As políticas de Trump prometem alterações significativas nas relações comerciais, económicas e financeiras a nível global.
Sem surpresa serão as (ameaças) tarifas que mais irão mexer com as bolsas, taxas de juro e taxas de câmbio porque afetam os fluxos comerciais em todo o mundo e influem nas decisões de investimento de Estados e empresas.
Há muita incerteza sobre o timing, a dimensão e os objetivos reais das tarifas, bem como das medidas retaliatórias. Praticamente todos os dias, o Presidente Trump e os seus “alvos” anunciam novidades e mudanças de rumo.
Assim, optámos por alterar vários dos mercados preferidos para as três estratégias de investimento recomendadas.
Mercados de ações: 5 saídas e 3 entradas
Entre os mercados de ações deixámos de estar expostos à Coreia do Sul e ao Japão. Trata-se de duas economias com uma forte vertente exportadora e, por isso, mais sensíveis às turbulências que se avizinham no comércio mundial.
A Coreia, além disso, ainda vive uma grave crise política, depois de uma falhada imposição do estado de emergência, por parte do Presidente sul-coreano.
Por seu turno, o Banco do Japão necessita subir as taxas de juro para conter a inflação e a depreciação do iene, mas perante os receios de tensões comerciais e o enfraquecimento da economia nipónica poderá ficar entre a espada e a parede.
A conjugação destes fatores leva-nos a deixar de recomendar fundos/ETF dedicados às bolsas de Seul e Tóquio.
– A bolsa de Toronto e os ETF de ações canadianas também deixam de estar entre as nossas preferências. Ao contrário do esperado, Trump colocou uma forte pressão sobre os vizinhos do norte.
Dado que o problema de Trump era, sobretudo, o muro com o México e a imigração, não seria de esperar uma postura tão dura com o Canadá. Como a bolsa de Toronto registou ganhos interessantes no último ano (cerca de 20%), aproveitamos a oportunidade para encaixar mais-valias e sair deste mercado.
– Deixamos igualmente a bolsa de Londres. Os fundos de ações britânicas já só estavam presentes na carteira dinâmica, mas a persistência de fracas perspetivas para o Reino Unido leva-nos a sair de Londres.
As grandes cotadas até ganharam terreno no último ano, pelo que a aposta foi positiva, mas os problemas orçamentais do novo Governo e os elevados juros da dívida britânica não constituem um bom augúrio.
– Os fundos/ETF ações helvéticas saem das nossas carteiras. Por um lado, a bolsa de Zurique mantém um cariz defensivo e favorável à diversificação da carteira. Por outro, não se vislumbram catalisadores no horizonte para uma valorização atrativa das ações suíças.
Este último fator e a redução da nossa exposição geral aos mercados de ações permitem-nos retirar os 5% que a Suíça representava nas três carteiras e optar por um mercado mais arriscado, mas cujo potencial de progressão é superior, a Polónia.
– Dada a hegemonia incontornável das empresas norte-americanas, em termos dimensão e dinamismo, aumentámos o peso dos ETF de ações dos EUA na carteira equilibrada (de 10% para 15%) e na carteira dinâmica (15% para 25%). Este ajustamento é ainda justificado pela relativa escassez de boas alternativas às bolsas americanas.
Para não se expor apenas às grandes empresas, cujo peso nos índices é excessivo, pode complementar as ações EUA com um fundo/ETF especializado em PME americanas. Destacamos os ETF SPDR MSCI USA Small Cap Value Weighted (IE00BSPLC413) e iShares MSCI USA Small Cap ESG Enhanced ETF (IE00B3VWM098) ou o fundo CT American Smaller Companies (LU1864950479).
Polónia: mercado em destaque
Entre as maiores economias europeias, mas pertencente ao grupo de países emergentes, a Polónia é um caso raro. O PIB cresceu em torno de 3% no ano passado e espera-se uma aceleração em 2025 e 2026. O principal motor é o mercado interno, particularmente dinâmico, onde a taxa de desemprego é de apenas 3%.
A atividade económica é igualmente suportada por níveis elevados de investimento (fundos da União Europeia). Ao mesmo tempo, os níveis de valorização da bolsa de Varsóvia permanecem atrativos.
O rácio cotação/lucro do índice MSCI Poland está próximo de 10 e o rendimento bruto do dividendo é de 6%. Em média, nos mercados emergentes o rácio (13) e o rendimento do dividendo (3%) são menos apelativos. Pode investir através do ETF iShares MSCI Poland UCITS (ISIN: IE00B4M7GH52).
– Os fundos de ações indianas entram para as categorias recomendadas e passam a representar 5% na carteira equilibrada e 5% na dinâmica. Apesar de ter rácios de valorização elevados, a bolsa de Bombaim beneficia do bom desempenho da economia da Índia.
O país tem conseguido afirmar-se como uma alternativa à China para inúmeras empresas que operam na Ásia e beneficia igualmente de um vasto mercado interno. Em 2024, a Índia tornou-se o país mais populoso do Mundo, tendo ultrapassado a China.
Caso prossigam as reformas económicas, a Índia ainda possui um longo potencial de crescimento por explorar. Destacamos o fundo Jupiter India Select L EUR Acc (LU0329070915) e o ETF iShares MSCI India UCITS Acc (IE00BZCQB185).
– A outra estreia são as ações da Turquia, mas apenas na carteira dinâmica (5%) dado o elevado risco que caracteriza este mercado. Desde que o Presidente Erdogan deixou de interferir na política monetária, o banco central começou a dura tarefa de controlar a inflação.
Para já, a situação evolui favoravelmente, embora haja ainda um longo caminho. Em termos económicos, a Turquia continua a beneficiar de uma posição única. Por um lado, tem acesso facilitado aos mercados europeus.
Por outro, conseguiu manter relações comerciais relativamente normais com a Rússia. Para investir neste mercado destacamos o fundo HSBC GIF Turkey Equity EC (LU0213962813) disponível no Banco BiG e Best.
Mercados de obrigações: 1 saída, 1 entrada
Entre as obrigações, retirámos as coroas norueguesas, introduzimos o segmento de títulos emitidos por empresas em euros e reforçámos o peso das obrigações soberanas dos Estados Unidos.
– Apesar dos yields das obrigações em coroas norueguesas permanecerem acima dos oferecidos pelas da zona euro, a evolução cambial da coroa tem sido pouco favorável.
De facto, a moeda da Noruega continua cronicamente subvalorizada face ao euro e como não há perspetivas de alteração na atual conjuntura, o risco (potencial) cambial não compensa. Resgate o fundo de obrigações em NOK.
– Para dar um maior potencial à componente obrigacionista reduzimos o peso da dívida soberana em euros e introduzimos os fundos/ETF dedicados aos títulos emitidos por empresas com elevado rating de crédito (investment grade).
O rendimento anual destes títulos está em torno de 3,4% contra 2,5% da dívida soberana, um spread que compensa o ligeiro acréscimo de risco. Recomendamos os ETF Amundi EUR Corporate Bond 1-5Y ESG (LU1525418643) e JPM EUR Corporate Bond 1-5yr ESG ETF (IE00BF59RW70).
Consulte todas as alterações às estratégias.
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