Alphabet, PostNL, Shell, Thales
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers

Intrusão de drones russos faz valorizar a Thales
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
Intrusão de drones russos faz valorizar a Thales
Alphabet
Manter
A Alphabet, casa-mãe da Google, entrou no círculo restrito das sociedades avaliadas em mais de 3 biliões de dólares, posicionando-se atrás da Nvidia, Microsoft e Apple. A cotação valorizou-se 33% desde o início do ano, sendo o melhor desempenho entre os “7 Magníficos”.
Este sucesso deve-se, em particular, a uma decisão judicial favorável nos Estados Unidos. Ao contrário do que alguns receavam, a Alphabet não terá de ceder nem o motor de busca Chrome nem o sistema operativo Android, dois dos seus produtos emblemáticos. Terá, contudo, de partilhar dados com concorrentes no setor da pesquisa e da publicidade online.
Outro catalisador recente é o êxito da ferramenta de inteligência artificial generativa, Gemini, que se tornou a aplicação mais descarregada na AppStore da Apple, superando o ChatGPT. Esse avanço deve-se em grande medida ao lançamento, no final de agosto, do Nano Banana, ferramenta de IA dedicada à edição de imagens.
Em bolsa, a Alphabet está atualmente valorizada a 25 vezes o lucro esperado em 2025, em linha com a média dos últimos dez anos, o que não é excessivo. Não alteramos o conselho. Pode manter desde que a ação não represente uma parte demasiado elevada da carteira.
PostNL
Manter
A PostNL, operador postal neerlandês, anunciou uma nova estratégia com vista a impulsionar o crescimento e consolidar o posicionamento, apoiando-se de forma mais intensa na inteligência artificial.
O segmento de encomendas será dividido em duas divisões: E-commerce (com abordagem mais personalizada e rede otimizada) e Platforms (focada na expansão internacional e em modelos mais leves).
A PostNL prevê investir cerca de 150 milhões de euros por ano a partir de 2026 para reforço tecnológico, inteligência artificial, expansão da rede fora do domicílio e desenvolvimento de novos serviços digitais.
Para 2028, a PostNL definiu como objetivos ultrapassar os 4 mil milhões de euros de volume de negócios (3,3 mil milhões em 2024) e superar 175 milhões de euros de lucro operacional (53 milhões em 2024 e 92 milhões em 2023).
Estes objetivos ambiciosos agradaram aos investidores, mas não serão fáceis de atingir. Os desafios permanecem numerosos: declínio estrutural do correio tradicional, dependência de compensações governamentais para assegurar o serviço postal universal (sujeitas a incertezas legais e económicas), concorrência mais intensa no e-commerce e necessidade de modernizar em profundidade a infraestrutura logística para manter a competitividade face à Amazon, DHL e outros operadores.
Em suma, a estratégia apresentada pela PostNL revela-se sólida e ambiciosa. O plano deverá reforçar a presença nos mercados históricos e acelerar a expansão internacional, assegurando simultaneamente maior eficiência operacional através da automação e da utilização de dados.
Mas como o sucesso da estratégia não está garantido e dependerá de uma execução rápida e eficaz. Preferimos aguardar pelos primeiros impactos nos resultados antes de considerar uma eventual alteração do conselho.
Shell
Manter
A Shell renunciou à construção da bio-refinaria em Roterdão. Lançada em 2022 seria a maior unidade europeia de biocombustíveis. Após avaliação, a Shell considera o projeto demasiado oneroso para responder à procura crescente de combustíveis de baixo carbono a preços acessíveis.
A concorrência asiática e os custos elevados de execução foram determinantes. A decisão implica um encargo no trimestre em curso. A Shell prossegue o plano para melhorar a rentabilidade das atividades através da racionalização. As áreas ligadas à transição energética apresentam níveis de rentabilidade inferiores aos dos hidrocarbonetos.
No final de março, a Shell anunciou o fim dos investimentos em projetos solares e eólicos onshore de grande escala no Brasil. Em fevereiro, interrompeu um projeto de eólico offshore na costa leste dos EUA. Ao invés, mantém uma postura agressiva na exploração de hidrocarbonetos.
Em 2026 prevê lançar uma nova campanha de perfuração de cinco poços na Namíbia. Além disso, aprovou um investimento significativo num campo petrolífero ao largo do Rio de Janeiro, em parceria com a Petrobras e a TotalEnergies.
A estratégia de aposta nos hidrocarbonetos é coerente para melhorar a rentabilidade, mas confronta-se com a perspetiva de baixos preços do petróleo nos próximos meses.
Thales
Comprar
A entrada de drones russos no espaço aéreo da Polónia e da Roménia reavivou o interesse pelas ações da defesa europeia, incluindo a Thales.
Após o primeiro semestre, a administração confirmou um aumento de 6 a 7% do volume de negócios em 2025 e a recuperação da atividade de cibersegurança na segunda metade do ano (receitas: -3,5% no primeiro semestre).
A Thales mantém confiança nas perspetivas de crescimento a longo prazo do setor, atendendo às necessidades da Europa.
Outro sinal favorável foi a encomenda da Dinamarca, no valor de 8 mil milhões de euros, para oito sistemas de defesa aérea desenvolvidos na Europa. Os sistemas escolhidos foram concebidos pela Thales e pela MBDA (controlada pela Airbus, BAE e Leonardo).
O segmento da defesa aérea deverá permanecer dinâmico nos próximos anos. A Thales irá igualmente co-desenvolver um drone para guerra eletrónica (capacidade de neutralizar radares) em parceria com a britânica Autonomous Devices, além de investir em drones submarinos. Em paralelo, a Thales iniciou negociações com a Leonardo e a Airbus para fundir as atividades espaciais e reforçar a sua rentabilidade.
A procura europeia de armamento mantém-se elevada. A Thales já conseguiu vários contratos relevantes e outros deverão seguir-se.