A Iberdrola é um líder mundial do setor elétrico. Além do mercado doméstico, que contribuiu com 60% para o lucro do grupo até setembro, Reino Unido, Estados Unidos, Brasil e México são os seus outros grandes mercados.
Com exceção do México, onde opera apenas na geração, nos demais está presente na geração (perto de 60% das receitas e 70% dos lucros) e na distribuição de energia.
Esta diversificação, tanto geográfica como de negócios, está a estimular as contas e, em certa medida, a proteger o grupo das mudanças regulatórias do setor em Espanha.
Até setembro, o lucro cresceu 17,2%, para 0,57 euros por ação. A nova capacidade instalada (+4%, sobretudo solar e eólica) permitiu produzir mais eletricidade e a um preço mais baixo do que com outras fontes, como o gás (-8%), e do que comprar no mercado, já que o grupo vende mais energia do que a que produz.
O grupo beneficiou ainda de tarifas mais altas no negócio da distribuição no Brasil.
Ritmo de investimento em alta
A Iberdrola quer crescer na geração renovável e na distribuição e por isso o investimento manter-se-á elevado: quase 11 000 milhões de euros (ME) no último ano e 47 000 ME até 2025. 57% será alocado às redes (incluindo a compra da PNM Resources nos EUA, que está pendente de autorização) e 38% às energias renováveis.
O forte investimento pesa sobre a dívida, mas esta continua sob controlo (7,5 euros por ação) e 85% é de taxa fixa.
A Iberdrola tem uma estratégia de rotação de ativos, procurando atrair investidores institucionais para os grandes projetos eólicos offshore (East Anglia no Mar do Norte, Vikinger no Mar Báltico, etc.) ou para o negócio no Brasil.
O objetivo é baixar os riscos, gerar ganhos de capital e partilhar investimentos. A entrada em operação dos projetos gerará recursos cada vez maiores, que reduzirão as necessidades financeiras da empresa.
Imposto sobre as empresas elétricas
O imposto extraordinário e temporário que o Governo espanhol criou sobre as empresas energéticas poderá manter-se.
É isso que está contemplado no pacto assinado entre o PSOE e o Sumar para viabilizar a próxima investidura.
A Iberdrola aceitou esta taxação excecional e provou continuar a ser rentável. Mas, há empresas que reagiram de forma diferente.
A Repsol optou por confrontar o Governo, paralisando os investimentos no hidrogénio. De qualquer forma, todas estão a obter resultados recorde no negócio da geração em Espanha.
Liderando a mudança
A aposta nas energias renováveis e o facto de combinar mercados “maduros”, como Espanha ou Reino Unido, com outros em crescimento, como o Brasil ou os EUA (a sua grande aposta para o futuro) é uma estratégia interessante.
Após o bom desempenho dos últimos 5 anos (+101%, incluindo dividendos), a ação continua cotada a um preço razoável e pode manter.