Empresa de grande qualidade
A Schneider Electric é especialista em sistemas elétricos (equipamentos para gestão de energia), e automação industrial. Os clientes são a indústria (35% do VN), construção (34%), data centers e redes (19%) e infraestruturas (12%). A repartição geográfica é equilibrada: América do Norte (32%), Europa (25%), Ásia (30%) e resto do mundo (13%).
A empresa continua a crescer e tem uma gestão prudente, embora possa fazer grandes compras, como em 2019 quando adquiriu a Aveva por 5 mil MD. O volume de negócios (VN) cresceu 7% ao ano nos últimos 5 anos, o lucro subiu 11% e o fluxo de caixa 8%. O grupo reinveste a liquidez na sua atividade e teve uma rentabilidade dos capitais próprios de 14% em 2022 (por cada 100 euros investidos, os acionistas receberam 14 euros de lucro). A Schneider tem pouca dívida, o que faz com que não sofra com a subida das taxas de juro.
Conjuntura favorável
A Schneider estima um crescimento de 6 a 7% ao ano do seu mercado nos próximos 4 anos, atingindo 500 mil ME em 2027, face ao aumento anual de 4% entre 2022 e 2024. A empresa identifica ainda várias tendências que impulsionarão o crescimento:
1. Aceleração da digitalização e o desenvolvimento da inteligência artificial estimularão as vendas do seu software dedicado, dos equipamentos que facilitam a digitalização e do hardware usado nos centros de dados, o qual dá receitas recorrentes.
2. As alterações climáticas ajudarão a aumentar as vendas dos seus serviços de consultoria em energia verde e a gerir melhor as redes elétricas. Há oportunidades no nuclear, no hidrogénio e na captura de carbono.
3. A transição energética beneficia os equipamentos da Schneider, que permitem aos clientes gerir melhor a produção e o consumo de energia.
4. A necessidade de habitações com emissões zero no ocidente e países emergentes, com a Índia na liderança, levará a uma forte subida da procura.
5. A Schneider vê na deslocalização de fábricas o 5º eixo de desenvolvimento: instalação de capacidade produtiva que exige atualização das necessidades energéticas, aumento da produção de semicondutores na Europa….
A Schneider centra-se no crescimento orgânico, mas pode fazer compras pontuais para completar a sua oferta. O investimento em investigação passará de 5,7% do VN no 1º semestre de 2023 para 7%. O objetivo é ter sistemas mais complexos e rentáveis.
Perspetivas prometedoras
Em novembro, a Schneider anunciou metas de médio prazo ambiciosas:
1. Crescimento anual de 7 a 10% do VN, graças às 5 tendências anteriores, ao peso crescente da inovação, ao desenvolvimento das atividades de software e data centers. O aumento foi de 5 a 8% entre 2022 e 2024.
2. Aumento médio anual de 0,5% da margem operacional antes de itens excecionais (EBITA) devido à sua capacidade de aumentar os preços. A margem subiu 0,35% nos últimos anos.
3. Ter uma taxa de conversão do lucro em dinheiro de 100% (95% em 2022 e 87% em 2021 - 100 euros de lucro resultam em 87 de liquidez), para financiar parte do seu crescimento.
4. Manter o aumento do dividendo. A previsão é de 3,7 euros para 2024, um rendimento bruto de apenas 2,2%.
É positivo que o grupo tenha definido um rumo claro e objetivos financeiros agressivos mas alcançáveis, embora uma deceção possa afetar a cotação.
ESG
Como líder global na gestão de energia e tecnologias digitais, a Schneider promove a sustentabilidade e a responsabilidade social e está classificada entre as empresas mais sustentáveis do mundo. Em 2023, ficou em 7º no ranking Corporate Knights das 100 empresas mais sustentáveis do mundo e integra outros rankings ESG, como o Dow Jones Sustainability World Index.
Conselho
Os objetivos agressivos da Schneider mostram a confiança da administração. Prevemos lucros por ação de 8,4 euros em 2024 e de 9,3 euros em 2025 (7,6 euros de 2023). A Schneider negoceia a 21 vezes o lucro de 2024. É um nível um pouco alto para uma empresa industrial, mas justifica-se pelo bom posicionamento do grupo em áreas de crescimento. Compre.