A DEME é líder mundial em áreas altamente especializadas. As duas principais atividades são a Dragagem e a Energia Offshore, na qual a DEME é pioneira. Em conjunto, estas divisões reúnem uma frota de 68 embarcações mais modernas do mundo e 94% da carteira de encomendas. A DEME está também ativa no tratamento de solos poluídos (Ambiente) e na construção de extensões portuárias, túneis e ilhas artificiais (Infraestruturas).
Dragagem
A DEME gera 55% do volume de negócios através das atividades de dragagem e infraestruturas... atividades tipicamente cíclicas, mas que começam a beneficiar de tendências estruturais importantes (proteção das costas contra a erosão e subida das águas).
Após a crise financeira de 2008, o negócio enfrentou uma sobrecapacidade. Depois, só em 2015, o megaprojeto de expansão do Canal de Suez permitiu ocupar as capacidades excedentes. E desde 2020, a situação melhorou com a multiplicação de projetos, nomeadamente na indústria petrolífera.
Para os próximos dois a três anos, o aumento da capacidade de dragagem deverá ser limitado (parte da frota mundial está obsoleta e tem de ser desmantelada). Para a DEME, tal deverá resultar numa maior taxa de utilização da capacidade, recuperação das margens e melhores resultados. A DEME tem cerca de 17% do mercado global de dragagem.
Aposta eólica
Para a DEME, a aposta clara para o futuro está na instalação de energia offshore. Após anos de investimento em embarcações utilizadas para instalar turbinas eólicas offshore, a DEME está bem posicionada neste mercado.
A exploração da energia eólica no mar é realizada apenas por 19 países (contra 115 na eólica em terra) e, na maioria dos casos, somente numa fase inicial.
Agora, este segmento irá lucrar com as medidas que muitos países, após a guerra na Ucrânia, avançaram para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis. O objetivo da Europa é aumentar a capacidade total dos parques offshore dos 32 GW atuais para 160 GW até 2030 e 450 GW até 2050!
A dimensão da tarefa pode mesmo levar a uma escassez de embarcações utilizadas para a instalação de turbinas eólicas no mar e beneficiar a DEME, que já detém uma quota de mercado de 20% nesta atividade.
O negócio de energia eólica offshore contribuiu com 35% para o volume de negócios em 2022 e representa 51% de uma carteira de encomendas em níveis recorde.
Além da Europa, a DEME está ativa na Ásia e posiciona-se como um futuro líder nos Estados Unidos onde o offshore promete tornar-se tão importante como o europeu.
Últimos resultados
No primeiro semestre, as receitas aumentaram 14% para 1,475 mil milhões de euros e a carteira de encomendas cresceu 24% desde o final de 2022 para um novo recorde de 7,65 mil milhões de euros. No entanto, a margem EBITDA aumentou apenas ligeiramente para 15% (14,8% há um ano).
Como estimávamos, a rentabilidade no negócio da Dragagem continua a recuperar. Ao invés, nas atividades eólicas offshore (já em 43% das receitas), a rentabilidade acabou por ser inferior ao esperado (margem EBITDA de apenas 12%). Este negócio foi afetado pelo custo de lançamento de grandes projetos e encargos excecionais relacionados na expansão das atividades nos EUA e na Ásia. Contudo, a margem deve melhorar no segundo semestre.
A DEME está confiante no progresso dos seus projetos e, entre outros fatores, destaca um aumento da taxa de utilização da sua frota. Assim, confirmou a meta global para 2023: aumento das receitas e manutenção da margem EBITDA num nível semelhante ao de 2022 (17,8%).
Conselho: Comprar
A dragagem, atividade histórica da DEME, irá continuar a refletir o crescimento económico global, mas o negócio de energia eólica offshore suportará o crescimento das receitas (5-6% ao ano) e uma melhoria da margem. Estimamos uma boa progressão dos lucros por ação: 4,65 euros em 2023 e 6,12 euros em 2024.