Abbott, BBVA, Coca-Cola, Texas Instruments

Texas Instruments com projeções abaixo das expectativas para o último trimestre
Texas Instruments com projeções abaixo das expectativas para o último trimestre
Abbott
Manter
A Abbott está a sofrer o impacto das tarifas dos EUA, consequência da sua forte presença industrial global (cerca de 90 unidades de produção). No entanto, não é o único fator desfavorável.
A queda acentuada da procura dos testes à covid, pressões sobre os preços na China e a suspensão dos financiamentos públicos norte-americanos destinados aos testes do VIH levaram a uma diminuição de 7,8% nas vendas da divisão Diagnósticos no terceiro trimestre.
Conjunto de fatores que deverá ter um impacto superior a 1000 milhões de dólares em 2025 (0,57 dólares por ação). Apesar disso, a Abbott mantém a previsão de crescimento das receitas de 6% a 7% em 2025 (excluindo efeitos cambiais).
Refinou ainda a estimativa de lucro por ação: 5,12 a 5,18 dólares (antes 5,10 a 5,20). A resiliência é sustentada pela boa dinâmica das restantes divisões, que compensam a fraqueza dos Diagnósticos.
Destaca-se os Dispositivos Médicos, com vendas +12,5%, impulsionadas pelo tratamento da diabetes. A atividade de Nutrição, (vendas+4%), apresentou um desempenho ligeiramente dececionante, penalizada pela perda de quota de mercado. Não houve novos comentários sobre os litígios sobre o leite infantil.
A Abbott demonstra confiança para gerar crescimento apesar dos Diagnósticos. No entanto, os riscos judiciais e a valorização tornam a Abbott pouco atrativa.
BBVA
Manter
A oferta pública de aquisição (OPA) do BBVA pelas ações do Sabadell foi aceite por apenas 25,47% dos acionistas, tanto particulares como institucionais. O BBVA tinha como objetivo alcançar 50%. Mas se atingisse 30% teria permitido tomar o controlo do banco, embora o obrigasse a lançar uma segunda OPA.
Com o fracasso da OPA, o BBVA não comprará as ações daqueles que aceitaram a oferta, encerrando um processo que durou 17 meses. O que fazer agora? Cada banco seguirá o seu caminho de forma independente.
O BBVA, com um negócio global bem diversificado, apresenta maior interesse a longo prazo. É um dos “quatro magníficos” de Espanha e poderá continuar a beneficiar do interesse de investidores estrangeiros.
A eliminação da incerteza em torno da OPA e o anúncio de uma possível maior remuneração dos acionistas também favorecem o banco. Ao nível atual, a ação está corretamente avaliada.
Coca-Cola
Comprar
No terceiro trimestre, a Coca-Cola obteve receitas de 12,5 mil milhões de dólares (+5% em relação ao ano anterior), impulsionadas pelo crescimento orgânico (+6%) e o volume global (+1%).
Apesar de impactos cambiais negativos, o lucro por ação ajustado atingiu 0,82 dólar, +6% face ao terceiro trimestre de 2024. A margem operacional corrente atingiu um novo máximo de 31,9%, contra 30,7% há um ano, graças à disciplina nos custos e a aumentos seletivos de preços em gamas premium como Fairlife (laticínios) e Topo Chico (água gaseificada premium).
A empresa norte-americana registou ainda um crescimento de dois dígitos na Coca-Cola Zero Sugar (+14%) e reforçou a quota de mercado na Europa, Médio Oriente e África (24% do volume de negócios).
Apesar de uma conjuntura económica desafiante, a Coca-Cola manteve os objetivos do início do ano, incluindo um crescimento orgânico das receitas entre 5% e 6% e um aumento do lucro por ação ajustado de cerca de 3% em relação a 2024.
Tendo em conta a qualidade dos resultados trimestrais, elevámos as nossas previsões de lucro por ação: 3 dólares em 2025 (antes 2,7) e 3,10 dólares em 2026 (antes 2,9). A Coca-Cola mantém uma rentabilidade excecional, presença mundial e capacidade elevada de geração de fluxos de caixa, oferecendo ainda um bom dividendo.
Texas Instruments
Manter
O gigante dos semicondutores apresentou projeções abaixo das expectativas para o último trimestre. O volume de negócios deverá aumentar entre 5% e 14% (+14% no terceiro trimestre), mas o lucro por ação variará entre -14% e +5% (antes +1%).
Numa conjuntura incerta, marcada nomeadamente por tarifas que poderão afetar o setor, a Texas Instruments prevê um nível de utilização da capacidade de produção inferior à do terceiro trimestre, o que deverá penalizar a margem bruta, em queda regular desde o recorde alcançado em 2022.
Fortemente dependente dos setores automóvel e industrial (69% das receitas em 2024), cuja procura de semicondutores tem sido fraca nos últimos anos, a Texas não beneficia da atual dinâmica associada à inteligência artificial generativa.
No entanto, os investimentos significativos realizados para modernizar as fábricas deverão suportar o volume de negócios, a rentabilidade e os resultados nos próximos anos. Mantemos as previsões de lucro por ação em 5,5 dólares para 2025 e 6,45 dólares para 2026.
A margem operacional mantém uma tendência descendente que deverá prolongar-se por alguns meses, apesar de a procura mostrar sinais de recuperação. A valorização da Texas permanece algo elevada para justificar entrar nesta ação de qualidade. .