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Petróleo em queda: impacto na economia e na carteira

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O setor do petróleo não deverá beneficiar de uma subida acentuada em 2026

Publicado em: 18 dezembro 2025
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Autor:  Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers

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O setor do petróleo não deverá beneficiar de uma subida acentuada em 2026

O barril de Brent cai mais de 20% em 2025 e os preços devem manter-se baixos em 2026. Uma tendência que afeta consumidores e investidores. 
Ouro, prata, cobre, platina… um vasto cabaz de matérias-primas termina 2025 em níveis recorde ou muito próximos dessa marca. A grande exceção é o petróleo, cujo preço do barril de Brent está a recuar 21,1% desde o início do ano e negoceia agora em torno de 60 dólares. 

Para 2026, não estimamos que haja uma recuperação da procura ou uma quebra da oferta, fatores que permitiriam uma retoma sustentada da cotação do petróleo. Salvo um acidente geopolítico, o setor não deverá beneficiar de uma subida acentuada em 2026, ainda que a maior parte da descida em bolsa já deva ter ocorrido. 

O setor da energia representa apenas 3,4% do índice mundial de ações, MSCI World. A sua evolução tem, assim, um impacto reduzido na bolsa. Por fim, se o petróleo barato é uma má notícia para o setor em bolsa, é bastante favorável para a carteira dos consumidores.

Cenário de abundância de oferta mantém o Brent baixo 

Mantemos uma visão negativa para os preços do petróleo em 2026, salvo se a OPEP reduzir acentuadamente a produção nos próximos meses. Atualmente, esse cenário é pouco provável. 

A Agência Internacional de Energia estima uma média em torno de 55 dólares para o Brent em 2026, com uma ligeira recuperação no final do ano. O cenário de abundância da oferta permanece o mais provável, com um barril de Brent abaixo de 60 dólares. 

Há, como sempre, fatores geopolíticos importantes em países exportadores, como a Venezuela, Irão e Rússia. Contudo, até poderá haver mais petróleo nos mercados caso se chega à paz na Ucrânia,

Impacto das capacidades de produção em 2026 

Grandes capacidades de produção, lançadas nos últimos anos, entrarão em funcionamento em 2026, como na Guiana e no Brasil 

Isto num momento em que a procura mundial de petróleo dá sinais de abrandamento, nomeadamente na China. Neste país, o desenvolvimento dos veículos elétricos limita o consumo de gasolina. 

Estimamos, assim, uma descida dos lucros nas atividades petrolíferas. Porém será parcialmente compensada pelos aumentos da produção, bons resultados na refinação no início de 2026 e pela subida dos lucros no gás. Este último é cada vez mais utilizado para a produção de energia destinada aos centros de dados que alimentam a IA.

Efeito do petróleo barato no poder de compra 

A descida esperada dos preços do petróleo constitui uma boa notícia para as economias de ambos os lados do Atlântico. 

O fenómeno funciona como uma espécie de corte de um “imposto energético”, suporta o poder de compra das famílias e, em menor grau, as margens das empresas, sobretudo das mais intensivas no consumo de energia.

Diferenças entre Estados Unidos e Europa 

- Nos Estados Unidos, a descida dos preços dos combustíveis impulsiona diretamente o poder de compra aos consumidores, para quem os gastos neste segmento representam uma parcela importante do orçamento. 

A redução da fatura energética traduzir-se-á diretamente numa taxa de inflação mais baixa, dando margem para a Reserva Federal prosseguir as reduções das taxas de juro diretoras. 

O financiamento mais barato apoiará, por sua vez, o consumo das famílias (automóvel, imobiliário, bens duradouros) e, em última análise, o crescimento económico norte-americano. 

- Na Europa, o efeito é menos evidente. Os combustíveis são muito mais taxados do que nos Estados Unidos, pelo que a componente do petróleo no total do preço pago na bomba é menor. 

Uma determinada descida do barril traduz-se numa diminuição proporcionalmente mais limitada do preço final, reduzindo o impacto positivo no poder de compra e na inflação.

Conselhos: ações, fundos, ETF e ETC 

- O setor petrolífero é caracterizado pelo pagamento de bons dividendos, mas há atualmente oportunidades de compra de algumas destas empresas? Consulte as nossas recomendações para as ações do setor energético

- Existem inúmeros fundos de investimento e ETF dedicados ao setor energético mundial. Se tem em carteira algum dos produtos mais bem avaliados e este não tem um peso elevado na sua carteira, pode manter. Caso contrário, venda e reinvista em setores mais promissores

- Existem igualmente ETC (produtos idênticos aos ETF) cuja valorização está diretamente ligada à cotação do barril do petróleo. São adequados sobretudo para perfis mais especuladores. No entanto, dadas as fracas perspetivas para a cotação do crude não se apresentam como uma aposta especulativa interessante.

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