Análise

Noruega: juros nos 4%

Publicado em:  17 agosto 2023
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Embora a inflação tenha diminuido na Noruega, continua elevada e acentuadamente acima do objetivo.

O Norges Bank, banco central norueguês, aumentou a taxa diretora em 0,25% de 3,75% para 4% na reunião de agosto.

Era uma decisão esperada pelos investidores. A taxa está agora no nível mais elevado desde 2008, e o banco central avisou que muito provavelmente haverá um novo aumento em setembro.

A inflação diminuiu na Noruega, mas permanece elevada e acentuadamente acima do objetivo. A taxa de inflação homóloga desceu de 6,4% em junho para 5,4% em julho.

É um cenário idêntico ao verificado no resto da Europa.

Tal como o Banco Central Europeu, o Norges Bank partiu de uma taxa de 0%, mas o atual ciclo de subidas foi iniciado em setembro de 2021, quase um ano antes do BCE proceder à sua primeira alteração.

Partindo mais tarde, o BCE está a ser mais agressivo e a taxa diretora da zona euro já está em 4,25%, ou seja, acima da praticada na Noruega.

Relativamente aos seus vizinhos, os juros de referência da Noruega estão agora ligeiramente à frente dos praticados na Suécia: 4% contra 3,75% do Riksbank sueco.

Todos estes três bancos centrais ainda não terminaram o ciclo de subidas. Em setembro haverá, quase de certeza, novos aumentos, mas depois dessa data o rumo é mais incerto.

As decisões dependerão da resiliência das várias economias e do comportamento dos preços.

Atualmente, uma das vantagens da Noruega reside no rendimento (yield) das respetivas obrigações. No prazo de 10 anos, oferecem cerca de 3,9% ao ano contra 3% da média da zona euro e 2,8% das congéneres suecas.

Este maior rendimento, aliado à subvalorização da coroa norueguesa face ao euro e o elevado rating de crédito da Noruega, tornam as estas obrigações comparativamente mais interessantes.

No entanto, a subvalorização tem sido crónica e a coroa está a perder 8,7% face ao euro só em 2023.

A política orçamental e monetária de Olso, nomeadamente a venda de coroas nos mercados cambiais para investir em ativos estrangeiros com as receitas do petróleo e gás natural, tem conduzido a este resultado.

Além disso, a “fraqueza” da moeda favorece a competitividade das empresas norueguesas e tem prejudicado pouco a inflação pelo que não se vislumbra uma alteração das políticas no horizonte.

Ainda assim, se quiser diversificar a sua carteira, diminuindo o seu risco global, os fundos dedicados à dívida denominada em coroas norueguesas podem ser uma boa opção

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