A Galp obteve, em 2022, um lucro de 1,81 euros por ação. Este valor ficou acima do esperado, graças à subida do preço do petróleo (+43% em termos médios face a 2021) e ao aumento da margem de refinação (mais do que triplicou), mas também a fortes ganhos financeiros não recorrentes relativos à atualização do valor de mercado de produtos derivados.
Sem fatores não recorrentes, o lucro foi de 1,08 euros por ação, mais 93% face a 2021. O EBITDA aumentou 66%, apesar do grupo ter perdido dinheiro no negócio de comercialização de gás devido a problemas no abastecimento, situação que irá melhorar em 2023.
Até a área de Renováveis e Novos Negócios já teve uma contribuição positiva, apesar de ainda ter um peso muito baixo no seio do grupo.
A nível financeiro, a dívida líquida recuou 34%, robustecendo ainda mais a solidez do grupo, que acaba de anunciar um novo programa de compra de ações próprias para 2023 no valor de 500 milhões de euros (ME), face aos 150 ME do anterior.
A Galp anunciou ainda a venda dos seus ativos de exploração e produção de petróleo em Angola à Somoil, por 830 milhões de dólares. São pequenas posições em campos petrolíferos já com alguma maturidade e cujo peso na produção do grupo não excede os 15%.
As perspetivas para 2023 são positivas, mas não tão boas como em 2022. A Galp prevê uma produção superior a 110 mil barris por dia (127 mil em 2022), uma margem de refinação elevada de 9 euros por barril (abaixo dos 11,6 euros de 2022) e um aumento da capacidade instalada nas energias renováveis de apenas 0,2 GW, para 1,6 GW, apesar do seu pipeline no final de 2022 ser de 9 GW e de querer atingir os 4 GW até 2025.
Tudo somado, o grupo espera um EBITDA de 3,2 mil ME (3,85 mil ME em 2022).
Para 2023, baixámos a previsão de lucros por ação de 1,17 para 1,09 euros para refletir a queda da produção de petróleo, mas, para 2024, subimos a estimativa de lucros de 1,09 para 1,17 euros devido ao crescimento dos novos negócios.
O nosso conselho
Os resultados beneficiaram da boa conjuntura do setor petrolífero. A venda dos ativos em Angola é mais um sinal da transformação em curso na empresa e da aposta na descarbonização.
Cotação à data da análise: 11,58 euros