Perfil da empresa: Alphabet (Google)
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
Um tribunal norte-americano considerou que a Alphabet (Google) abusou da sua posição dominante na pesquisa na internet.
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
Um tribunal norte-americano considerou que a Alphabet (Google) abusou da sua posição dominante na pesquisa na internet.
Apesar de um recurso judicial favorável na União Europeia, a situação evoluiu de forma mais negativa nos Estados Unidos. Um tribunal norte-americano considerou que a Alphabet abusou da sua posição dominante na pesquisa na internet. Um veredicto cujas consequências não poderão ser negligenciáveis.
Uma possibilidade é o desmembramento da Alphabet, mas esse é um cenário pouco provável, sobretudo porque seria difícil de implementar. Em todo o caso, consideramos que a ameaça de uma regulação mais rigorosa já está parcialmente refletida na cotação atual da ação.
O gigante tecnológico Alphabet é, antes de mais, a empresa-mãe da Google, que desenvolveu o motor de pesquisa mais utilizado no mundo, permitindo aos utilizadores encontrar rapidamente informação na internet. A Google gera a maior parte das receitas da Alphabet (77%) através de publicidade direcionada, exibida nas suas próprias plataformas e nas dos seus parceiros.
Oferece também diversos outros serviços como o YouTube (plataforma de partilha de vídeos), Gmail (serviço de email), Google Maps (cartografia) e Google Drive (armazenamento online), que geram tráfego e permitem a venda de anúncios digitais.
A Alphabet é também um player relevante no mercado da computação em nuvem (cloud gera 11% da faturação), oferecendo soluções de armazenamento e análise de grandes volumes de dados, máquinas virtuais para executar aplicações e serviços para desenvolver e implementar modelos de aprendizagem automática. Além disso, concebe e comercializa hardware como os smartphones Pixel, colunas inteligentes Nest e os óculos conectados Google Glass.
A Alphabet, e em particular a sua principal divisão Google, tem estado sob a mira dos reguladores há vários anos. No entanto, a ameaça intensificou-se recentemente. No início de agosto, um tribunal norte-americano decidiu que a Google bloqueou indevidamente o mercado da pesquisa online, através de acordos com fabricantes de telemóveis, como a Samsung e a Apple, para instalar o software da Google por defeito nos dispositivos.
O resultado da estratégia é ter uma concorrência praticamente inexistente nesta área. A quota de mercado da Google na pesquisa online era de 80% nos Estados Unidos, em 2009, tendo crescido para 90%, em 2020 e é quase 95% nos smartphones.
Agora que a empresa foi considerada culpada de monopólio e práticas anti concorrenciais, quais poderão ser as consequências deste veredicto histórico?
Até ao momento, o tribunal norte-americano ainda não impôs medidas corretivas à Google. Estas serão decididas num julgamento posterior. A empresa já indicou que recorrerá desta decisão, o que poderá adiar o desfecho do caso por vários meses ou até anos. No curto prazo, o impacto nos resultados será limitado, mas a longo prazo existem três principais cenários possíveis.
Noutra perspetiva, a médio prazo, um desmembramento até poderia ser benéfico para os acionistas, já que poderia levar a uma valorização superior das unidades/empresas separadas.
A principal consequência da decisão do tribunal poderá estar nas fusões e aquisições a realizar pela Alphabet. Os reguladores poderão aplicar critérios mais rigorosos na aprovação de novas aquisições, especialmente se estas enfraquecerem a concorrência. Um fator que poderia limitar o potencial de crescimento a longo prazo da Alphabet, dado que parte do seu crescimento até hoje se deve a aquisições estratégicas, como o YouTube, em 2006, e da Doubleclick em 2008.
Consideramos que o risco de desmembramento é atualmente mais emocional do que real. É certo que a Alphabet poderá ser forçada a alterar algumas práticas, mas não é a primeira vez que enfrenta acusações de abuso de posição dominante. Em Bruxelas, já foi condenada a pagar mais de 8 mil milhões de euros em multas. É uma soma considerável, mas que representa relativamente pouco para uma empresa que gerou uma tesouraria de quase 200 mil milhões de dólares nos últimos três anos e obteve um lucro líquido de 74 mil milhões de dólares em 2023. E, apesar da pressão regulamentar, a Alphabet tem continuado a crescer.
À exceção de um desmembramento forçado, as medidas judiciais e regulamentares previstas (multas, controlo de aquisições, escolha do motor de busca, partilha de dados, entre outros) não alterarão fundamentalmente o modelo de negócio.
No curto prazo, a Alphabet pode ser afetada pelo abrandamento económico e pela possível redução dos orçamentos publicitários, mas as perspetivas a longo prazo do mercado da publicidade online mantêm-se bastante promissoras.
Ainda existem muitas incertezas quanto ao desfecho do confronto entre a Google e a justiça norte-americana. Tendo em conta os recursos possíveis, o desfecho deste processo poderá demorar vários anos. Até lá, consideramos que grande parte dos riscos jurídicos já estão refletidos na cotação da ação. Negociado em bolsa a uma cotação que corresponde a 23,4 vezes o lucro por ação, o título está abaixo do rácio da média do S&P 500 (28,3 vezes) e menos valorizado do que outros gigantes tecnológicos.
A Alphabet, uma das maiores empresas cotadas do mundo, tem uma longa história de crescimento, rentabilidade e sucesso estratégico. Além disso, continua a investir na inteligência artificial, com o lançamento do Gemini, que compensa o lançamento menos bem-sucedido do Bard.
Por fim, a empresa continua disciplinada na gestão da tesouraria, distribuindo dividendos trimestrais e renovando o seu programa de compra de ações próprias no valor de 70 mil milhões de dólares. Não alteramos o nosso conselho: Manter.
OS 7 MAGNÍFICOS
| Ação | Cotação (USD) | Rendimento do Dividendo | PER (rácio cotação/lucro) | Variação em 2024 | Conselho |
|---|---|---|---|---|---|
| Alphabet-A | 163,95 | 0,4% | 23,4x | 16,0% | manter |
| Amazon.com | 187,97 | 0,0% | 42,7x | 22,2% | comprar |
| Apple | 227,79 | 0,4% | 38,3x | 16,9% | manter |
| Meta Platforms | 567,36 | 0,4% | 28,4x | 58,4% | manter |
| Microsoft | 428,02 | 0,8% | 32,4x | 12,5% | comprar |
| NVIDIA | 121,40 | 0,0% | 46,9x | 142,2% | manter |
| Tesla | 260,46 | 0,0% | 130,2x | 3,6% | vender |