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Em destaque: Eni, GlaxoSmithKline, Michelin
Há 3 meses - 20 de abril de 2022Eni
As consequências da guerra na Ucrânia e, em particular, a necessidade urgente de encontrar alternativas ao gás russo, estão a influenciar a atividade da Eni. A petrolífera italiana reage à crise criando novas alianças para aumentar a oferta.
No espaço de apenas dois dias, chegou a acordo com a Sonatrach para incrementar os volumes transportados pelo gasoduto argelino e, em seguida, com a EGAS para aumentar a produção e exportação de gás egípcio para a Europa e, em particular, para a Itália.
No entanto, é cedo para avaliar os impactos financeiros destas escolhas estratégicas que, aliás, no contexto atual, parecem inevitáveis. Entretanto, a Eni está também a avançar na frente das fontes renováveis, outra forma de reduzir a dependência de Moscovo.
No início de abril, por exemplo, divulgou o desenvolvimento de dois parques eólicos ao largo da Costa da Sicília e da Sardenha, em colaboração com uma empresa dinamarquesa.
Por enquanto, confirmamos as nossas estimativas de lucros por ação para 2022 e 2023 em 1,56 e 1,57 euros por ação, respetivamente. São valores que ajustámos recentemente após a publicação dos resultados de 2021, que revelaram lucros de 1,63 euros por ação, face ao prejuízo do ano anterior. Manter.
GlaxoSmithKline
A farmacêutica britânica anunciou a aquisição da Sierra Oncology, especializada no tratamento de cancros. A Sierra contribuirá para as receitas da GSK até 2023 se o seu medicamento Momelotinib (mielofibrose) receber, até lá, luz verde da autoridade de saúde dos EUA.
Um pedido de aprovação está previsto para breve. A aquisição está em consonância com a estratégia de fortalecimento da atividade dos anticancerígenos.
Uma estratégia certamente louvável, mas o atraso da GSK nesta área é considerável: em 2021 representou apenas 2,8% do volume de negócios da divisão de medicamentos sujeitos a receita médica.
Com o planeado spin-off para o verão da Haleon, a divisão de produtos sem prescrição, a GSK terá recursos adicionais, bem necessários, para fortalecer o seu pipeline. Manter.
Michelin
Com apenas uma fábrica e cerca de 2% das vendas na Rússia, a Michelin não parecia muito exposta às consequências da guerra na Ucrânia. Porém há que contar com as dificuldades de abastecimento (matérias-primas derivadas do petróleo e resinas provenientes da Rússia) que obrigaram a Michelin a suspender temporariamente a produção da maioria das fábricas europeias.
Tendo em conta estes imprevistos, ainda difíceis de quantificar, e a queda no mercado automóvel europeu (-6,4% nos primeiros dois meses de 2022) é necessário prudência nas perspetivas de curto prazo.
No entanto, a Michelin está em posição de superar os desafios. Em primeiro lugar, beneficia de uma atividade estável porque gera a maior parte das receitas no mercado de substituição (três em cada quatro pneus vendidos) e que, além disso, é mais rentável do que os pneus vendidos aos construtores automóveis ("equipamento original").
Em segundo lugar, pode ainda contar com o valor da sua marca, o qual lhe permite aumentar os preços (três vezes em 2021) e até a margem operacional (12,5% em 2021 contra 9,2% em 2020). Mantemos as previsões de lucros por ação de 12 euros em 2022 e de 12,8 euros em 2023.
As consequências da guerra na Ucrânia e as suas incertezas são difíceis de medir, mas Michelin é capaz de resistir à turbulência e, em particular, tem boa capacidade para defender as suas margens. Manter.
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