O grupo Altri beneficiou da evolução favorável dos preços de pasta pelo que, em 2022, o nível de receitas totais atingiu cerca de 1 066 milhões de euros (ME), um aumento de 34,4% face a 2021.
O Grupo obteve um EBITDA recorde de 301,4 ME, 32,4% acima de 2021. O resultado líquido foi de 152,1 ME, um aumento de 23%, o que equivale a 0,74 euros por ação.
Estes bons resultados já eram esperados, tendo em conta a evolução favorável de preços da pasta que se viveu durante todo o ano de 2022.
No entanto, o contexto inflacionista de subida de vários custos variáveis (gás natural, eletricidade, produtos químicos e madeira) limitou a evolução das margens.
A margem EBITDA foi de 28,3% em 2022, mantendo-se quase inalterada em relação a 2021.
O rácio de Dívida Líquida/EBITDA era de 1,1X no final de 2022, o que implica um nível de dívida líquida de 325,8 ME, o que compara com 344,0 ME no final do 2021.
A Altri também comunicou que quer entregar aos seus acionistas um dividendo, composto por ações da Greenvolt (11 ações da Greenvolt por cada 100 da Altri) e outro em dinheiro (até 0,25 euros por ação).
Perspetivas
O mercado de pasta global está atualmente num processo de normalização. Muitas das restrições de abastecimento globais dos últimos anos deverão ser ultrapassadas.
Como tal, é de esperar que os preços de pasta e papel continuem a trajetória descendente em que se encontram, depois dos máximos históricos atingidos em 2022.
Ainda que a reabertura económica da China possa contribuir para a absorção de grande parte da capacidade dos novos projetos, cuja produção poderá começar a chegar ao mercado em 2023.
Na vertente dos custos, também se verificou alguma estabilização dos preços durante o 4º trimestre de 2022 e no início de 2023.
A decisão final em relação ao projeto Gama continua por anunciar. Trata-se da construção e exploração de uma nova unidade industrial na Galiza cujo investimento deverá rondar os 750 ME.
Um projeto desta envergadura terá sempre um grande impacto nos lucros futuros pelo que, até ao anúncio da decisão, será difícil estimar com precisão o impacto nos resultados dos próximos anos.
Ainda assim, prevemos lucros por ação de 0,59 euros em 2023 e 0,57 em 2024.
Conselho
Quando fizemos a análise dos últimos resultados trimestrais referimos que seria uma boa altura para ponderar reduzir um pouco a sua exposição à ação.
De facto a cotação caiu -13,6% em bolsa desde então. Neste momento, não é uma boa altura para vender.
A empresa apresenta um potencial de crescimento considerável e tem uma política de dividendos estável.
Parece-nos demasiado penalizada em bolsa neste momento. Mantenha.