Em 1995, Portugal fazia os preparativos para entrar na União Económica e Monetária. O Conselho Europeu de Madrid havia decidido que a nova moeda única europeia se iria designar "euro". Nas instituições financeiras não havia ainda banca online, e o serviço de homebanking era apenas por telefone.
A oferta de produtos financeiros era limitada e pouco diversificada, mas o processo de privatização de empresas públicas atraía mais investidores à Bolsa de Lisboa. Foi neste contexto que surgiu a Poupança Quinze, o boletim financeiro quinzenal da DECO PROteste e, posteriormente, a Poupança Acções.
Nova cara, a mesma seriedade
Passaram três décadas e, com o tempo, as publicações evoluíram: a edição mensal chama se agora Carteira DECO PROteste Investe e versa sobre produtos de poupança; o boletim quinzenal passou a semanal, dedicando se aos mercados de ações e fundos de investimento. Uma especialização que visa dar resposta aos diferentes perfis de consumidores, com informação permanente e atualizada.
Há 30 anos ao serviço do consumidor, a DECO PROteste Investe teve um papel pioneiro na literacia financeira em Portugal. Muito antes de a expressão entrar no discurso político, já a organização insistia em esclarecer conceitos básicos junto dos consumidores, como capitalização de juros ou spread associados a créditos.
Análises de mercado e recomendações de produtos fazem parte do ADN da DECO PROteste. As nossas Escolhas Acertadas são baseadas em critérios claros e objetivos, e resultam da comparação de produtos através de uma metodologia rigorosa aplicada a cada categoria de ativos.
A colaboração com entidades supervisoras tem ajudado a mudar as regras de muitos produtos financeiros. Este é, porém, um desígnio nem sempre fácil. João Sousa, coordenador da DECO PROteste Investe, recorda, por exemplo, que "em meados da década de 90 havia uma enorme dificuldade em comparar os vários seguros PPR devido à disparidade de critérios utilizados na forma como se imputavam os custos, o que se traduzia numa grande opacidade do mercado dos seguros de poupança reforma.
Até hoje, essa batalha de transparência não foi ganha!" Ainda assim, a DECO PROteste Investe conseguiu que fosse eliminada a comissão de transferência entre PPR de capital não garantido e reduzida para 0,5% a comissão nos restantes. Falta ainda eliminar esta disparidade que não tem razão de ser.
Continuamos, por isso, a não descansar sobre os louros das ações de lobby que já encetámos, para promover alterações legislativas que conduzam a uma maior competitividade e qualidade no mercado de produtos financeiros, favorecendo os investidores. A cereja em cima do bolo são as várias parcerias estabelecidas, para proporcionar condições mais vantajosas aos subscritores.
Análise independente e rigorosa
Atualmente, os desafios continuam a ser incrementar a literacia financeira, ajudar os investidores a optar pelos melhores produtos e alertar os consumidores e, em particular, as gerações mais jovens para os perigos do discurso dos ganhos fáceis e rápidos, apregoados pelos finfluencers nas redes sociais.
Como dizia Benjamin Graham, mentor de Warren Buffett, "o investidor inteligente é paciente, disciplinado e ávido por aprender. Não se deixa levar por promessas de enriquecimento rápido".
O trabalho da PROteste Investe não tem nada de holístico, pois é desenvolvido por um conjunto de analistas financeiros, especializados em diferentes produtos financeiros, devidamente registados na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, como pode comprovar no site desta entidade reguladora.
Ao estar integrada no grupo Euroconsumers, que agrega as organizações de consumidores de Portugal, Bélgica, Itália, Espanha e Brasil, a DECO PROteste Investe beneficia, também, do trabalho de analistas financeiros internacionais, que, frequentemente produzem estudos e inquéritos mais alargados.
Na equipa da DECO PROteste Investe há 26 anos, Jorge Duarte, economista e analista de fundos de investimento e macroeconomia, reflete sobre as últimas décadas: "As memórias mais vívidas dizem respeito a acontecimentos que não passaram despercebidos a ninguém. É o caso dos atentados do 11 de setembro, a crise financeira espoletada com o colapso do Lehman Brothers em 2008, o resgate da Troika a Portugal em 2011 e a pandemia em 2020.
Nestas alturas, o pânico toma conta dos mercados. Não é fácil manter a cabeça fria quando o cenário é sombrio, mas é crucial passar a mensagem correta para os nossos leitores. Agora, em retrospetiva, vê se que esses acontecimentos impactaram a vida de milhões de pessoas e ainda influenciam o mundo e o país onde vivemos." Mas, acrescenta, "do ponto de vista das bolsas, foram apenas sobressaltos. O investidor deve seguir o famigerado conselho da DECO PROteste Investe: investir a longo prazo!"
As três carteiras PROteste Investe, com três níveis de risco, que replicam os conselhos dos especialistas, são uma boa forma de qualquer pessoa ter acesso a um investimento diversificado de longo prazo, mesmo sem perceber de mercados financeiros.
Muito antes de entrar para a faculdade de Economia, o analista financeiro Rui Ribeiro já tinha o "bichinho" dos mercados financeiros: "Conhecia a DECO PROteste Investe e o meu desejo de trabalhar na organização concretizou se no final do ano 2000."
O que mais recorda foram as conquistas conseguidas para os investidores, como a melhoria do governo societário das empresas através das ações de lobby, a redução dos custos de transação em bolsa e a simplificação do investimento em ações através de protocolos celebrados.
"Acompanhamos diariamente cerca de 150 empresas e criámos uma carteira de ações para ajudar os consumidores a investir. Não sendo possível prever o futuro com exatidão, o balanço global dos nossos conselhos é muito positivo. Certamente que ajudámos muitos investidores a ganhar dinheiro com ações e a evitar que fossem enredados em processos tenebrosos, como os das falências de alguns bancos nacionais".
António Ribeiro, economista e especialista em produtos de poupança, na equipa há 25 anos, salienta as muitas lutas (umas longas) pela conquista de melhores condições para o consumidor. Destaca a deficiente supervisão dos planos mutualistas, ainda em fase de transição.
A campanha Ganhe Mais no PPR (www.ganhemaisnoppr. pt), um comparador com mais de 300 PPR desenvolvido pela DECO PROteste e que promove a transferência de PPR, tem sido, na sua opinião, fundamental para combater a inércia de quem poupa para a reforma.
Insiste que as gerações atualmente em idade ativa precisam de acautelar o seu futuro. E chama a atenção para as estimativas da Comissão Europeia que apontam para cortes significativos nas pensões de reforma nas próximas décadas: "É necessário planear cada vez mais cedo a reforma de forma voluntária e em produtos potencialmente mais rentáveis, com forte componente de ações. Mas os portugueses são muito conservadores e apostam maioritariamente em PPR sob a forma de seguro, que, além de pouco rentáveis, são também os menos transparentes."
Outro alerta de António Ribeiro é a importância de ter presente o impacto da inflação no momento de investir as poupanças: "A inflação é o maior devorador das poupanças – e, ao contrário das comissões, é invisível. A maior parte dos portugueses ignoram este fator corrosivo na escolha das suas aplicações de capital garantido, como depósitos. Daí o comentário habitual dos cidadãos: o dinheiro vale cada vez menos… E vale!"
O economista recorda que, no início do novo milénio, os bancos tinham permissão para usar todo o tipo de designações nos depósitos, utilizando números que nada tinham que ver com o rendimento da conta. "Fizemos um estudo comparativo e um pedido de regulação. Meses mais tarde, o Banco de Portugal proibiu os bancos de utilizar um número que não correspondesse ao rendimento do produto."
Este foi um dos seus primeiros trabalhos de lobby. Mais recentemente, a DECO PROteste Investe lutou pela inclusão da literacia financeira no ensino obrigatório, apelando às empresas que apostem na formação dos seus colaboradores. "Na edição de abril de 2024, compilámos 10 reivindicações, que entregámos ao Governo que acabara de tomar posse, no sentido de fomentar a poupança. São muitas lutas e levam o seu tempo, mas as entidades supervisoras e os legisladores estão atentos."
Tiago Martins é o membro mais novo da equipa. Economista de formação, dedica se, sobretudo, às corretoras, aos criptoativos e às fraudes, que proliferam.
O analista financeiro destaca o trabalho de consciencialização dos consumidores no que respeita a fraudes que envolvem criptomoedas: "Não há dados oficiais e mesmo que houvesse pecariam sempre por defeito. Muitas vítimas acabam por não denunciar, mas estima se que todos os anos os consumidores percam dezenas de milhões de euros com este tipo de burla. Temos alertado para esta realidade, não só através de artigos nas nossas publicações, mas também nos meios de comunicação social."
A equipa da DECO PROteste Investe é vasta e não se resume aos analistas financeiros. Há também designers, produtores, jornalistas e outros profissionais empenhados em continuar a missão de incrementar a literacia financeira dos portugueses e dar os melhores conselhos de investimento. Obrigado por nos acompanhar.
O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROteste, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições.