Perfil empresa: Sanofi
Publicado em: 16 janeiro 2025Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
50% do capital da Opella, que agrega o negócio de “Saúde para o Grande Público” (medicamentos de venda livre, vitaminas e suplementos alimentares) da Sanofi, foi vendido ao fundo norte-americano CD&R (Clayton Dubilier & Rice).
A operação avalia a Opella (capitais próprios e dívida) em cerca de 16 mil milhões de euros. Com um rácio de 14 vezes o EBITDA estimado para 2024, o valor é atrativo.
A conclusão da transação está prevista para o segundo trimestre de 2025 quando a Sanofi receberá um pagamento em dinheiro cujo montante exato ainda não foi divulgado.
É provável que os seus acionistas beneficiem de parte através de um dividendo especial ou a compra de ações próprias. Dois produtos foram excluídos da transação e permanecem totalmente sob o controlo da Sanofi: Zantac e Gold Bond (alvos de processos nos EUA).
Apesar de a decisão ter sido tomada pela Sanofi, o governo francês exigiu vários compromissos. A Opella manterá a sede e presença industrial em França, onde opera 2 das 13 unidades de produção.
Além disso, deverá manter os postos de trabalho e continuar a produzir medicamentos considerados essenciais em França. Contudo, estas restrições são relativas, uma vez que o país representa apenas 8% das vendas da Opella, contra 25% dos EUA.
Apesar da venda, a Sanofi conservará 48% do capital da Opella "durante um período razoável". Presente em mais de 100 países e contando com mais de 11 mil colaboradores, a Opella registou vendas de 5,2 mil milhões de euros (12,1% do total das vendas da Sanofi) e um lucro operacional de 1,4 mil milhões de euros.
É atualmente a terceira maior empresa num setor altamente fragmentado da “Saúde para o Grande Público”. Apesar de já ter reduzido o número de marcas comercializadas, nenhuma tem expressão significativa a nível mundial.
O objetivo da Sanofi, com o apoio financeiro do fundo CD&R, é tornar a Opella mais competitiva para que possa operar de forma totalmente independente da Sanofi no futuro (venda, fusão com um grupo do setor).
A saída parcial da Opella permite à Sanofi concentrar nas áreas dos medicamentos inovadores e nas vacinas.
– Nos medicamentos inovadores com prescrição, a Sanofi dá prioridade às doenças raras e à imunologia, com o objetivo de se tornar líder mundial neste último domínio. O grupo beneficia já do sucesso do Dupixent (25% das vendas em 2023).
Paralelamente, a Sanofi continua a apostar na oncologia, especialmente em cancros raros, tendo adquirido uma participação de 16% na Oreno Med, especializada no desenvolvimento de radioligandos.
A Sanofi prevê aumentar as despesas em investigação e desenvolvimento (I&D) até 2025, planeando submeter até 19 pedidos de homologação em 2024 e 2025. Até 2030, espera gerar mais de 10 mil milhões de euros em vendas anuais adicionais graças a produtos recentemente lançados, como o Altuviiio (hemofilia).
Entre estes, uma dúzia tem potencial para atingir vendas superiores a 1000 milhões de dólares, permitindo à Sanofi preparar-se para o período pós-Dupixent, cujas patentes expiram a partir de 2031.
– No segmento das vacinas, a Sanofi aposta no crescimento das suas áreas principais (gripe, meningite e vacinas pediátricas), que serão reforçadas pelo lançamento do Beyfortus (bronquiolite em bebés e crianças). As vacinas devem gerar vendas anuais superiores a 10 mil milhões de euros até 2030 (7,5 mil ME em 2023) segundo a Sanofi.
Com a venda parcial da Opella, a Sanofi concentra-se nas áreas com maior rentabilidade e dinamismo. Porém, estas atividades também implicam mais incerteza (investigação, patentes) e, nos EUA, a nomeação de um Ministro da Saúde cético face às vacinas, representa um risco adicional.
O certo é que a Sanofi reforçou o seu pipeline para aumentar as probabilidades de sucesso, pelo que os objetivos são viáveis e foram recentemente reforçados por resultados clínicos positivos (Duvakitug, Sarclisa). Pode comprar.