Apesar da quebra nas receitas (-5,5%), os resultados da Enagás conseguiram superar as estimativas para 2023. O controlo rigoroso dos custos, o bom desempenho das subsidiárias (mais dividendos) e as mais-valias obtidas com a venda de ativos permitiram atingir lucros por ação de 1,31 euros (-8,8% face a 2022). Para 2024 estimamos apenas 0,96 euros.
Com a procura de gás em queda (-7,3%), o futuro da Enagás passa por liderar a expansão do hidrogénio como combustível limpo. Para tal, porém, terá de realizar investimentos significativos na produção e na distribuição. As estimativas iniciais da Enagás rondam os 3,2 mil milhões de euros, o que quase duplicaria a dívida atual (12,8 euros por ação).
Este ano pagará um dividendo de 1,74 euros, mas irá reduzi-lo para apenas 1 euro a partir do próximo ano. Trata-se de um sintoma da menor solidez financeira, embora o mais preocupante é que, a médio prazo, a Enagás possa ser forçada a aumentar o capital. Por uma questão de prudência, mudamos o nosso conselho de manter para vender.
Conselho
A Enagás mantém as suas metas de final de ano, incluindo o compromisso de manter o próximo dividendo. Contudo, a aposta nas novas infraestruturas de hidrogénio será dispendiosa e arriscada. Mudamos o conselho para vender e vamos deixar de seguir esta ação.
Cotação à data da análise: 14,75 euros.