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Em destaque: Abbott, Accenture, Atlas Copco, BMW, Sanofi, Thales
Há 3 meses - 22 de março de 2022Abbott
A empresa norte-americana de equipamento médico e diagnóstico beneficiou mais do que o esperado dos seus testes à covid, cuja procura foi particularmente forte no final do ano.
No quarto trimestre, com a variante ómicron, os testes atingiram vendas de 2,3 mil milhões de dólares num total de 7,7 mil milhões em 2021, ou seja, 20% das vendas do grupo. Ao mesmo tempo, a divisão de Equipamentos Médicos recuperou bem em 2021, apesar da pandemia limitar este negócio.
Uma evolução possível graças ao sucesso do FreeStyle Libre, sistema de automonitorização de glicose para diabéticos, e o lançamento de novos produtos cardiovasculares homologados nos EUA.
Mas 2022 promete ser muito menos frutífero. Espera-se uma diminuição drástica da procura de testes à covid à medida que a vacinação se expande e o vírus está a tornar-se mais gerível.
A longo prazo, continua a ser difícil estimaras vendas de testes que dependerão da evolução do vírus e das políticas de saúde. Os Estados não poderão continuar a gastar milhares de milhões de dólares por ano nestes testes.
Ainda esperamos lucros por ação de 3,5 dólares em 2022 e 3,9 dólares em 2023. Depois dos bons resultados de 2021, a Abbott avança com previsões muito cautelosas para 2022. Também preferimos prudência especialmente porque as ações estão bem valorizadas. Manter.
Accenture
A gigante norte-americana de consultoria e serviços às empresas superou as nossas expectativas no segundo trimestre de 2021/22 (fecho anual a 31/08). As receitas e lucros por ação aumentaram 24% e 25%, respetivamente.
E o aumento de 22% dos contratos permitiu um novo recorde de 19,8 mil milhões de dólares e augura bem para o crescimento futuro. Pouco presente na Rússia (0,2% do VN) e ausente da Ucrânia, a Accenture não é impactada pela guerra.
Assim, apesar da subida do preço das matérias-primas e as incertezas económicas, elevou os objetivos para 2021/22, prevendo agora um aumento das receitas entre 24% a 26% (antes 19%-22%) e lucros por ação a subir para 10,61 a 10,81 dólares.
A administração orgulha-se de continuar a ganhar quota de mercado graças, em particular, aos investimentos contínuos para reforçar competências no digital e na segurança informática que são muito procuradas pelos seus clientes empresariais.
Revemos ligeiramente as nossas estimativas de lucros por ação: 11,2 dólares em 2021/22, 12,4 em 2022/23 e 13,35 em 2023/24.
Apesar da guerra na Ucrânia, a Accenture está mais confiante para o ano fiscal em curso e aumentou os seus objetivos. Os rácios de valorização são um pouco superiores aos dos concorrentes, mas justifica-se plenamente tendo em conta as qualidades fundamentais do grupo. Comprar.
Atlas Copco
O grupo sueco realizou três pequenas aquisições nos equipamentos de bombas & compressores e para a produção semicondutores. Operações sem impacto imediato nos resultados mas que contribuem para a expansão geográfica da Atlas.
As nossas estimativas têm em conta a desaceleração da economia europeia (30% do VN) mas a perspetiva de medidas de estímulo na China (20%) é uma boa notícia.
Os resultados do primeiro semestre deverão estar sob pressão apesar de o grupo fazer apenas 1,5% das suas vendas na Rússia. Comprar.
BMW
Tal como a dos concorrentes, a produção da BMW está a ser perturbada pelo conflito militar na Ucrânia. Por ocasião da publicação dos resultados (recorde) de 2021, o construtor germânico tentou quantificar o impacto na atividade este ano, prevendo uma margem operacional entre 7 e 9% para a divisão automóvel (85% das receitas).
Sem a guerra, a meta seria uma margem entre 8 e 10%, depois de um pico de 10,3% em 2021. Entretanto, espera que as entregas se mantenham estáveis em 2,5 milhões de unidades (incluindo Mini e Rolls-Royce).
Estas previsões também têm em conta a situação tensa nos mercados das matérias-primas e da energia. Num contexto em que os choques externos se multiplicam, pois continua a haver pandemia e escassez de semicondutores, a BMW até está a sair-se bem.
Esta solidez deve-se ao seu posicionamento premium que permite praticar preços elevados sem prejudicar as vendas. A dinâmica e rentabilidade do mercado chinês, onde vendeu 848 mil veículos no ano passado (+9%), ou seja, mais de um terço do total das entregas, permite-lhe superar melhor os desafios atuais.
A guerra na Ucrânia levou à revisão de margem para 2022. A cotação, que está a negociar em 6 vezes o lucro esperado em 2022, parece ter em conta essas repercussões.
Porém, continua a ser difícil estimar as consequências a longo prazo do conflito. Manter.
Sanofi
A farmacêutica anunciou que o Amcenestrant, tratamento experimental para o cancro da mama, não cumpriu o seu objetivo de eficácia num estudo da Fase II (intermédio).
Um anúncio dececionante que demonstra a dificuldade da Sanofi em se reforçar na oncologia. Mas nem tudo está perdido, pois decorrem outros estudos.
Depois de uma reação bastante negativa, a cotação recuperou bem. Mantemos o conselho de compra.
Thales
A pretensão dos países europeus para aumentar as despesas militares é uma oportunidade de crescimento adicional para o grupo de Defesa francês apesar de, por enquanto, ser difícil quantificar.
A Thales pode também contar com as vendas em curso dos aviões Rafale fabricados pela empresa compatriota Dassault, e para os quais fornece os sistemas eletrónicos.
O grupo pode, por isso, avançar com objetivos para 2022 que vão ao encontro das nossas expectativas e estão em consonância com os bons resultados de 2021, onde se destacou o nível histórico de encomendas (+18%).
O grupo tem como meta aumentar as receitas, excluindo aquisições, entre +2% e +6%, impulsionadas pelas perspetivas da divisão Defesa & Segurança (53,5% das receitas).
Do lado da rentabilidade, confirma-se o regresso a uma margem pré-covid entre 10,8% e 11,1% (10,2% em 2021). A administração quer tranquilizar referindo apenas aquisições localizadas até 500 milhões de euros para reforçar os seus negócios core.
Recentemente, o desejo de crescimento externo no mercado francês tinha preocupado os investidores. Resta, saber se o grupo irá mesmo exercer essa prudência.
A valorização das ações da Defesa beneficiaram a Thales, cuja cotação subir 44% desde o início do ano devido à guerra na Ucrânia. Uma diminuição do conflito pode colocar a cotação sob pressão. Ao nível atual, a ação não é dispendiosa. Comprar.
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