Accenture, Coca-Cola, Enel, Warner Bros, Pfizer
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
A Pfizer antecipa um impacto negativo em 2026
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
A Pfizer antecipa um impacto negativo em 2026
Accenture
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A Accenture, líder mundial na consultoria e serviços às empresas, publicou resultados do primeiro trimestre de 2025/26 (exercício encerra a 31 de agosto) em linha com as nossas expectativas. O volume de negócios aumentou 6%, no topo do intervalo das previsões (2% a 6%), mas o lucro por ação recuou 1%, penalizado por encargos de reestruturação mais elevados do que o esperado (seria +10% sem estes efeitos).
Numa atividade de consultoria e serviços fortemente condicionada pelo surgimento da inteligência artificial, simultaneamente uma oportunidade e um risco, a Accenture está a adaptar as suas estruturas através da reorientação dos efetivos, aquisições seletivas e o estabelecimento de parcerias com grandes nomes da IA, como a OpenAI e a Anthropic. Estes ajustamentos pesam nos resultados há vários meses.
Ainda assim, as novas adjudicações de contratos aumentaram 12% no trimestre. A Accenture continua a ganhar quota de mercado e os esforços atuais têm elevada probabilidade de gerar resultados positivos nos próximos anos. Além disso, excluindo os custos de reestruturação, a margem operacional atingiu 17% no primeiro trimestre de 2025/26, face a 16,7% há um ano, um nível recorde.
A Accenture confirmou todos os objetivos para 2025/26, com exceção do lucro por ação ajustado, revisto ligeiramente em baixa para refletir os encargos de reestruturação acima do previsto. Mantemos as nossas previsões de lucro por ação: 13,8 dólares em 2025/26 e 15,4 dólares em 2026/27.
Os investidores afastaram-se das empresas de consultoria até haver maior visibilidade sobre as consequências do desenvolvimento das ferramentas de IA. A Accenture é líder e pioneira nos serviços de IA, tendo boas probabilidades de sair vencedora. A queda acentuada da cotação em 2025 representa uma oportunidade de compra.
Coca-Cola
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A nomeação de Henrique Braun como CEO da Coca-Cola, efetiva em março de 2026, integra uma transição planeada num grupo conhecido pela estabilidade da sua administração. Braun sucede a James Quincey, que passará a presidir ao conselho de administração, e traz quase trinta anos de experiência no gigante norte-americano das bebidas. Sob a liderança de Quincey, a Coca-Cola reposicionou-se num modelo mais rentável e ágil.
A racionalização do portefólio de marcas, o refranchise das atividades de engarrafamento e a aceleração da transformação digital aumentaram significativamente as margens.
O plano do novo CEO pretende manter esta disciplina financeira, enfrentando os desafios atuais do setor como a desaceleração dos volumes de refrigerantes tradicionais e o crescimento das bebidas com baixo teor de açúcar ou enriquecidas com ingredientes funcionais (eletrólitos, proteínas).
Com experiência internacional (Américas, Europa, Ásia), Braun está bem posicionado para diversificar o portefólio da Coca-Cola e impulsionar o crescimento nos mercados emergentes. Ao nomear um veterano da Coca-Cola para CEO, o grupo envia uma mensagem de continuidade. O plano estratégico mantém-se e a execução ficará a cargo de um dirigente com forte ADN operacional.
Enel
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A Enel anunciou a aquisição de um portefólio com dois parques eólicos na Alemanha e uma potência instalada total de 51 MW.
Avaliamos positivamente esta operação porque marca a entrada da Enel num dos mercados com maior potencial de crescimento nas energias renováveis.
Este potencial resulta também de uma conjuntura regulatória favorável, com incentivos significativos ao setor das energias renováveis.
Por enquanto, trata-se de uma operação de pequena dimensão. Estima-se que o contributo desta aquisição para o lucro operacional seja de 10 milhões de euros por ano, um valor marginal para a Enel. Ainda assim, representa um primeiro passo num mercado atrativo e está alinhado com a estratégia da Enel de captar oportunidades neste setor.
Estas operações só gerarão resultados num horizonte de médio a longo prazo. Por esse motivo, mantemos as estimativas de lucro para 2025 e 2026 em 0,72 euros por ação. Para 2027, estimamos que o lucro por ação suba para 0,74 euros.
Entretanto, a Enel prossegue a compra de ações próprias. Apesar de relevantes em valor absoluto, estas compras representam parcelas marginais do capital total. Com aquisições de cerca de 1% do capital, a Enel detém atualmente aproximadamente 1,2% do capital total.
Não antecipamos impactos relevantes na cotação. Confirmamos a avaliação e o conselho.
Netflix/Warner Bros
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O conselho de administração da Warner Bros. rejeitou a contraoferta da Paramount Skydance, invocando a fragilidade do financiamento e uma valorização considerada inferior à oferta da Netflix. Recorde-se que a oferta da Paramount, a 30 dólares por ação, incide sobre a totalidade da Warner Bros., enquanto a da Netflix, a 27,75 dólares, abrange apenas o streaming e os estúdios, excluindo os canais de televisão históricos.
Pfizer
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Em 2026, a Pfizer enfrentará novas perdas de patentes e a continuação da queda das vendas dos seus produtos Covid. O grupo antecipa um impacto negativo de cerca de 3 mil milhões de dólares. O restante portefólio deverá compensar parcialmente esta perda com um crescimento de 4% (excluindo efeitos de câmbio).
No final, a Pfizer prevê vendas entre 59,5 e 62,5 mil milhões de dólares em 2026 (62 mil milhões previstos em 2025). O grupo continuará ainda o programa de redução de custos, prevendo 7,2 mil milhões de dólares de poupanças até final de 2027 (1,26 dólares por ação antes de impostos).
Apesar destes esforços, o lucro por ação deverá situar-se entre 2,8 e 3 dólares (3 a 3,15 dólares para 2025), um objetivo abaixo das expectativas.
Os gastos com I&D aumentarão, nomeadamente após a aquisição da Metsera, que reposiciona a Pfizer no setor da obesidade. Um grande investimento para recuperar presença neste mercado em forte crescimento. Apesar da aquisição dispendiosa e das dificuldades atuais, o dividendo trimestral mantém-se em 0,43 dólares por ação (rentabilidade superior a 6% à cotação atual).
2026 será novamente difícil para a Pfizer e o progresso do pipeline será essencial para preparar o futuro. Com um rendimento do dividendo e um rácio cotação/lucro 2026 de apenas 13, não alteramos o conselho.