A vitória de Donald Trump trará, muito provavelmente, uma política económica inflacionista nos EUA (cortes de impostos, maior défice, tarifas). A confirmar-se esse cenário, a Reserva Federal terá de manter as taxas de juro diretoras em níveis elevados durante mais tempo do que o esperado até agora.
Esta expectativa já se refletiu num aumento das taxas de juro de longo prazo (mercados de obrigações) e na apreciação do dólar (que oferece maior rendimento). Em 2025, antevê-se uma manutenção dessa tendência pelo que optámos por ajustar as estratégias à nova realidade.
As mudanças seguem dois vértices: menos Japão e mais dólares. E reforçamos os fundos/ETF de obrigações em 5% em detrimento das ações que reduzimos nos mesmos 5% nas três carteiras.
Menos Japão
Com os efeitos da política de Trump, o iene japonês será uma das moedas mais afetadas. Sempre que aumenta o diferencial de taxas de juro entre os EUA e o Japão, observa-se uma saída significativa de capitais do país do Sol Nascente.
Mesmo que o iene já esteja subvalorizado, perderá ainda mais terreno. Recorde-se que a expectativa de ganhos cambiais era um fator determinante para manter as obrigações em ienes. Ao desaparecer este trunfo, deixa de haver justificação para incluir esta categoria nas estratégias: venda os fundos/ETF de obrigações em JPY.
Por outro lado, o Japão tem agora menos estabilidade política após os fracos resultados do Partido Liberal Democrata no poder. Uma fragilidade do Governo que lança dúvidas sobre o avanço de importantes reformas estruturais.
Por estas razões, reduzimos para metade a exposição à bolsa de Tóquio (10% para 5% nas três estratégias). Ainda vale a pena manter uma parte das carteiras em ações japonesas porque oferecem uma boa diversificação e negoceiam com um rácio cotação/lucros esperados de 14, um nível atrativo face à média global de 17,3.
Mais dívida em USD
Para compensar a redução dos ativos nipónicos reforçamos a exposição ao dólar dos EUA, mais concretamente através da aposta em obrigações emitidas por empresas de elevado rating. Esta opção tem várias vantagens.
Em primeiro lugar, como referimos a política projetada pela administração Trump beneficiará a valorização do dólar. Em segundo lugar, a prosperidade económica dos EUA diminui o risco de incumprimento num mercado de dívida corporate que oferece yields atrativas (5,1% ao ano contra 3,1% no mercado equivalente na zona euro).
A combinação de emitentes de qualidade, rendimentos elevados e uma moeda com potencial torna atrativas as obrigações corporate em USD, as quais passam a representar 10% da alocação em cada uma das três carteiras.
Para investir neste mercado recomendamos que combine a exposição com dois ETF. Desta forma, a maturidade média dos títulos não será muito elevada, diminuindo o impacto das variações das taxas de juro na cotação das obrigações.
· JPM USD Ultra-Short Income UCITS ETF acc (IE00BG8BCY43)
· Amundi Index US Corporate SRI UCITS ETF C (LU1806495575)
A nossa estratégia de investimentos equilibrada é agora composta por partes iguais (50%/50%) em mercados de ações e de obrigações.
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