China: 3 ETF para investir com cautela num mercado atrativo

A bolsa chinesa continua atrativa
A bolsa chinesa continua atrativa
Sim, mas com uma exposição reduzida. A bolsa chinesa permanece atrativa em termos de avaliação, mas o risco político, a fragilidade do mercado interno e a incerteza sobre as tarifas dos EUA impõem prudência ao investidor.
O fim do crédito fácil para os promotores fez colapsar o importante setor imobiliário e evidenciou a necessidade de mudança de um modelo económico assente no investimento. Porém, a pandemia e os confinamentos rigorosos impostos na China sem um apoio financeiro estatal, deixaram famílias e empresas em dificuldades.
Há anos que os chineses tentam repor as poupanças e evitam investir em imobiliário, prolongando a queda dos preços dos imóveis. Perante a incerteza, o consumo retrai-se e as empresas privadas mostram-se cautelosas para investir.
Há cerca de 10 anos, os EUA definiram a China como rival. Atacaram os gigantes chineses da tecnologia e impuseram restrições severas às exportações de tecnologias avançadas. O objetivo era travar a concorrência chinesa, mas a China resistiu. Em vez de recuar, Pequim investiu massivamente.
Só em 2024, gastou mais de 430 mil milhões de euros em Investigação & Desenvolvimento (+8,3% face a 2023) e detinha 4,76 milhões de patentes ativas (+16%).
A China quer “inventar” o futuro e está bem posicionada. Vários estudos mostram que a China domina a maioria dos setores estratégicos e de futuro, à frente dos EUA.
Embora ainda haja a ideia de que as importações chinesas são só de produtos baratos e de baixa qualidade, a realidade é que a China produz hoje tecnologias indispensáveis ao Ocidente. A transição energética não estaria em curso sem o Made in China (painéis solares, baterias e veículos).
A mudança promovida por Pequim já dá frutos. Apesar da turbulência no comércio mundial, as exportações chinesas resistiram bem:
- Muitos compradores americanos anteciparam as compras devido aos direitos aduaneiros impostos por Trump. As importações de tecnologia de alto valor acrescentado foram as que mais cresceram
- A estratégia chinesa de diversificação dos mercados de exportação também tem impacto. Em 2018, cerca de 20% das exportações chinesas tinham como destino os EUA. Atualmente, esse valor é inferior a 15%.
- programas como o Belt & Road Initiative abriram mercados alternativos aos produtos chineses, inacessíveis a outros.
O grande desafio da China continua a ser a recuperação do mercado interno. O crédito mais barato e os apoios estatais, nomeadamente para compra e substituição de certos equipamentos, permitiram progressos.
Novos estímulos serão lançados após se conhecer o impacto das tarifas dos EUA. A longo prazo, serão necessárias reformas estruturais para criar uma conjuntura mais favorável, sendo ainda mais urgente devido ao declínio demográfico.
Décadas de política do filho único e o desinteresse das novas gerações por famílias numerosas colocam a China numa posição difícil. Mas não há motivo de grande preocupação porque a China terá uma força de trabalho menos numerosa, mas muito mais qualificada e produtiva, capaz de sustentar a economia.
A China tem dificuldades em relançar o mercado interno e está dependente do comércio externo. Felizmente, neste domínio, é extremamente competitiva e deverá tornar-se ainda mais, à medida que os investimentos colossais em I&D produzam resultados.
Apesar de uma forte valorização nos últimos doze meses, a bolsa chinesa apresenta um rácio PER (cotação/lucro esperado) de apenas 8,7, abaixo da sua média histórica (10).
Entre as maiores capitalizações encontram-se empresas como a Tencent, Alibaba e Xiaomi. Ativas em setores distintos, todas têm uma forte componente tecnológica.
A curto prazo, o mercado acionista chinês estará sob maior tensão, aguardando o desfecho das negociações com a Casa Branca, que se preveem delicadas. Por isso, o risco é elevado e, apesar do potencial, mantemos apenas uma reduzida exposição reduzida às ações chinesas.
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