Vinci: nova ação
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
Em Portugal, a Vinci, detém a ANA e a concessão de 10 aeroportos
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
Em Portugal, a Vinci, detém a ANA e a concessão de 10 aeroportos
A Vinci é um grupo francês que opera nos setores da construção, energia e nas concessões, que está presente em mais de 120 países. Em 2024, gerou receitas de quase 72 mil milhões de euros (ME). A capitalização bolsista é superior a 71 mil ME.
• Concessões. Inclui exploração de autoestradas com portagem, aeroportos (maior operador privado aeroportuário) e, em menor escala, concessões de estádios, caminhos-de-ferro e infraestruturas públicas. Esta atividade gera receitas estáveis e previsíveis (61% do EBITDA em 2024).
• Energia. Construção e manutenção de infraestruturas elétricas, digitais e térmicas (automação industrial, eficiência energética, centros de dados, cidades inteligentes, carregamento de veículos elétricos, energias renováveis). Os clientes são entidades públicas, empresas e concessionárias de serviços públicos (20% do EBITDA em 2024).
• Construção. Projetos complexos de infraestruturas (pontes, túneis, linhas de metro e caminhos-de-ferro, autoestradas, edifícios, estruturas hidráulicas, instalações urbanas). Esta divisão serve clientes públicos e privados (16% do EBITDA).
• Imobiliário. Projetos imobiliários residenciais e comerciais, sobretudo em França: habitações, escritórios, hotéis, estabelecimentos de saúde (3% do EBITDA).
Nos últimos 5 anos, a Vinci teve um crescimento explosivo e fez várias aquisições. As compras foram, em norma, pequenas, mas houve algumas grandes como a Cobra IS (serviços energéticos e indust.) por 5,3 mil ME.
285 000 funcionários
373 100 projetos
Mais de 120 países
Mais de 70 aeroportos em 14 países (concessão de 10 em Portugal)
318 milhões de passageiros aéreos
Mais de 7900 km de autoestradas
As aquisições permitiram à Vinci obter competências complementares (em TI e cibersegurança) e aceder a novas geografias, diminuindo a dependência de França (42% em 2024; 55% em 2019).
Além disso, a Vinci conquistou várias concessões adicionais de longo prazo (como o Aeroporto de Edimburgo, por cerca de 1,5 mil ME), que garantem receitas estáveis e um cash-flow significativo, o que evitou o aumento da dívida entre 2019 e 2024.
O crescimento traduziu-se em sólidos resultados: receitas sobem quase 50% em cinco anos, o lucro por ação seguiu o mesmo ritmo e o dividendo aumentou ainda mais.
O sucesso da Vinci deve-se a uma feliz combinação. Por um lado, as suas concessões, embora intensivas em capital, são muito rentáveis, com margens de lucro altas, cash-flows estáveis e previsíveis, e com portagens a aumentarem anualmente.
Por outro lado, as suas atividades nos setores da energia e da construção, embora mais voláteis e mais sensíveis aos ciclos económicos, também costumam ter um crescimento rápido. Além disso, a Vinci tem tido sucesso na integração das várias aquisições, o que mitiga os riscos e lhe confere uma maior diversificação internacional.
2025 foi mais um ano positivo para a Vinci. As receitas cresceram 3,7% (2% excluindo alienações, aquisições e efeitos cambiais) até setembro. Na energia subiram 6,7% e nas concessões 5,4%. Na (pequena) divisão imobiliária, registou uma queda de 1,6%. O crescimento veio sobretudo do exterior.
Nos segmentos de energia e construção, a carteira de encomendas está recheada (+5,7% face a 30/set/24). Nas concessões, os aeroportos receberam mais 5,6% de passageiros que no período homólogo. Na maioria dos aeroportos, como em Lisboa, o número de passageiros já ultrapassa o nível de 2019, antes da pandemia.
Para o ano completo de 2025, a Vinci prevê um novo aumento das receitas e dos lucros, apesar das suas previsões não terem em conta a subida da taxa de imposto prevista no orçamento francês.
Espera-se que esta medida tenha um impacto à volta de 400 ME no lucro líquido de 2025, pelo que prevemos lucros de 8,51 euros por ação em 2025 (8,53 em 2024). A partir deste ano, estimamos um crescimento contínuo e lucros por ação de 10,14 euros em 2026 e de 10,66 em 2027.
Para o dividendo, prevemos um valor bruto de 5 euros em 2025, de 5,25 euros em 2026 e de 5,50 euros em 2027 (rendimento bruto acima de 4%).