Accenture, Ferrari, Meta, Shell
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers

Ficaríamos surpreendidos se a compra da BP avançasse num futuro próximo
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
Ficaríamos surpreendidos se a compra da BP avançasse num futuro próximo
Accenture
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A Accenture registou uma queda de 7% nas encomendas no terceiro trimestre de 2024/25 (ano fiscal termina a 31 de agosto). Esta foi a segunda descida trimestral consecutiva e mais acentuada do que o previsto.
A Accenture justificou a quebra com a conjuntura económica atual, que leva os clientes a agir com prudência, e com a contração orçamental no setor público dos Estados Unidos (8% das vendas). O volume de negócios e o lucro por ação aumentaram respetivamente 8% e 12% em base comparável, superando as previsões.
A Accenture reviu em alta os objetivos para 2024/25. A fraqueza das encomendas é temporária e resulta essencialmente da conjuntura. A Accenture indicou que continua a ganhar quota de mercado, impulsionada pela sua competência em inteligência artificial generativa.
As encomendas nesta área subiram 67% face ao ano anterior e representam 8% do total, sendo um importante motor de crescimento. Mantemos as previsões de lucro por ação em 13 dólares para 2024/25 e 14,25 dólares para 2025/26.
As encomendas caíram no último trimestre, mas não é alarmante. Há um ano, estavam historicamente elevadas e, nos primeiros nove meses do exercício, as encomendas superaram o volume de negócios em 14%, o que antecipa um crescimento acentuado nos próximos meses e anos.
Ferrari
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A Ferrari prepara o lançamento do seu primeiro automóvel totalmente elétrico. A data prevista é outubro de 2026. A chegada do primeiro Ferrari elétrico é já um facto consumado, mas, de acordo com rumores, a marca decidiu adiar o lançamento do segundo modelo elétrico de 2026 para 2028. A fraca procura e a necessidade de desenvolver a tecnologia são os motivos por detrás desta opção.
A Ferrari decidiu também entrar no mundo da vela com a apresentação do Ferrari Hypersail. Trata-se de um protótipo original de monocasco oceânico de competição com 100 pés (pouco mais de 30 metros). Atualmente em construção em Itália, o barco será lançado em 2026 e iniciará a fase de testes com as primeiras provas na água.
Enquanto aguardamos os resultados do segundo trimestre, mantemos as previsões de crescimento para 2025 e 2026: lucro por ação de 8,88 euros em 2025 e de 10,15 euros em 2026
Meta
Manter
A Meta investiu quase 14 mil milhões de dólares para adquirir 49% da Scale AI, especializada em gestão de dados para treino de modelos de inteligência artificial (IA).
Este investimento insere-se numa estratégia de fortalecimento das capacidades da Meta em IA, face à concorrência crescente. Porém, o sucesso desta estratégia dependerá da capacidade da Meta em integrar a expertise da Scale AI e em gerir as tensões com outros players do setor, que veem esta transação como uma potencial ameaça. A Google, o maior cliente da Scale AI, está a considerar reduzir a sua colaboração, o que pode afetar o crescimento da empresa.
Shell
Manter
Segundo a imprensa, a Shell, dos Países Baixos, continua a aproximar-se da concorrente britânica BP com vista à sua aquisição. Graças aos seus investimentos no GNL, a Shell encontra-se numa posição de força face à BP, cujos últimos resultados dececionaram.
Sob pressão de fundos ativistas, a BP precisa de encontrar uma solução para sair da situação difícil em que se encontra, em parte devido aos seus investimentos nas energias renováveis. Uma oferta da Shell poderia representar uma saída.
Em teoria, a operação permitiria à Shell combinar os seus ativos com os da BP no golfo do México, gerando poupanças na exploração. Também parecem possíveis sinergias nas atividades no Médio Oriente.
Na prática, uma fusão deste tipo levanta muitas questões, como a capacidade de concretizar uma operação tão complexa, o montante das sinergias, a capacidade da Shell de manter a sua política de dividendos (dividendo é o principal atrativo para investir em petrolíferas), entre outras.
Além disso, a BP apresenta um nível de endividamento superior ao da Shell. Por fim, é difícil concretizar uma operação deste tipo num cenário de baixos preços do petróleo.
Uma eventual integração da BP pela Shell levaria anos, exigindo alienações de ativos, reavaliações de investimentos e um custo financeiro elevado. A questão do preço exigido pelos acionistas da BP continua sem resposta. Ficaríamos surpreendidos se esta operação avançasse num futuro próximo.