Roche: o regresso ao crescimento
Publicado em: 24 julho 2024Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
Presente nas áreas Farmacêutica (76% das vendas) e Diagnósticos (24% das vendas), o laboratório suíço Roche teve dois anos complicados em 2022 e 2023. De facto, vários fracassos clínicos (Gantenerumab e Crenezumab para a doença de Alzheimer, Tiragolumab e Glofitamab contra o cancro) e a queda acentuada da procura dos produtos covid (Ronapreve e testes) interromperam o sucesso da Roche. Acresce ainda um contexto de concorrência dos genéricos e biossimilares a vários dos seus medicamentos.
No primeiro trimestre, os resultados continuaram a ser penalizados pela queda nas vendas de produtos covid e a concorrência dos genéricos e biossimilares teve um impacto negativo de 400 milhões francos nas vendas. Porém, excluindo efeitos cambiais e os produtos covid, as vendas aumentaram 7% na divisão de Farmácia.
A Roche pôde contar com o dinamismo dos produtos Vabysmo (doenças oculares), Phesgo (cancro da mama), Ocrevus (esclerose múltipla), Polivy (leucemia) e Hemlibra (hemofilia). A divisão de Diagnósticos também fez bons progressos no primeiro trimestre (+8%) graças à procura de testes imunológicos, testes de química clínica e soluções avançadas de coloração.
A longo prazo, a Roche beneficiará de um dos maiores portefólios de produtos em desenvolvimento (pipeline) no setor. Embora alguns produtos estejam numa fase precoce, o número era de 142 projetos no final de abril (incluindo 78 novas moléculas) e permitiram várias boas notícias nos últimos meses.
– estudo em fase avançada comprovou a eficácia de uma versão subcutânea do Ocrevus para o tratamento da esclerose múltipla. Até agora, o Ocrevus era administrado por perfusão, mais longa e mais restritiva;
– combinação do Columvi com quimioterapia demonstrou ser eficaz no tratamento de linfomas agressivos;
– luz verde nos EUA e na Europa para uso do Alecensa no combate ao cancro do pulmão em fase inicial;
– versão subcutânea do medicamento contra o cancro Tecentriq foi aprovada na Europa;
– o medicamento contra o cancro Inavolisib (em combinação com Ibrance e Faslodex), recebeu o estatuto de tratamento prioritário (processo de revisão acelerada) pela autoridade de saúde dos EUA.
A Roche obteve status de equipamento prioritário nos Estados Unidos para um exame de sangue que mede a lipoproteína(a), um marcador de risco para doenças cardiovasculares, bem como para um teste nasal que deteta quatro doenças respiratórias (covid, gripe A e B, vírus sincicial respiratório).
Embora a Roche não tenha atualmente um tratamento para a obesidade (área em forte crescimento), os resultados de um ensaio clínico mostraram a eficácia do CT-388 (injeção semanal) na redução do peso dos participantes e com um efeito benéfico na diabetes.
A Roche ficou com o CT-388 após a aquisição, finalizada no início de 2024, da Carmot Therapeutics. No entanto, este ensaio clínico encontra-se na fase preliminar de investigação (fase I). Logo, até uma eventual comercialização decorrerão alguns anos e o mercado já é dominado pela Novo Nordisk e a Eli Lilly. Estas duas farmacêuticas já procuram mesmo tratamentos de segunda geração para a obesidade.
Os progressos recentes do pipeline potenciam um regresso rápido ao crescimento das vendas. Em 2024, espera-se um aumento de cerca de 5%.
Com um rácio cotação/lucros de 2025 de 17 (rácio histórico de 21) e uma relação cotação/valor contabilístico de 6 (histórico de 9), a ação permanece atrativa. Pode comprar.
Privilegie as ações sem direito de voto: Roche GS com o código ISIN CH0012032048. É uma versão mais barata e mais líquida do que as ações com direito de voto. E, sendo o controlo do grupo assegurado pelas famílias herdeiras, o direito de voto é pouco relevante.