Artigo Comprar casa

Casas: preços e rendas em alta

Publicado em:  16 janeiro 2024
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Em média, os imóveis apresentaram uma valorização de 8% em 2023. Nas rendas, o aumento médio na nossa amostra atingiu os 21%.

O mercado imobiliário tem estado menos dinâmico. De acordo com o INE, os valores medianos da avaliação bancária caíram em outubro e novembro. Em termos homólogos, aumentaram apenas 5,6 %, em novembro face ao mesmo mês de 2022. Recorde-se que, ao longo de 2022, as taxas de crescimento desta variável andaram em torno de 13% anuais. Ao mesmo tempo, o número de transações caiu a pique.

No terceiro trimestre de 2023, o recuo atingiu 19%, confirmando uma tendência que se tinha iniciado na reta final de 2022. Porém, estes fatores estão a ter um impacto reduzido nos preços das habitações.

Há, sem dúvida, um abrandamento, mas segundo o INE, os preços das habitações existentes subiram 8% no terceiro trimestre de 2023 face ao ano anterior. Um número confirmado pela recolha de dados da DECO PROteste Investe e que aponta igualmente para uma valorização de 8% em 2023.

Resiliência

Uma das consequências da subida das taxas de juro seria a venda das casas pelas famílias que deixam de conseguir cumprir os contratos do crédito à habitação. Esta entrada de mais imóveis usados no mercado faria baixar os preços, mas esse fenómeno não parece ter atingido o mercado. De facto, é difícil distinguir entre os vários fatores em jogo, mas alguns apoios, incluindo a renegociação dos créditos, as poupanças acumuladas durante a pandemia e o reduzido desemprego poderão ter atenuado significativamente os incumprimentos e as vendas forçadas.

Houve uma diminuição do ritmo de subida dos preços das habitações usadas, mas estes continuaram a crescer apesar desse fenómeno e da subida das taxas de juro. A menos que ocorra uma grave crise económica em Portugal, é muito improvável que se assista a uma queda sustentada do preço das habitações. Porém, também é menos expectável que se volte às valorizações anuais acima de 10% como se verificaram desde 2017 e até finais de 2022.

T2 em alta

Vejamos o exemplo da tipologia T2, a mais representada nos dados de mercado. O valor médio por m2 foi 2946 euros no último trimestre de 2023, um aumento de 8,1% face ao valor observado no final de 2022. Nas rendas anunciadas alcançou-se uma média de 12 euros por m2, mais 21% do que há um ano.

No quadro seguinte, pode ver como evoluíram os valores para 13 dos concelhos acompanhados. O aumento das novas rendas é, quase sempre, muito mais acentuado do que a valorização do preço dos imóveis. E a tendência de alta é transversal. Das 124 freguesias com dados para T2 no final de 2022 e 2023, em apenas 6 ocorreram diminuições nos preços de venda. Por seu turno, as rendas só diminuíram em 2 freguesias.

2023: EVOLUÇÃO NA TIPOLOGIA T2
Concelho Valorização média dos imóveis/m2 Aumento médio das rendas/m2
Almada 12,9% 23,1%
Amadora 9,8% 15,5%
Barreiro 8,2% 0,0%
Braga 18,5% 26,8%
Cascais 4,7% 13,5%
Coimbra 15,5% 13,7%
Lisboa 5,4% 16,0%
Loures 3,9% 12,7%
Odivelas 8,0% 20,7%
Oeiras 5,0% 25,4%
Porto 7,2% 19,9%
Sintra 6,0% 21,2%
VN de Gaia 6,4% 26,5%
Fonte: Casafari; Seleção dos 34 concelhos acompanhados pela DECO PROteste Investe.

Renda elevada é um bom negócio?

O modelo de avaliação da DECO PROteste Investe assenta na rentabilidade gerada pelo arrendamento, ou seja, comparando os preços a que os imóveis são colocados no mercado e o valor expectável das rendas. Logo, uma renda elevada em termos absolutos pode ser escassa para compensar o investimento num imóvel. Pelo mesmo raciocínio, uma renda baixa pode propiciar um bom rendimento se o preço que investir no imóvel não for exagerado.

Naturalmente, cada imóvel acaba por ter características distintas e o seu valor pode não seguir necessariamente a tendência geral, mas a ferramenta Comprar Casa permite-lhe munir-se com mais informações para tomar as decisões mais acertadas. Assim, além das nossas avaliações, encontra o designado “preço justo”. Trata-se do valor até ao qual será interessante adquirir um imóvel numa dada freguesia e tipologia na ótica do investimento para arrendar.

OPORTUNIDADES: COMPRAR PARA ARRENDAR
Avaliação Freguesias/Tipologias Percentagem do total
 
Muito cara 129 28%
Cara 130 28%
Correta 97 21%
Barata 98 21%
Muito barata 15 3%
Fonte: DECO PROteste Investe

Medidas para a habitação

O grande problema da habitação em Portugal é para quem pretende comprar ou arrendar uma casa para viver. Para quem já possui um imóvel, a forte valorização dos últimos anos foi um fenómeno claramente favorável em termos de património, pois aumentou a sua riqueza.
Não há muitas formas de agradar a ambas as partes. Se, no global, as casas e as rendas ficarem mais baratas para que mais pessoas possam ter acesso, significa que o património dos atuais detentores terá de diminuir. Será desejável? Será possível a curto/médio prazo?
Uma queda generalizada e acentuada dos preços dos imóveis pressuporia que existisse um forte aumento da oferta. No entanto, na última década estão a ser completados, em média, 3275 fogos de habitação por trimestre. Entre 2003 e 2012, o número rondava os 14200. Ou seja, há um atraso gigantesco do lado da oferta.
Outra hipótese para haver uma forte correção dos preços é uma crise económica (como nos anos da troika), mas nesse caso seria a procura a colapsar. Um desfecho longe de ser desejável pois só agravaria o problema para quem ambiciona comprar casa.
A solução terá, muito provavelmente, de passar pela atuação direta do Estado em certos segmentos da habitação com rendas controladas, além de um reforço geral dos estímulos à oferta (facilitar a construção, trazer mais casas devolutas para o mercado, etc.) de forma a diminuir o ritmo de subida dos preços, mas não a provocar uma queda abrupta. De facto, não é desejável uma quebra do mercado imobiliário e uma grande redução da riqueza dos atuais proprietários. Esse caminho iria deprimir mais a oferta e agravar o problema no futuro pela redução dos incentivos à entrada de mais imóveis no mercado.
Existe ainda a hipótese da redução das habitações dedicadas ao Alojamento Local e de limitar as compras por não residentes. Medidas polémicas, sendo que sobretudo a primeira vai contra as expectativas legítimas de quem investiu no AL.

Perspetivas para 2024

No imediato, para 2024, há dois fatores em jogo. A oferta continua muito constrangida. Mas, do lado da procura, o alívio gradual das taxas de juro poderá dar um novo estímulo.
Embora seja difícil de quantificar estas forças, será de esperar um abrandamento do crescimento. Ou seja, é provável que as valorizações continuem, mas a um ritmo mais reduzido do que no passado recente. No entanto, deve sempre tomar precauções, nomeadamente comparar preços entre imóveis idênticos e em diferentes localizações e assim detetar maiores desvios dos preços do mercado.
O comparador da Proteste Investe “Comprar Casa” é o sítio certo onde pode consultar todos os nossos conselhos e as avaliações por tipologia e freguesia. Atualmente identificamos 113 freguesias/tipologias que podem constituir uma boa oportunidade.

Os valores de mercado dos imóveis (preços e rendas) são relativos a apartamentos existentes (usados) e têm por base a informação disponibilizada pela Casafari. A agregação é realizada por freguesia e tipologia, sendo que apresentamos apenas valores quando há uma amostra mínima de cinco imóveis e nas tipologias de T1 a T4. Atualmente, o nosso modelo abrange 151 freguesias de 34 concelhos e apresentamos 469 avaliações e recomendações.

 

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