Para 2026, não estimamos que haja uma recuperação da procura ou uma quebra da oferta, fatores que permitiriam uma retoma sustentada da cotação do petróleo. Salvo um acidente geopolítico, o setor não deverá beneficiar de uma subida acentuada em 2026, ainda que a maior parte da descida em bolsa já deva ter ocorrido.
O setor da energia representa apenas 3,4% do índice mundial de ações, MSCI World. A sua evolução tem, assim, um impacto reduzido na bolsa. Por fim, se o petróleo barato é uma má notícia para o setor em bolsa, é bastante favorável para a carteira dos consumidores.
Cenário de abundância de oferta mantém o Brent baixo
Mantemos uma visão negativa para os preços do petróleo em 2026, salvo se a OPEP reduzir acentuadamente a produção nos próximos meses. Atualmente, esse cenário é pouco provável.
A Agência Internacional de Energia estima uma média em torno de 55 dólares para o Brent em 2026, com uma ligeira recuperação no final do ano. O cenário de abundância da oferta permanece o mais provável, com um barril de Brent abaixo de 60 dólares.
Há, como sempre, fatores geopolíticos importantes em países exportadores, como a Venezuela, Irão e Rússia. Contudo, até poderá haver mais petróleo nos mercados caso se chega à paz na Ucrânia,
Impacto das capacidades de produção em 2026
Grandes capacidades de produção, lançadas nos últimos anos, entrarão em funcionamento em 2026, como na Guiana e no Brasil
Isto num momento em que a procura mundial de petróleo dá sinais de abrandamento, nomeadamente na China. Neste país, o desenvolvimento dos veículos elétricos limita o consumo de gasolina.
Estimamos, assim, uma descida dos lucros nas atividades petrolíferas. Porém será parcialmente compensada pelos aumentos da produção, bons resultados na refinação no início de 2026 e pela subida dos lucros no gás. Este último é cada vez mais utilizado para a produção de energia destinada aos centros de dados que alimentam a IA.
Efeito do petróleo barato no poder de compra
A descida esperada dos preços do petróleo constitui uma boa notícia para as economias de ambos os lados do Atlântico.
O fenómeno funciona como uma espécie de corte de um “imposto energético”, suporta o poder de compra das famílias e, em menor grau, as margens das empresas, sobretudo das mais intensivas no consumo de energia.
Diferenças entre Estados Unidos e Europa
- Nos Estados Unidos, a descida dos preços dos combustíveis impulsiona diretamente o poder de compra aos consumidores, para quem os gastos neste segmento representam uma parcela importante do orçamento.
A redução da fatura energética traduzir-se-á diretamente numa taxa de inflação mais baixa, dando margem para a Reserva Federal prosseguir as reduções das taxas de juro diretoras.
O financiamento mais barato apoiará, por sua vez, o consumo das famílias (automóvel, imobiliário, bens duradouros) e, em última análise, o crescimento económico norte-americano.
- Na Europa, o efeito é menos evidente. Os combustíveis são muito mais taxados do que nos Estados Unidos, pelo que a componente do petróleo no total do preço pago na bomba é menor.
Uma determinada descida do barril traduz-se numa diminuição proporcionalmente mais limitada do preço final, reduzindo o impacto positivo no poder de compra e na inflação.
Conselhos: ações, fundos, ETF e ETC
- O setor petrolífero é caracterizado pelo pagamento de bons dividendos, mas há atualmente oportunidades de compra de algumas destas empresas? Consulte as nossas recomendações para as ações do setor energético.
- Existem inúmeros fundos de investimento e ETF dedicados ao setor energético mundial. Se tem em carteira algum dos produtos mais bem avaliados e este não tem um peso elevado na sua carteira, pode manter. Caso contrário, venda e reinvista em setores mais promissores.
- Existem igualmente ETC (produtos idênticos aos ETF) cuja valorização está diretamente ligada à cotação do barril do petróleo. São adequados sobretudo para perfis mais especuladores. No entanto, dadas as fracas perspetivas para a cotação do crude não se apresentam como uma aposta especulativa interessante.
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