ArcelorMittal, GSK, Trigano
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers

ArcelorMittal coloca Europa em segundo plano
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
ArcelorMittal coloca Europa em segundo plano
ArcelorMittal
Manter
A compra da US Steel pela Nippon Steel permitiu que a ArcelorMittal adquirisse a participação da Nippon Steel na siderúrgica americana Calvert, passando a deter 100%.
Esta empresa, com meios de produção entre os mais modernos dos EUA, é especializada em aços galvanizados para os setores automóvel e energético (eólico). A aquisição encaixa na estratégia da ArcelorMittal, que privilegia o crescimento fora da Europa.
O grupo reforça-se assim nos EUA (19% das vendas), mercado mais protegido das importações chinesas. Estão confirmados investimentos em novos fornos elétricos na Calvert, para reduzir a dependência de importações do México, Canadá e Brasil.
A Europa (49% das vendas) foi colocada em segundo plano. A descarbonização de duas siderurgias na Alemanha foi abandonada por falta de rentabilidade. A ArcelorMittal anunciou também a venda dos ativos na Bósnia e os investimentos em Gand na Bélgica continuam suspensos.
Segundo a OCDE, o aço chinês é fortemente subsidiado e estão previstas grandes expansões de capacidade na Ásia, o que contribui para a queda dos preços na Europa. A persistência de preços baixos e a desvalorização do dólar levam-nos a rever em baixa as estimativas de lucro por ação: 3,2 euros em 2025 (antes 3,5) e 3,7 euros em 2026 (antes 4,4).
GSK
Manter
A cotação da GSK está em alta desde o início do ano, superando o índice do setor farmacêutico. Este desempenho deve-se ao crescimento contínuo da divisão de tratamentos inovadores, cujas vendas aumentaram 17% (excluindo efeitos cambiais) no primeiro trimestre, após uma subida de 19% em 2024.
A GSK beneficia dos tratamentos para o VIH Cabenuva e Apretude, novos anticancerígenos Jemperli e Ojjaara, e o medicamento respiratório Nucala. Para o conjunto de 2025, espera-se que o volume de negócios desta divisão cresça entre 10% e 15%. Em contrapartida, a divisão de vacinas registou uma queda de 6% nas vendas, devido à menor procura da Arexvy (Covid) e Shingrix (zona).
No total, a GSK prevê para 2025 um crescimento das receitas entre 3% e 5%. O lucro operacional deverá crescer entre 6% e 8% e está previsto a compra de ações próprias em 2 mil milhões de libras (3,5% da capitalização bolsista). A GSK afirma estar preparada para mitigar eventuais tarifas dos EUA e também adquiriu o Efimosfermin, um tratamento promissor para doenças hepáticas.
Este ano, a GSK espera cinco aprovações importantes nos EUA. Serão cruciais para confirmar a capacidade para lançar novos produtos de sucesso antes da expiração das patentes do Dolutegravir (VIH) em 2028/29.
Trigano
Comprar
Com um volume de negócios de 1,1 mil milhões no terceiro trimestre do exercício, a Trigano aproximou-se do recorde do ano anterior. As vendas de autocaravanas, 75% do volume de negócios total da Trigano, caíram 6,5%.
Após as quedas registadas no primeiro (-18%) e segundo trimestres (-15,6%), a Trigano concluiu o esforço de redução de stocks nas fábricas e redes de distribuição, o que permite antecipar um regresso ao crescimento nos próximos trimestres.
Para já, a quebra nas vendas de autocaravanas e caravanas foi compensada pelas residências móveis (+183%), beneficiando da aquisição da Bio Habitat e demonstrando também uma resiliência orgânica. As perspetivas para o exercício 2025/26 são favoráveis, apoiadas por encomendas em forte crescimento e pela descida das taxas de juro.
Neste cenário favorável, a Trigano está bem posicionada para continuar a conquistar quota de mercado, graças à sua gama de produtos acessível e competitiva em termos de conteúdo. Prevemos lucro por ação de 15 euros no exercício em curso e 17 euros no seguinte.
Apesar desta valorização, a Trigano continua a ser uma oportunidade interessante, graças a uma avaliação atrativa, à sua posição de liderança e às perspetivas positivas para 2026 (livro de encomendas em alta e ganhos de quota de mercado).