Casamento com o carro elétrico
Certamente já ouviu falar das baterias recarregáveis de iões de lítio: armazenam três ou quatro vezes a energia de uma bateria tradicional e encontra-as em telemóveis, ferramentas elétricas, drones, etc.
E também é necessário para armazenar a energia produzida pelas fontes renováveis.
Embora este metal não seja utilizado apenas na mobilidade elétrica (matéria-prima na indústria do vidro e da cerâmica, na indústria farmacêutica), o interesse pelo lítio disparou sobretudo com o boom dos veículos elétricos.
As projeções de crescimento da mobilidade fizeram com que o seu preço subisse à estratosfera e atingisse máximos históricos no início do ano passado.
No entanto, depois de um 2022 global excecional no volume de vendas de carros elétricos, a diminuição da procura destes veículos (especialmente na China, onde os subsídios foram eliminados) também resultou na queda do preço do lítio.
No mercado de metais de Xangai, a cotação do lítio caiu cerca de 50%, ou seja, de mais de 3 milhões de yuan a tonelada para perto de 1,575 milhões.
A maior parte desta queda ocorreu já em 2023.
A turbulência na venda de carros elétricos será mais ou menos temporária, dependendo da evolução da economia mundial, mas a substituição do motor de combustão interna (gasolina, diesel) pelo elétrico é uma tendência imparável.
A Europa proibiu a venda de carros com motor de combustão em 2035 e os construtores de carros elétricos, como a Tesla, estão a baixar os preços de venda.
É, portanto, uma questão de tempo até que a procura volte a aumentar. E com ela a do lítio. Claro que, de momento, a volatilidade poderá continuar.
Até porque nos 1,575 milhões de yuan a tonelada, a cotação está muito acima dos cerca de 500 mil yuan registados em 2021.
Ainda sem substituto
São várias as tecnologias que visam substituir o lítio na mobilidade elétrica sem ter para já uma alternativa viável à sua utilização (hidrogénio, baterias de sódio).
Os desenvolvimentos com maior probabilidade de sucesso a médio prazo estão mais relacionados com o estado sólido ou líquido do eletrólito da bateria ou com os diferentes ânodos e cátodos do que com a substituição do lítio como elemento-chave.
No final de 2021, a produção mundial de lítio era de apenas 540 mil toneladas. Para atender à procura, de acordo com World Economic Forum, será necessário 1,5 milhão de toneladas de lítio até 2025 e pelo menos 3 milhões até 2030.
Algo difícil de conseguir, uma vez que segundo a consultora AEGIS Hedging Solutions, a quantidade de lítio em minerais está a diminuir significativamente e a falta de novos investimentos no setor é evidente.
E o comissionamento de uma nova mina de lítio pode levar até 15 anos. Tudo significa que, em poucos anos, iremos ter uma procura crescente e uma oferta insuficiente de lítio.
Como investir em lítio?
Não existe nenhum ETF que permita investir diretamente em lítio, ao contrário de metais como o ouro e o cobre. No entanto, pode apostar indiretamente através de um ETF que investe em empresas ligadas à mineração do lítio e a atividades relacionadas.
Por exemplo, dispõe de um ETF dedicado a esta temática: Global X Lithium and Battery Tech (IE00BLCHJN13).
A entidade gestora investe o ETF em todo o “ciclo do lítio” apostando em ações de empresas extrativas, processadoras (Albemarle, Química y Minera de Chile, Tianqi Lithium) e produtoras de baterias (Samsung SDI, Panasonic) e construtores (Tesla, Byd, Rivian).
A China, que lidera nestas áreas, é o mercado mais representativo com 36%, seguido dos EUA com 22% e da Coreia do Sul e do Japão com 12% cada.
Em termos de desempenho, a cotação deste ETF colapsou 24% nos últimos seis meses e apresenta uma desvalorização de 15% nos últimos doze meses, sem dúvida arrastada pela forte queda do valor do lítio.
A longo prazo, o lítio e as baterias serão incontornáveis, mas o investimento nesta área é, como se pode concluir pelos resultados recentes do ETF, uma aposta de alto risco.
Portanto, apenas os investidores menos sensíveis ao risco deverão dedicar uma pequena parte da carteira (máximo de 5%) a este produto.
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