Análise

Fundos monetários são alternativa aos depósitos?

Os fundos do mercado monetário são uma categoria  especializada em ativos com risco reduzido

Os fundos do mercado monetário são uma categoria especializada em ativos com risco reduzido

Publicado em: 19 julho 2024
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Os fundos do mercado monetário são uma categoria  especializada em ativos com risco reduzido

Os fundos do mercado monetário são uma categoria especializada em ativos com risco reduzido

Os fundos do mercado monetário renderam, nos últimos doze meses, 3,8 por cento. Será que compensa o risco?

Os fundos monetários são, por vezes, referenciados como fundos de tesouraria ou de curto prazo. Investem em ativos de reduzida duração, como obrigações com maturidades inferiores a um ano, papel comercial (dívida de muito curto prazo emitida por empresas), e até colocam dinheiro nos tradicionais depósitos a prazo.

Esta abordagem permite reduzir bastante a volatilidade (risco) do valor do fundo. De fora ficam as ações, bem como obrigações com maturidades mais longas (risco de taxa de juro). Em termos cambiais, estes fundos também se especializam numa moeda. Por exemplo, os fundos monetários euro não assumem uma exposição significativa a outras divisas, ou cobrem esses riscos quando necessário. São apenas estes que iremos focar nesta análise.

O risco está, portanto, limitado às hipóteses de incumprimento dos emitentes da dívida ou dos bancos onde se realizam os depósitos. Como os prazos dos ativos são reduzidos, o risco subsiste "poucos meses". Neste horizonte de tempo, é mais simples avaliar a capacidade de pagamento de uma entidade do que estimá-la, por exemplo, no prazo de uma década, como acontece com muitas obrigações.

Fundos seguem a Euribor

Se o risco é reduzido, o rendimento esperado vai no mesmo sentido. Em teoria, anda próximo das taxas de curto prazo, como a conhecida Euribor, para investimentos em euros.

Em resumo, significa que os fundos monetários podem ser adequados para investir por prazos curtos (até 12 meses) ou para manter o dinheiro do seu fundo de emergência. Nestas funções, concorrem diretamente com os tradicionais depósitos a prazo e Certificados de Aforro.

As taxas Euribor têm vindo a recuar, mas permanecem em níveis elevados face ao período pré-pandemia. Será que, neste cenário, os fundos monetários são uma boa opção?

Para responder, é preciso avaliar se estes fundos podem fazer melhor (rendimento, risco e liquidez) do que as alternativas concorrentes que, de momento, são sobretudo os depósitos a prazo. Já lá iremos.

Mais risco, mas mais liquidez 

Os fundos monetários, como quaisquer outros fundos, não oferecem garantias de rendimento ou de reembolso do capital investido. Em teoria, o valor dos ativos geridos flutua pouco. No entanto, pode perder dinheiro se os títulos escolhidos pelo fundo se revelarem problemáticos. Afinal, incluem instrumentos de dívida emitida por entidades privadas.

Até empresas, com elevados ratings de crédito, podem falhar. Esse risco é, no entanto, colmatado por uma diversificação obrigatória em inúmeros títulos de diferentes entidades, para evitar exposições excessivas. Há, infelizmente, exemplos de crises generalizadas, como a do subprime, em 2008-2009. Com as taxas Euribor negativas durante vários anos, os fundos também perderam valor nesse período.

Nos depósitos a prazo e nos Certificados de Aforro, os riscos são bem menores. Em primeiro lugar, contratualmente, garantem uma taxa de remuneração e o reembolso integral do dinheiro investido. Em segundo lugar, os depósitos estão cobertos pelo Fundo de Garantia de Depósitos até 100 mil euros por titular e por banco, enquanto os Certificados são garantidos pelo Estado português.

Nos fundos monetários, os rendimentos gerados pelos títulos em carteira são incorporados diariamente no valor das unidades de participação. Por isso, não há perda dos "juros acumulados", qualquer que seja o momento do resgate. Esta é uma vantagem interessante para os investidores que não têm a certeza de quando necessitarão do dinheiro. Na generalidade dos depósitos a prazo, o investidor perde juros se fizer um levantamento antecipado. O mesmo é válido para os Certificados de Aforro, sendo que nos primeiros três meses após a subscrição nem poderá reaver o dinheiro. Também há depósitos não mobilizáveis antecipadamente: esteja atento.

Desempenho no último ano 

O risco acrescido dos fundos deveria ser compensado por um rendimento mais atrativo. Comparemos os ganhos brutos (todos tributados a 28%) dos vários produtos, nos últimos 12 meses. Os fundos monetários euro proporcionaram uma rentabilidade média de 3,6 por cento. Tendo em conta a evolução da Euribor (3 meses) durante esse mesmo período, seria expectável um rendimento de 3,9 por cento. Todavia, a esmagadora maioria ficou aquém dessa fasquia. Mesmo que tome decisões de investimento adequadas, o fundo terá ainda de suportar uma comissão anual mediana (TER) de 0,4%, bem como custos com as transações dos títulos em carteira.

Apesar do resultado positivo nos últimos 12 meses para quem investiu em fundos monetários, havia melhores opções? Sim. Há um ano, o melhor depósito a 12 meses proporcionava 4 por cento. Era comum encontrar bancos a oferecer 3,5% em vários prazos até um ano. Já o rendimento dos Certificados de Aforro ficou limitado a 2,5%, com o lançamento da série F. O desempenho médio dos fundos ficou ligeiramente acima das nossas estimativas, dado que a Euribor não recuou tanto como era esperado. No entanto, a opção que recomendámos, isto é, constituir um depósito a prazo a 6 meses e renovar, propiciou, por exemplo, 3,8% (a um ano), porque, no final de 2023, havia algumas ofertas de contas que permitiam renovar o depósito a uma taxa de 4 por cento.

Neste momento, os subscritores da DECO PROteste Investe continuam a usufruir, a 6 e 12 meses, da melhor taxa bruta do mercado (4,1%), fruto do protocolo com o Banco BAI Europa. Há ainda inúmeras contas a remunerar acima de 3,5% brutos. No ano passado, aconselhámos prazos mais curtos e renovações, mas, neste momento é preferível "fixar" o juro a 12 meses.

Será que os fundos monetários poderão bater estas taxas? Assumindo que a taxa Euribor a 3 meses se mantém no próximo ano, os fundos poderão alcançar cerca de 3,7% brutos. Contudo, dada a política atual do Banco Central Europeu, tudo aponta para uma descida gradual das taxas Euribor. É certo que os juros não voltarão para valores próximo do zero ou até negativos, como aconteceu antes da pandemia, mas deverão recuar, propiciando menos rendimento para os fundos. Em conclusão, muitos depósitos superaram, e irão superar, a maioria dos fundos, sem necessidade de se expor ao risco do mercado. 

Fundos para casos especiais 

Em algumas circunstâncias, os fundos monetários podem, ainda assim, ser uma opção. Como os rendimentos são acumulados diariamente, nunca perde os juros, seja qual for o tempo decorrido entre a subscrição e o resgate.

No entanto, tenha em atenção dois aspetos. Em primeiro lugar, o dinheiro só será creditado na sua conta alguns dias úteis depois da ordem do resgate. Em segundo lugar, cuidado com os custos. A maioria dos fundos não cobra comissões de subscrição nem de resgate, mas nos ETF terá de suportar as comissões de negociação do seu banco ou corretora. Em alguns casos, isso pode "destruir" o rendimento. 

Fundos monetários

CA MONETÁRIO

 
XTRACKERS II EUR CASH SWAP ETF 1C 


AMUNDI EUR OVERNIGHT RETURN ETF ACC


BNPP EURO MONEY MARKET CLASSIC CAP

IMGA MONEY MARKET A 

 

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