O que é o rating?
O rating corresponde a uma classificação de risco atribuída por agências de notação financeira, como a Moody’s, a Standard & Poor’s ou a Fitch, que avaliam a capacidade de um Estado, de uma instituição financeira ou de uma empresa cumprir integralmente as suas obrigações financeiras, designadamente o pagamento de dívida e de juros nos prazos estabelecidos.
Funciona como uma espécie de selo de confiança atribuído ao emitente e é expresso através de uma escala de notas que vai desde os níveis mais elevados de segurança, como o “AAA”, até ao nível mais baixo, associado a incumprimento, identificado pela letra “D”, que origina da palavra de default.
Quanto mais elevada for a classificação, menor é o risco percecionado pelos investidores e mais fácil e barato se torna para o emitente financiar-se nos mercados. Pelo contrário, uma notação baixa traduz um risco maior e implica que os investidores exijam taxas de juro mais altas para emprestar capital.
Existem diferentes tipos de rating: o soberano, que avalia países e a respetiva dívida pública; o corporativo, que se aplica a empresas; e ainda o rating de instrumentos financeiros, que analisa obrigações ou outros títulos específicos.
No fundo, trata-se de um mecanismo essencial para orientar as decisões de investimento, influenciando diretamente o custo de financiamento e a perceção de credibilidade de quem recorre ao mercado para captar recursos.
Esta subida de rating traz vantagens para as obrigações do tesouro (OT) portuguesas, na medida em que reduz os custos de financiamento, cria uma maior procura pelas OT, e aumenta a liquidez e competitividade. Também cria um efeito positivo para a economia em geral reforçando a credibilidade internacional, sustentada com maior resiliência a choques externos.
Portugal conquista nova melhoria na sua avaliação financeira
A agência de notação financeira Fitch anunciou a subida do rating da República Portuguesa em um nível, de “A-” para “A”, mantendo a perspetiva estável. Esta é já a segunda melhoria da classificação em menos de duas semanas: no final de agosto, a Standard & Poor’s (S&P) tinha também revisto em alta a avaliação da dívida soberana, passando-a de “A” para “A+”.
Trata-se de uma evolução relevante, não apenas por reforçar a confiança internacional na economia portuguesa, mas também por ter um impacto direto nos custos de financiamento do Estado, pois quanto melhor a notação financeira, menores tendem a ser os juros pagos pelo país quando emite dívida.
Porque é que a Fitch melhorou a classificação?
Na fundamentação da decisão, a Fitch sublinha três aspetos centrais:
- Redução continuada da dívida pública, que coloca Portugal entre os países que mais conseguiram baixar o peso da dívida no PIB nos últimos anos.
- Equilíbrio orçamental, com uma gestão prudente das contas públicas, mesmo num contexto internacional de maior incerteza.
- Crescimento económico robusto, superior ao registado pela média da Zona Euro.
Perspetivas económicas positivas
A Fitch acompanha as projeções do Governo português, ao antecipar que o crescimento da economia se manterá acima da média da Zona Euro em 2026 e 2027. Também a redução do endividamento externo é vista como sinal positivo, reforçando a resiliência do país a choques externos.
Este enquadramento coloca Portugal numa posição mais competitiva junto dos investidores estrangeiros, ao transmitir uma imagem de estabilidade e de responsabilidade fiscal.
Impacto para os portugueses
Embora estes anúncios sejam técnicos, o impacto sente-se de forma prática. Com um rating mais elevado:
- O Estado paga menos em juros quando emite dívida;
- Há maior confiança dos mercados financeiros no país;
- E cria-se um ambiente mais favorável para famílias e empresas no acesso a crédito.
Em termos concretos, quanto mais confiança o país gera junto dos credores internacionais, menor o risco associado ao investimento em Portugal, o que pode refletir-se em condições financeiras mais acessíveis.
Evolução do rating de Portugal
A evolução do rating de Portugal desde 2013 segundo a Fitch levou a sua notação de crédito de BB+ (considerado lixo) para A+ (considerado de qualidade média superior). Com esta subida de rating, Portugal conseguiu elevar a sua notação de crédito em seis níveis, situando-se agora apenas um nível de rating abaixo de entrar nos ratings de qualidade elevada.
A agência nota ainda que Portugal apresenta um melhor desempenho orçamental do que os seus pares com rating semelhante. Enquanto a média dos países classificados com “A” regista um défice de cerca de 2,9 %, Portugal deverá alcançar um excedente de 0,3% em 2025 de acordo com o site oficial do governo.
FITCH | MOODYS | S&P | Categoria |
---|---|---|---|
AAA | Aaa | AAA | Primeira qualidade |
AA+ | Aa1 | AA+ | Qualidade elevada |
AA | Aa2 | AA | Qualidade elevada |
AA- | Aa3 | AA- | Qualidade elevada |
A+ | A1 | A+ | Qualidade média superior |
A | A2 | A | Qualidade média superior |
A- | A3 | A- | Qualidade média superior |
BBB+ | Baa1 | BBB+ | Qualidade média inferior |
BBB | Baa2 | BBB | Qualidade média inferior |
BBB- | Baa3 | BBB- | Qualidade média inferior |
BB+ | Ba1 | BB+ | Grau não investimento - especulativo |
BB | Ba2 | BB- | Grau não investimento - especulativo |
BB- | Ba3 | BB- | Grau não investimento - especulativo |
B+ | B1 | B+ | Altamente especulativo |
B | B2 | B | Altamente especulativo |
B- | B3 | B- | Altamente especulativo |
CCC | Caa1 | CCC+ | Risco substancial |
CCC | Caa2 | CCC | Extremamente especulativo |
CCC | Caa3 | CCC- | Incumprimento iminente |
CCC | Ca | CC | Incumprimento iminente |
CC | C | C | Incumprimento iminente |
D | / | D | Em incumprimento |
O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROteste, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições.