que permite agradar a investidores com diferentes perfis de risco ou em fases diferentes do ciclo de vida. A junção destas vertentes torna os PPR muito apelativos para uma poupança regular (anual) que possa vir a servir de complemento para a reforma do sistema público de pensões.
- Usufruir dos benefícios fiscais implica respeitar as restrições previstas para resgate (por norma, apenas após os 60 anos ou reforma por velhice). Caso contrário, perde o direito à taxa de 8% no resgate e, sobretudo, terá de repor os benefícios usufruídos nos anos anteriores, acrescidos de 10% por cada ano decorrido. A oferta de PPR é limitada em comparação com a oferta de fundos/ETF, pelo que as possibilidades de investimento são bastante menores.
Obrigações
- As obrigações fornecem rendimentos periódicos, na forma de pagamentos de juros durante um determinado período (por norma, alguns anos). No vencimento, o investidor tem direito ao reembolso do valor nominal da obrigação. Este valor é, em regra, igual ao capital investido se a obrigação foi adquirida no momento de emissão. Assim, sob certas condições, as obrigações podem garantir o reembolso da totalidade do capital aplicado. Ao mesmo tempo, as obrigações podem desempenhar um papel crucial na diversificação da carteira (baixando o risco), porque tendem a ter uma menor correlação com outros ativos, como as ações. Deste modo, atuam como contrapeso às flutuações das bolsas.
- O pagamento dos juros e o reembolso do capital estão dependentes da solvabilidade financeira do emitente (Estado, empresa, SAD desportiva). Em caso de incumprimento, não existem mecanismos de salvaguarda, como Fundo de Garantia de Depósitos. A cotação das obrigações flutua ao longo da sua “vida”, pelo que os momentos em que compra e vende influenciam o rendimento final do investimento, que pode representar um prejuízo face ao que investiu inicialmente. Só adquirindo o título pelo valor nominal e esperando até ao momento do reembolso poderá garantir, pelo menos, que vai reaver o capital. Pode ser difícil constituir uma carteira diversificada de obrigações. Os montantes necessários são elevados, e o mercado nacional é pouco dinâmico.
Ouro físico (barras, moedas)
- O ouro físico permite preservar valor. Historicamente e, sobretudo em tempos de incerteza e/ou de inflação, muitos investidores veem o ouro como uma forma de proteger o seu património. Como é um recurso limitado e a oferta não pode ser aumentada facilmente, muitos acreditam que o seu valor tende a subir nesses períodos. O ouro pode ter um papel importante na diversificação de uma carteira de investimentos. Ao adicionar ouro, os investidores podem reduzir o risco global de uma carteira. Nos últimos dez anos, valorizou, em média, 3,7% ao ano.
- O ouro não gera dividendos nem juros, como os investimentos financeiros. Embora tenha uma longa história de valorização, o seu preço é volátil e está sujeito a flutuações bruscas e longas travessias do deserto, mesmo no longo prazo. Ao contrário da perceção, o ouro não é uma aposta garantida e pode gerar prejuízos. Além disso, a venda de ouro físico pode ser complicada e demorada. Investir em ouro físico implica custos adicionais, como armazenamento (cofre) e/ou seguro contra roubo. Tem ainda de suportar elevados spreads na compra e venda aos intermediários. Se, por exemplo, vender no mesmo dia da compra pode perder 10% (ou mais), embora a cotação internacional seja a mesma, devido às comissões implícitas de quem negoceia ouro nos preços face ao valor de mercado.
Ações
- As ações têm o potencial de gerar retornos significativos ao longo do tempo, especialmente se selecionar as empresas com melhores perspetivas e as adquirir a preços razoáveis. Em comparação com outros investimentos, as ações oferecem a oportunidade de participar mais diretamente do crescimento económico. Historicamente, essa característica tem permitido às ações gerar rendimentos acima da inflação e de outras aplicações financeiras. Além disso, se fizer uma boa seleção das empresas para a carteira pode almejar um rendimento superior à média do mercado global que, nos últimos dez anos, foi de 11% ao ano.
- Negociar ações requer alguns conhecimentos do mercado e um acompanhamento contínuo das empresas. Em comparação com os fundos/ETF, a escolha, compra e venda de ações é mais complexa e exige mais tempo e esforço por parte do investidor. Além de implicarem um longo horizonte de tempo (é recomendável um mínimo de cinco anos), tem de ter capital necessário para compor uma carteira diversificada. Ou seja, precisa de investir em pelo menos 10 ações diferentes de países/setores, pelo que terá de dispor de mais de 10 000 euros para diluir os custos de transação.
Imobiliário
- O investimento direto em imóveis é considerado uma opção relativamente segura, pois os imóveis têm uma longa história de valorização ao longo do tempo. Mesmo durante períodos de incerteza económica, o seu valor tende a ser menos volátil do que a maioria dos investimentos financeiros. Por um lado, pode gerar rendimentos periódicos através do arrendamento (rendas). Por outro, há um potencial de valorização ao longo do tempo, o que permite aos investidores encaixarem mais-valias numa venda futura. Os imóveis permitem uma boa diversificação de uma carteira assente em produtos financeiros, pois o desempenho do mercado imobiliário não está demasiado correlacionado com a evolução das bolsas, por exemplo.
- Os imóveis são menos líquidos do que os investimentos financeiros. Vender uma propriedade imobiliária pode levar tempo e pode ser necessário baixar o preço para atrair compradores. Além disso, em períodos de recessão, o mercado imobiliário pode sofrer uma desaceleração, dificultando a venda. Investir em imóveis requer um investimento substancial, incluindo impostos (IMT, IMI) e gastos como a manutenção contínua da propriedade. Além disso, a menos que tenha colossais recursos, não conseguirá ter uma “carteira” de imóveis para diversificar o risco inerente a cada um. No caso do arrendamento, também precisa de lidar com inquilinos, condomínios, entre outros, o que pode ser trabalhoso e consumir tempo. Embora o mercado imobiliário nacional tenha registado uma tendência de valorização, não há garantia de que todos os imóveis se valorizarão. Além de fatores económicos gerais (taxas de juro, desemprego, recessão), há condições locais e, em algumas áreas, o mercado pode estagnar ou até mesmo declinar.
Fundos de investimento
- Um fundo investe em centenas ou mesmo milhares de ações, obrigações, depósitos e outros fundos garantindo uma elevada diversificação. Esta última reduz as flutuações de preços de um único ativo, proporcionando um potencial de retorno mais estável. Os fundos de investimento são geridos por profissionais, o que é ideal para todos os investidores que não possuem tempo, conhecimento ou experiência para gerir a sua própria carteira de investimentos. Têm ainda a vantagem de estarem acessíveis a partir de apenas algumas dezenas ou poucas centenas de euros. Esses pequenos montantes não permitiriam um adequado investimento direto em bolsa. Os fundos oferecem acesso a uma ampla variedade de mercados, incluindo oportunidades de difícil acesso através de investimento direto. Dão mais flexibilidade na construção de uma carteira e na exploração de mais oportunidades. Se selecionar bem os fundos e investir numa ótica de longo prazo (controlo do risco), pode esperar um rendimento atrativo e superior ao oferecido pelas aplicações financeiras de capital garantido. Nos últimos dez anos, o rendimento médio anual do mercado global de ações foi de 11 por cento.
- Não garantem rendimento nem o reembolso do capital. Não há um controlo direto sobre o investimento. Pode escolher o mercado ao selecionar o fundo, mas caberá à gestora escolher os títulos concretos. Uma gestão ativa, por exemplo, da sua própria carteira de ações poderá propiciar um rendimento mais atrativo. Os custos de gestão anual (retirados do património do fundo) tendem a ser elevados, nomeadamente quando comparados com os praticados nos ETF, um produto muito idêntico aos fundos.
ETF
- Tal como os fundos, os ETF permitem uma diversificação instantânea. Ao investir num grupo amplo de ativos (ações de diferentes setores, obrigações ou commodities), os ETF reduzem o risco de concentração em um único ativo ou empresa. A diversificação mitiga as flutuações de preços de um único título, proporcionando um potencial de retorno mais estável. Os ETF oferecem acesso a uma ampla variedade de mercados, incluindo oportunidades de difícil acesso através de investimento direto em bolsa. Isso proporciona maior flexibilidade na construção de uma carteira diversificada e na exploração de diferentes segmentos do mercado. Sendo negociados em bolsa, a cotação dos ETF é atualizada em permanência. Ao estarem cotados, os investidores podem ajustar as suas posições rápida e eficientemente. As comissões anuais de gestão (TER) são, por norma, muito mais reduzidas do que as praticadas pelos fundos de investimento. Essas diferenças podem ter um considerável impacto no rendimento gerado para o investidor ao final de muitos anos. Se selecionar bem os ETF e investir numa ótica de longo prazo (controlo do risco), pode esperar um rendimento atrativo e superior ao oferecido pelas aplicações financeiras de capital garantido.
- Não garantem rendimento nem o reembolso do capital. Tal como nos fundos, não controla diretamente as escolhas do ETF. As carteiras dos ETF limitam-se a reproduzir a composição de um índice (estratégia passiva). Nos fundos, onde a escolha dos ativos é mais criteriosa (estratégia ativa), os resultados podem ser melhores. O debate em torno do mérito de cada uma destas duas abordagens ainda prossegue. A negociação em permanência dos ETF em bolsa pode levar os investidores a serem tentados a comprar ou vender os ETF com grande frequência, para tentar ganhar com oscilações de curto prazo dos mercados. É uma estratégia arriscada, onerosa (custos de corretagem) e, por regra, contraproducente em termos de resultados.
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