A rondar os 4,3% a 10 anos nos Estados Unidos, as taxas de juro das obrigações estão a atingir níveis que não se viam há muitos anos.
Um aumento que pode parecer surpreendente na medida em que está próximo o fim da subida das taxas diretoras.
A lei da oferta e da procura desempenhou um papel importante na subida das taxas no mercado obrigacionista.
Do lado da oferta, a emissão de dívida é abundante. Muitas economias do G7 continuam a ter défices orçamentais muito elevados.
Uma abordagem que levou a agência de notação Fitch a privar a dívida norte-americana do rating AAA. Toda a dívida tem de ser financiada e as emissões sucedem-se a um ritmo significativo.
Ao mesmo tempo, a procura diminuiu. Em primeiro lugar, a maioria dos bancos centrais está gradualmente a desfazer-se dos seus enormes stocks de dívida.
Ao mesmo tempo, a liquidez está menos disponível do que no passado e é mais cara.
A geopolítica também pesa muito: após o congelamento dos ativos detidos pela Rússia, outros clientes da dívida dos EUA estão mais reticentes.
Na China, o peso dos títulos de dívida dos EUA atingiu o nível mais baixo desde 2009.
Em suma, o Tesouro americano tem de oferecer rendimentos mais elevados para encontrar compradores.
Os mercados adaptam-se e, como a dívida dos EUA é uma pedra angular do sistema financeiro, tem repercussões em todo o globo.
Uma questão de expectativas
Os investidores também começam a pensar que, dada a persistência da inflação, é provável que as taxas diretoras permaneçam elevadas durante mais tempo.
É certo que os bancos centrais farão tudo para reduzir a inflação. Contudo, é questionável se uma meta de 2% ainda é concebível a médio e longo prazo.
A transição energética, menor dependência da China, redução das cadeias de produção e abastecimento, novas regras ESG e restrições às importações, são fatores que tornarão as economias ocidentais menos eficientes no futuro imediato e não favorecem a redução da inflação.
A dada altura, os bancos centrais terão de se questionar se do objetivo de 2% é realista e se as medidas necessárias para o atingir, incluindo danos na atividade económica e no emprego, se justificam.
Há quem fale de uma meta de inflação menos restritiva, da ordem dos 3%. Mas a mudança é difícil para a credibilidade dos bancos centrais e conduziria a taxas de juro persistentemente mais elevadas nos mercados de obrigações, o que preocupa os investidores.
Mais alternativas às ações
Uma coisa é certa: as taxas de juro oferecidas pelas obrigações soberanas americanas excedem a inflação e, por conseguinte, são positivas em termos reais.
Igualmente importante, as yields são significativamente superiores ao dividendo oferecido pelas ações americanas.
Desde o crash financeiro de 2008-2009 que a diferença não era tão grande. Muito em voga há anos, o argumento de que não há alternativa às ações já não é válido, especialmente nos Estados Unidos.
Conselho
Para diversificar a carteira e baixar o risco pode incluir fundos mais vocacionados para as obrigações soberanas cujo yield anual está agora em torno de 4,3%: iShares $ Treasury Bond 3-7yr ETF (capitalização; IE00B3VWN393) e Fidelity US Dollar Bond A USD (Distribuição; LU0048622798).
A dívida high yield destaca-se com elevados rendimentos (8,9% ao ano) e é um bom complemento para a carteira.
Dispõe, por exemplo, do ETF (capitalização) PIMCO US Short Term High Yield Corporate Bond Index (IE00BVZ6SQ11) e do ETF (distribuição) Xtrackers USD High Yield Corporate Bond (IE00BDR5HM97).
No entanto, o risco deste tipo de obrigações é mais elevado.
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