Análise

Em destaque: Alphabet, BBVA, General Electric, Mapfre, Microsoft, Philips, Roche, Santander

Publicado em:  03 maio 2022
Tempo estimado de leitura: ##TIME## min.

Partilhe este artigo

Ações em destaque esta semana.

Alphabet (Google)

Embora os resultados do primeiro trimestre não tenham agradado a todos, estiveram longe de ser dececionantes. Antes de mais, é normal que o desempenho normalize no rescaldo da pandemia que tinha impulsionado a atividade.

Embora o crescimento das vendas tenha abrandado em relação aos trimestres anteriores, continua em bom plano: +23% em termos homólogos. Uma evolução possibilitada pelo aumento de 22% das receitas publicitárias (80% do volume de negócios) e de 44% das receitas da área de cloud (9% do VN).

E se o lucro líquido diminuiu 8% (em termos homólogos) deve-se ao fraco desempenho das participações em empresas (cotadas e não cotadas). O resultado financeiro foi uma perda de 1,2 mil milhões de dólares. No entanto, não pôs em causa a rentabilidade do core business.

Os lucros operacionais subiram 22% para 20 mil milhões de dólares e a margem manteve-se estável em 30%. Apesar do mercado da publicidade online estar a abrandar em comparação com o pico da pandemia, a Alphabet continua bem posicionada para beneficiar da transformação e do comércio digital.

Após um excecional 2021, o crescimento do grupo americano abrandou, mas mantém-se sólido. Se a deterioração das perspetivas económicas penalizar mais o mercado publicitário nos próximos meses, a Alphabet continua bem preparada para beneficiar da transformação digital. Manter.

BBVA

O banco espanhol BBVA subiu em 23% o preço da oferta de aquisição, lançada em novembro, sobre os 50,1% que não controla da sua subsidiária turca Garanti.

A medida visa convencer os acionistas que já tinham perdido o interesse na operação após o colapso de 40% sofrido pela lira turca neste período.

Mas é precisamente o colapso da moeda local face ao euro permite ao BBVA economizar 264 milhões, apesar do aumento do preço da oferta. Consideramos que é uma operação interessante. Manter.

General Electric

Após anos de reestruturação (reduções de custos, alienações, gestão da enorme dívida, impacto da covid, preparação para a cisão das atividades), a GE esperava que o negócio ressuscitasse de uma base mais sólida.

Será mais complicado do que o esperado. Numa conjuntura económica marcado pela inflação dos custos e perturbações logísticas (China e a Rússia), o grupo ainda não está à altura da tarefa.

No primeiro trimestre, a situação económica for bastante favorável à atividade da aviação (+12% de receitas), em fase pós-covid, mas na saúde e energia os lucros estão a diminuir.

Globalmente, apesar das encomendas terem subido +13%, o volume de negócios cresceu organicamente apenas 0,8% e os resultados ficaram no vermelho.

A médio prazo, a GE parece incapaz de aumentar os seus preços de venda e de adaptar as suas capacidades de produção. Por isso, a administração está mais cautelosa em relação a 2022.

Espera agora que o lucro por ação (excluindo certas custos) esteja agora na parte inferior do intervalo de 2,8 a 3,5 dólares. E pode haver novas revisões em baixa nos próximos trimestres.

A administração da GE está a ter dificuldades em lidar com a turbulência económica. O grupo já não domina os seus mercados como outrora.

Nestas condições é difícil recuperar a confiança dos investidores. A cotação baixou, mas ainda não o suficiente para mudarmos o nosso conselho. Vender.

Mapfre

O aumento dos acidentes com automóveis no regresso à normalidade e o aumento dos custos devido à inflação atingiram a Mapfre. O lucro da seguradora situa-se nos 0,05 euros por ação, -10,9% do que no ano anterior.

A diminuição contrasta com a evolução das receitas (+3,6%) impulsionada pelo bom desempenho do resto dos seus negócios. A Mapfre está a negociar com um desconto em comparação com o resto do setor. Comprar.

Microsoft

O gigante informático norte-americano superou as expectativas no terceiro trimestre de 2021/22 (fecho anual: 30/06). A receita subiu 18% e os lucros por ação 14%. A Microsoft afirma continuar a ganhar quota de mercado na maior parte das atividades. O negócio cloud destaca-se com as receitas a subirem 32%.

E, com base em encomendas acima das expectativas (+28%), o grupo está otimista para o trimestre em curso e seguintes. Indicou que a procura dos seus produtos e serviços continuaria bem orientada mesmo em caso de desaceleração económica.

As soluções que oferece, nomeadamente na cloud, permitem aos seus clientes reduzir custos e contrariar os efeitos inflacionistas. Está também confiante na sua capacidade de aumentar preços tendo em conta a qualidade da sua oferta e a complexidade que os seus clientes enfrentam para mudar de fornecedor.

Financeiramente sólida, a Microsoft continua a comprar ações próprias: nível recorde de 8,8 mil milhões de dólares no terceiro trimestre. Revemos em alta as estimativas de lucro por ação: 9,8 dólares em 2021/22 e 11 dólares em 2022/23 (antes 9,3 e 10,4, respetivamente).

A Microsoft superou as expectativas e está confiante para os próximos trimestres. Continua a ganhar quota de mercado e a digitalização da economia não abranda.

Os pontos fortes do grupo, para enfrentar um contexto económico difícil, não estão suficientemente refletidos na cotação. Comprar.

Philips

Outra desilusão no primeiro trimestre com as vendas a caírem 4%, ainda impactadas pela recolha de dispositivos para doenças respiratórias e pela escassez global de peças sobressalentes.

Mais preocupante, a Philips está a voltar aos prejuízos devido aos custos relacionados com os respiradores. Custos totais que ainda são difíceis de quantificar devido às queixas em curso. Revemos em baixa as nossas previsões. Vender.

Roche

O laboratório suíço reportou vendas melhores do que o esperado no primeiro trimestre, impulsionadas por uma recuperação no negócio farmacêutico e as vendas elevadas de testes para a covid-19.

A receita aumentou 11% (excluindo efeitos cambiais). Um bom desempenho em que ambas as divisões participaram. Por um lado, a divisão de Diagnóstico, com um de 24%, e que mais uma vez beneficiou da forte procura de testes de deteção da covid.

Contudo, espera-se que a procura diminua significativamente. Até que ponto? Ainda é muito cedo para dizer e vai depender da evolução dos casos de Covid e das dispendiosas políticas de despistagem dos Estados.

Por outro lado, a divisão de Medicamentos com prescrição, que gera a maior parte do volume de negócios, cresceu 6% graças aos novos tratamentos e ao impacto menos importante da concorrência dos biossimilares aos produtos emblemáticos da Roche.

Para 2022, a perspetiva foram confirmadas pela previsão de vendas (excluindo efeitos cambiais) estáveis ou com crescimento ligeiro. Uma estimativa que inclui o declínio esperado nas vendas de tratamentos e diagnósticos relacionados com a covid-19.

Mantemos as estimativas de lucros por ação em 17,2 francos suíços para 2022 e 17,8 francos para 2023. Embora abrande a benesse dos testes à covid confirmamos o conselho de compra para a Roche, uma farmacêutica com um bom pipeline. Comprar.

Santander

O Banco Santander fechou o primeiro trimestre com um lucro de 0,14 euros por ação. Um aumento de 58% face ao mesmo período do ano anterior, quando registou um prejuízo de 0,03 euros por ação devido a custos de restruturação.Sem os ter em conta, o lucro aumentou 19%.

O intenso trabalho comercial nos primeiros meses do ano resultou na captação 7 milhões de clientes para atingir 155 milhões em todo o grupo. O impacto negativo que a inflação terá no crescimento económico será diferente em cada região e nas empresas, pelo que a diversificação geográfica do Santander será novamente fundamental.

Os Estados Unidos (23% do lucro) e o Brasil (24,5%) continuam a ser os pilares. A Europa contribuiu com 30% dos lucros do Santander, metade em Espanha.

As perspetivas macroeconómicas têm se deteriorado especialmente na Europa e a incerteza política no Brasil e no México lança dúvidas sobre esses países.

Ainda assim, o Santander confirmou os objetivos para 2022: aumento de receitas de cerca de 5% no final do ano (+8% no primeiro trimestre). Manter.

 

O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROteste, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições.