Análise

Economias em destaque: China, Reino Unido e Zona Euro

Publicado em:  18 fevereiro 2020
Tempo estimado de leitura: ##TIME## min.

Partilhe este artigo

A crise do coronavírus na China continua a preocupar os investidores. No mercado cambial, a crise levou à valorização das moedas de refúgio, como o dólar, o iene e o franco suíço.

Zona euro, estabilização à vista?

O fraco crescimento económico (+0,1%) no quarto trimestre de 2019, em comparação com os três meses anteriores, confirmou-se na Zona Euro. Com uma queda do PIB na França, Itália e Finlândia, bem como uma estagnação na Alemanha, o quadro económico é sombrio nos países que partilham a moeda única. No entanto, de acordo com as últimas previsões da Comissão Europeia, uma recessão é improvável.

Em 2020 e 2021, o PIB da zona euro deverá crescer 1,2%, idêntico ao registado no ano passado. No entanto, esses números pressupõem que as relações comerciais entre o Reino Unido e a União Europeia permaneçam inalteradas, o que está longe de ser uma certeza. E ignoram o impacto da epidemia do covid-19 (coronavírus), que hoje não é ainda determinada com rigor.

Os riscos negativos para o crescimento europeu são, portanto, significativos. Somos mais cautelosos que as autoridades europeias e esperamos apenas 1% de crescimento na zona do euro em 2020.

Crescimento parado no Reino Unido

O último trimestre de 2019 foi difícil para a economia do Reino Unido. Comparado aos três meses anteriores, a atividade estagnou. Essa interrupção ocorreu após um forte aumento no terceiro trimestre (+0,5%) e explica-se por dois fatores específicos. Decidido no último minuto, o adiamento do Brexit penalizou a produção industrial. Para se protegerem de eventuais interrupções de fornecimentos e evitarem pagar a funcionários para não fazerem nada, as empresas planearam encerramentos preventivos. Assim, a produção industrial caiu 1,1% em novembro, antes de avançar pouco em dezembro. A incerteza do resultado das eleições de 12 de dezembro também paralisou o país. Assim, o investimento caiu no final de 2019 e o consumo foi muito menos dinâmico que nos trimestres anteriores.

Apesar da estagnação do 4.º trimestre, o aumento do PIB para o conjunto do ano 2019 excedeu as expectativas, com um crescimento de 1,4%, contra 1,3% em 2018. O que é ainda mais inesperado porque a incerteza política perturbou a atividade económica ao longo do ano. Mas graças ao pleno emprego e ao aumento dos salários, o consumo das famílias esteve dinâmico.

O Brexit ocorreu a 31 de janeiro, mas nada mudará, na prática, entre o Reino Unido e a União Europeia até 31 de dezembro. E o aumento dos gastos públicos também sustentará a atividade económica nos próximos trimestres.

Subida de preços na China

Em janeiro, a inflação chinesa saltou para 5,4% (contra 4,5% em dezembro). Os preços ao consumidor não subiam tão rapidamente desde outubro de 2011. Essa situação é explicada pela peste suína, que causa escassez de porcos no mercado chinês. O preço da carne de porco mais que duplicou nos últimos doze meses (+116%). Com a escassez e dado que a procura se transfere para outros produtos, são todos os preços dos alimentos que disparam (+20,6%). Esta situação é um desastre para as autoridades.

Os preços crescentes dos alimentos provocam protestos sociais, já em alta com o alastrar da epidemia do covid-19 (coronavírus). A inflação alta também afetará o consumo das famílias num momento em que a economia chinesa já está a enfrentar outros ventos contrários. E a capacidade de ação das autoridades monetárias é limitada. Agora, deparam-se com uma escolha impossível, entre apoiar a atividade económica, que está em desaceleração, ou tentar conter as pressões inflacionistas.

Resta apenas a política orçamental para apoiar a atividade económica nos próximos trimestres e não há dúvida de que as autoridades de Pequim irão abrir os cordões à bolsa para manter o dinamismo da economia. Mas é uma política de curto prazo que hipoteca o crescimento futuro. Não investimos no mercado chinês.

 Resumo da Semana 07 a 14 de fevereiro 2020

 

O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROteste, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições.