Gigante mundial
Criada em 1997 a partir da fusão entre a Grand Metropolitan e a Guinness, a britânica Diageo estabeleceu-se como a maior produtora mundial de bebidas espirituosas, à frente da Pernod Ricard.
Atualmente, a Diageo tem uma carteira de cerca de 200 marcas de bebidas alcoólicas, emprega 30 mil pessoas e gera um volume de negócios de 17,1 mil milhões de libras.
As vendas vêm de quase 180 países: América do Norte lidera com 39%, Europa 21%, Ásia-Pacífico 19%, América Latina 11% e África 10%.
Apesar de já ser um gigante, a Diageo não está satisfeita. Com uma quota de 4,7% do mercado de bebidas alcoólicas em 2022 (4% em 2020), a ambição é aumentar a quota para 6% até 2030.
6 marcas líderes
39% das vendas vêm de apenas seis marcas: uísque Johnnie Walker, cerveja Guinness, licor Baileys, rum Captain Morgan, vodka Smirnoff e gin Tanqueray.
Estas marcas são comercializadas globalmente e o motor do crescimento. No último exercício, as suas vendas aumentaram 10%, enquanto as marcas locais (18% das vendas) caíram 2%.
É em torno destas seis marcas que a Diageo concentra os esforços de marketing e já coloca duas das suas marcas no top 10 das bebidas espirituosas mais vendidas.
Mercados em crescimento
A base de consumidores que podem pagar bebidas espirituosas high-end está em crescimento graças ao alargamento da classe média em mercados-chave como a China.
Estima-se que 470 milhões de consumidores acedam às marcas do grupo até 2032.
Ao mesmo tempo, nos últimos cinco anos, o mercado global de bebidas alcoólicas cresceu a uma taxa anual de 4%, mas as bebidas espirituosas progrediram 6%.
Os consumidores afastam-se da cerveja e do vinho a favor das bebidas espirituosas, que oferecem maior variedade de sabores.
Por fim, cada vez mais consumidores optam por bebidas de maior qualidade, “autênticas e artesanais”.
Esta tendência de “subir no mercado e no preço” para produtos premium é um motor adicional de progressão perante a estagnação dos volumes em certos mercados ocidentais.
Evitar ressacas
Apesar dos bons fundamentais, no imediato, a Diageo enfrenta a desaceleração da procura nos EUA, o seu principal mercado. A diminuição do poder de compra levou muitos consumidores a optar por bebidas mais baratas.
Este desafio surge num momento de aumento dos custos de produção (energia, cereais, etc.). No entanto, esperamos que a Diageo consiga manter as margens a um nível elevado.
Além da sua capacidade de aumentar preços, pode apostar em produtos ainda mais elaborados. Estas marcas super-premium geram agora 27% das vendas (18% há quatro anos).
Trunfos
A diversificação da carteira de produtos ajuda a enfrentar os desafios: ampla gama a vários preços e ativa em mercados desenvolvidos e emergentes.
A Diageo junta-lhe um sólido balanço, elevado nível de liquidez e uma dívida controlada. Assim pode ser generosa para com os seus acionistas, nomeadamente através do dividendo, o qual tem aumentado desde a criação do grupo, em 1997.
E recentemente, a Diageo tranquilizou ao confirmar as suas previsões para 2023-2025: crescimento orgânico da receita entre 5 e 7% ao ano e do lucro operacional de 6 a 9%.
Esperamos lucros por ação de 170 pence no exercício de 2023/24, 180 pence em 2024/25 e 190 pence em 2025/26.
Conselho
A recente queda da cotação e os reduzidos rácios de valorização, incluindo cotação/lucros esperados de 18 (média de 24 nos últimos 10 anos), não se justificam.
O catalisador para a valorização das ações será a retoma do mercado norte-americano. Claro que há o risco que prossiga a desaceleração da economia dos EUA, mas é pouco provável.
A Diageo tem baixo perfil de risco, uma política atrativa de dividendos e a cotação está em níveis interessantes. Alteramos o conselho e passamos a recomendar a compra.
Cotação à data da análise: 3 099,50 pence.