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Em destaque: Air Liquide, Anglo American, Enagás, Volkswagen
Há um ano - 4 de março de 2022Air Liquide
Apesar da persistência da pandemia e do aumento significativo dos preços da energia no segundo semestre de 2021, a Air Liquide, especialista em gases industriais e médicos, esteve em bom plano.
As receitas (em base comparável) e os lucros por ação subiram 8,2% e 5,5%, respetivamente, em 2021. Para 2022, o conflito entre a Ucrânia e a Rússia traz um impacto económico ainda incerto e preços da energia elevados.
No entanto, a força do modelo de negócio da Air Liquide é poder repercutir as variações de preços para os clientes na Grande Indústria (complexos industriais) e ao mesmo tempo ajustar estas variações com bastante rapidez aos seus clientes industriais de menor dimensão.
O peso da Rússia continua a ser baixo em termos de volume de negócios, embora opere 18 instalações industriais nesse país. Infelizmente, a situação geopolítica pode travar seriamente a presença da Air Liquide na Rússia, mercado que tinha um potencial de crescimento significativo.
A longo prazo, o grupo beneficiará do hidrogénio no contexto da transição energética. Confiante, a administração aumentou o dividendo de 2021 em 5,5% para 2,9 euros por ação.
A Air Liquide não está certamente imune a todas as perturbações nas economias mas consegue absorver bem os choques. Uma qualidade inegável no contexto atual. Comprar.
Anglo American
O grupo mineiro britânico vê os seus investimentos em metais como o paládio e a platina (35% do lucro operacional em 2021) valorizados pela subida dos respetivos preços.
É uma consequência da invasão russa da Ucrânia e das preocupações com o fornecimento global destes metais, dos quais a Rússia é um grande produtor (40% do paládio e 13% da platina mundial).
Uma rutura duradoura da oferta conduzirá a um aumento sustentado dos preços de venda este ano. A Anglo American não tem minas na Rússia e não está exposta a um risco direto.
Esta valorização das cotações faz também parte de uma procura crescente por estes metais que são incontornáveis para a transição verde em curso.
Se a valorização dos metais se confirmar, as previsões de lucros por ação serão revistas em alta pelos investidores, o que beneficiará a cotação da Anglo American. As nossas estimativas ascendem a 430 pence para 2022 e 350 pence para em 2023 com base na descida dos preços no próximo ano.
A subida atual dos preços de muitas matérias-primas, “ajudada” pelas preocupações com a oferta global, favoreceu a cotação da Anglo American (+20,6% em 2022). As ações continuam a ser atrativas mas são mais arriscadas do que a média. Comprar.
Enagás
A Enagás fechou as contas de 2021 com um lucro de 1,54 euros por ação, menos 9% do que em 2020, mas acima das nossas estimativas (1,52 euros).
Ainda assim, o dividendo do ano chegará aos 1,70 euros por ação, o que representa um rendimento superior a 9%. O corte tarifário fixado pelo Governo espanhol reduziu as receitas mas, graças ao maior uso das suas instalações (procura de gás +5,1%; maior número de descargas de navios de GNL – gás natural liquefeito), as vendas caíram "apenas" 8,6%.
O contributo das empresas participadas no estrangeiro continua a crescer (+24,4%) e representa 40% do lucro após impostos. A política energética europeia (interligação dos mercados, compras conjuntas de gás, desenvolvimento do hidrogénio) pode marcar o futuro da empresa.
A entrada de um investidor financeiro na recém-criada subsidiária do hidrogénio ajudará a impulsionar esta nova linha de negócios com perspetivas de crescimento muito boas e enquanto se aguarda a atribuição de fundos europeus.
Até que cheguem os seus resultados, o investidor beneficia de um rendimento do dividendo muito generoso.
A transição energética marcará a estratégia a longo prazo da Enagás. O crescimento e um elevado dividendo caracterizam esta ação, que está correta valorizada. Manter.
Volkswagen
O construtor alemão revelou os termos para listar cotar a sua marca desportiva Porsche. Primeiro, tal como a empresa-mãe VW, o capital da Porsche será dividido entre ações ordinárias (com direito de voto) e preferenciais (dividendo prioritário).
Segundo, a VW poderá colocar no mercado até 25% das ações preferenciais e a holding familiar compraria 25% das ações ordinárias. A VW continuaria a ser o acionista maioritário da Porsche.
Esta transação dará flexibilidade para acelerar a transformação para a mobilidade elétrica e distribuir 49% do produto da venda aos acionistas (dividendo excecional).
Acima de tudo permitir valorizar melhor o seu principal ativo. A Porsche pesa apenas 3% das vendas globais (300 mil carros num total de 8,9 milhões em 2021), mas a marca de gama alta representou um quarto dos lucros da VW e com uma margem operacional de 15%. Apenas a Tesla consegue aproximar-se desse nível de rentabilidade.
O IPO é esperado antes do final do ano, mas a viabilidade dependerá também da conjuntura das bolsas que de momento é desfavorável.
Ao cotar a subsidiária Porsche, a VW espera beneficiar de uma melhor valorização bolsista.
No entanto, dado o fraco historial nesta área e a complexidade da nova estrutura, a operação, que está longe de ser lançada, pode não corresponder ao esperado. Manter.
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