Iberdrola, Intel, Sofina, Stellantis
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers

Intel continua a enfrentar desafios consideráveis
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
Intel continua a enfrentar desafios consideráveis
Iberdrola
Manter
O lucro de 0,54 euros por ação representa um retrocesso de 13% em relação aos 0,62 euros de um ano atrás. Mas há um ano incluíram mais-valias da venda das centrais de ciclo combinado de gás no México. Sem este efeito, o primeiro semestre de 2025 sairia favorável (+20%).
Daí que no plano operacional haja sinais positivos. Uma melhoria da produção renovável (+5,4%), avanço na eólica marinha e boa evolução do negócio regulado (52% do EBITDA). A dívida mantém-se controlada e o valor contabilístico por ação sobe até 8,80 euros após o aumento de 5% do capital.
Esta operação surge como uma surpresa e foi anunciada na apresentação de resultados. O objetivo é aproveitar oportunidades no negócio das redes, principalmente nos Estados Unidos e no Reino Unido. Um aumento de capital com desconto dirigido a investidores institucionais e sem direito de subscrição, o que penaliza a confiança dos pequenos acionistas. Por agora, mantemos as previsões de lucro para o conjunto do ano (0,92 euros por ação).
Intel
Manter
A Intel apresentou resultados trimestrais mistos. O volume de negócios manteve-se estável, mas a perda foi maior do que o previsto (0,67 dólares por ação). A Intel atravessa uma reestruturação estratégica e registou encargos de reestruturação e imparidades superiores ao esperado. As perspetivas para os próximos meses permanecem fracas.
No terceiro trimestre, as receitas deverão manter-se estável, a margem bruta deverá aumentar, mas prevê-se nova perda. O CEO avisou que, sem o compromisso de um grande cliente na atividade das fundições (novo eixo estratégico), a Intel poderá abandonar o desenvolvimento das tecnologias de gravação mais avançadas e deixar a TSMC numa posição de quase-monopólio.
A Intel limitar-se-ia a produzir semicondutores menos avançados. Esta declaração parece dirigida a Washington e aos gigantes tecnológicos, para que apoiem o projeto. Uma nota positiva: as vendas de processadores para PC e servidores estabilizaram. Reduzimos as estimativas: prevemos uma perda de 1,38 dólares por ação em 2025 e um pequeno lucro de 0,02 dólares em 2026.
A profunda reorientação estratégica continua a penalizar os resultados e não antecipamos melhorias significativas antes de 2027. Porém, mantemos algum otimismo para a Intel, uma ação arriscada e especulativa.
Sofina
Comprar
O valor intrínseco da holding Sofina recuou no primeiro semestre devido principalmente à queda do dólar no período e, em menor medida, à queda da libra esterlina e da rupia indiana, duas moedas em que estão denominados pouco mais de 10% da carteira.
Em moedas locais, os desempenhos das participações (diretas e através de fundos) permaneceram positivos.
As participações da Sofina em fundos de terceiros (muito expostos ao setor tecnológico e geridos por prestigiados gestores) representam 44% do valor intrínseco e estão, na sua maioria, denominadas em dólares. A exposição total da carteira ao dólar é de cerca de 60%.
Certamente, a exposição real é um pouco menor, pois uma participação denominada em dólares pode dizer respeito a uma empresa que exerce parte significativa da sua atividade fora dos EUA. Mas o impacto é, apesar de tudo, importante, pois a Sofina não se cobre contra os riscos cambiais.
Pela positiva, nos próximos meses, alguns grandes dossiês poderão ter um impacto positivo no valor da carteira. Há, nomeadamente, a entrada em bolsa da empresa indiana Pine Labs (terminais de pagamento), finalmente rentável.
Há também a possível entrada de alguns gigantes do private equity no capital da britânica Cognita (escolas privadas).
E, finalmente, uma futura cessão forçada das atividades do TikTok nos EUA pela ByteDance poderá também estimular o valor intrínseco (ByteDance e Cognita são as duas maiores participações diretas da Sofina).
Assim, sem surpresas, o valor da carteira da holding Sofina sofreu com a queda do dólar em relação ao euro (-11,8%). O valor intrínseco recuou 5,8%, para 293 euros por ação. Estimamos o desconto da Sofina em 10% e várias notícias poderão estimular o valor da carteira. Confirmamos o nosso conselho.
Stellantis
Vender
A Stellantis alertou que os resultados semestrais ficarão aquém das expectativas: prejuízo de 2,3 mil milhões de euros (lucro de 5,6 mil milhões no primeiro semestre de 2024), queda do resultado operacional em 90% e fluxo de tesouraria negativo são sinais de alarme. Estes maus resultados refletem um encargo excecional de 3,3 mil milhões que a Stellantis optou por contabilizar no primeiro semestre.
Mais preocupante, refletem também os primeiros efeitos das tarifas dos EUA (impacto avaliado em 300 milhões). A Stellantis conta com uma recuperação das entregas no segundo semestre com o aumento da produção dos novos modelos. Mas muito dependerá da capacidade para levar a cabo o plano de transformação.
Com 14 marcas, cuja quota de mercado diminuiu desde a fusão (PSA e FCA), o construtor enfrenta um desafio estrutural de diferenciação e posicionamento de cada marca, ao mesmo tempo que procura sinergias. Além disso, o surgimento de novos concorrentes chineses e a pressão sobre os preços, em particular nos veículos elétricos, continuarão a exercer pressão sobre a rentabilidade.
Os maus resultados confirmam os receios. Além de desafios conjunturais, como as tarifas, a Stellantis enfrenta um excesso de capacidade industrial e a necessidade de racionalização das marcas. A prudência deve prevalecer. Venda.