A Sonae anunciou o lançamento de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a Sonaecom, da qual detinha 89,97% dos direitos de voto, a 2,50 euros por ação, com o objetivo de a retirar de bolsa.
A oferta representa um prémio de 32,6% face à cotação média dos últimos seis meses (1,89 euros) e de 25% face à cotação antes do anúncio (2 euros).
Dado que a Sonae deverá reforçar os seus direitos de voto para mais de 90%, através da aquisição de ações em bolsa, mesmo que a OPA, cujo calendário ainda não está definido, não atinja os 100% do capital, é provável que a Sonae consiga lançar uma OPA potestativa, que implicará a saída de bolsa.
Logo, os acionistas da Sonaecom deverão vender já em bolsa a 2,50 euros (cotação atual) ou perto desse valor, ou vender apenas na OPA, já que a empresa deverá sair de bolsa e uma revisão em alta do preço da oferta é muito improvável.
Para a Sonae pouco se altera. É certo que a compra implica um investimento de 76,7 ME mas a saída de bolsa da Sonaecom faz sentido, pois permite maior flexibilidade na gestão e o título tinha pouca liquidez em mercado.
Após o fim da parceria com a empresária angolana Isabel dos Santos relativa ao controlo da NOS, a Sonaecom passou a deter uma participação direta de 26,07% no capital dessa operadora (a Sonae detém ainda diretamente mais 10,78% da NOS), sendo este o seu principal ativo, a par de outros ativos de tecnologia e media.
Enquanto esperamos pelas contas anuais, mantemos as previsões de lucros por ação de 0,17 euros em 2022 e de 0,11 em 2023.
Conselho
A retirada de bolsa da Sonaecom é lógica e parece-nos positiva. Contudo, não terá um grande impacto no seio do grupo e na cotação da Sonae, cuja evolução depende sobretudo da evolução da conjuntura económica.