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Em destaque: Enel, Euronav, Gilead, Melexis, Solvay, Vodafone
Há um ano - 10 de fevereiro de 2022Enel
Os primeiros dados sobre 2021 indicam que o volume de negócios cresceu 33,8%. O resultado deve-se, em grande parte, a atividades recorrentes, por exemplo, ao progresso das Infraestruturas e redes (a recuperação económica impulsionou a procura de energia) e da Enel Green Power.
Em parte, porém, o progresso deve-se também à venda de 50% da Open Fiber, o que compensou a tendência negativa das taxas de câmbio, particularmente na América Latina. A venda da Open Fiber teve também um efeito positivo nos lucros operacionais da Enel, que aumentaram 6,7%.
O único ponto a destoar é o aumento da dívida, em particular devido aos investimentos e à compra de uma participação adicional na Enel Americas, mas mantém-se em níveis que não são preocupantes.
Enquanto se aguardam os resultados completos de 2021, aumentamos as nossas estimativas de lucros por ação para 0,46 euros para 2021 e 2022.
Não alteramos as estimativas de lucros para 2023 de 0,5 euros por ação. Manter.
Euronav
Sem surpresa, os prejuízos marcaram o quarto trimestre. O exercício de 2021 terminou com uma perda de 1,43 euros por ação, em linha com as nossas expectativas.
A recuperação das tarifas de transporte no final do verão e outono foi de curta duração. A variante ómicron estragou o final do ano ao reduzir as tarifas de transporte.
O primeiro semestre ainda estará no vermelho mas, se a recuperação foi adiada, ainda está no horizonte. O excesso de oferta de embarcações tende a ser absorvido (reciclagem de barcos antigos) e as quantidades de petróleo transportadas, ainda aquém dos níveis de 2019, estão a aumentar.
As reservas estratégicas globais de petróleo também estão no nível mais baixo em seis anos e terão de ser repostas.
O regresso aos lucros este ano ainda parece provável. Se aceita o maior risco pode comprar.
Gilead
Os resultados do quarto trimestre da Gilead, especialista em doenças infecciosas, foram penalizados pelos custos de investigação devido à expansão da colaboração com a Arcus (para expandir o pipeline) e as despesas de contencioso com a GSK (Biktarvi).
Os lucros por ação para 2021 ficaram, portanto, abaixo das expectativas de 4,96 dólares. Ao invés, as receita de 2021 (+11%) superaram o esperado graças ao Veklury (ex-Remdesivir), o tratamento antiviral para pessoas hospitalizadas com covid-19, que alcançou vendas de 5,6 mil milhões de dólares (20% das vendas totais).
Em 2022, Gilead espera vendas de 2 mil milhões de dólares, antecipando taxas de hospitalização mais baixas após a vaga causada pela variante ómicron.
Excluindo o Veklury, a Gilead limitou a rutura nos tratamentos de VIH cujas vendas caíram 4% (concorrência dos genéricos sobre o Truvada e Atripla) graças ao bom desempenho do Biktarvi (+19%). Globalmente, as perspetivas estão em consonância com as nossas expectativas.
Mantemos a estimativa de lucros por ação em 5 dólares para 2022 e 4,9 dólares para 2023.
Como se esperava, o impulso dado pelo Veklury diminuirá em 2022. A longo prazo, o Biktarvy e o Trodelvy suportarão o crescimento enquanto se aguarda a contribuição da carteira de oncologia em desenvolvimento.
As perspetivas da Gilead não são suficientemente valorizadas pelo mercado. Comprar.
Melexis
Em 2021, as receitas aumentaram 26,9%, o resultado operacional 96,5% (margem operacional passa de 14,9% a 23,1%) e o lucro líquido 89,2%. Assim, a Melexis superou as suas próprias expectativas que tinha aumentado pela terceira vez em outubro. Os lucros por ação foram de 3,25 euros e o dividendo subiu 18,2% para 2,60 euros, metade dos qual já pago em outubro.
A Melexis lançou 16 novos produtos e realizou 89% das vendas ao setor automóvel. Cada carro recém-produzido agora contém em média 18 chips da Melexis (13 há um ano), um número que quer aumentar para 20.
Mas também quer expandir-se noutros em mercados (robótica, bem-estar, neutralidade climática, mobilidade alternativa, computadores & redes) para ser menos dependente do automóvel (objetivo de 20% não-automóvel contra os atuais 10%).
Em 2022, a Melexis espera um crescimento do volume de negócios de 12 a 17%, principalmente devido ao aumento dos preços (inflação e escassez) porque as dificuldades de fornecimento colocam um travão nos volumes.
Visa também as mesmas margens (operacional de 23%). Revemos em alta as nossas estimativas de lucros por ação de 3,53 para 3,72 euros em 2022 e de 3,94 para 4,14 euros em 2023.
A escassez de semicondutores continua a ser um desafio, mas o crescimento a longo prazo permanece intacto.
As margens propostas para 2022 são pouco ambiciosas mas criam espaço para surpresas positivas. Comprar.
Solvay
A Solvay anunciou um investimento de 300 milhões de euros até ao final de 2023 para reforçar a sua posição de liderança no polímero PVDF (usado nas baterias de iões de lítio e essencial para a densidade energética, segurança e potência das baterias) e poder satisfazer a crescente procura de baterias para veículos elétricos.
A Solvay pretende mais do que triplicar as vendas de materiais destinados ao setor automóvel até 2030 (±7,5% das vendas estimadas em 2021).
O grupo publicará os seus resultados anuais a 23 de fevereiro. Não se esperam surpresas. Manter.
Vodafone
No terceiro trimestre de 2021/22 (fecho anual a 31/03), a receita aumentou 2,7% numa base comparável. Um crescimento reduzido mas em linha com as nossas expectativas e comparável ao dos seus concorrentes europeus. A Vodafone confirmou ainda o objetivo de um aumento de 6,5% do lucro anual numa base comparável.
Na Alemanha, o principal mercado (30% das receitas) e no Reino Unido (13%), o volume de negócios cresceu ligeiramente (cerca de 1%). Por seu turno, em Itália (12%) e em Espanha (10%), onde a concorrência e a pressão sobre os preços são mais agudas, houve novamente um declínio.
Nestes dois países, a Vodafone procura iniciar fusões com outros players de mercado, como tem feito noutros locais. Em Itália surgiram rumores de aproximação com a Iliad. Uma estratégia de fusões, aquisições e alienações que pontua a vida do grupo há muitos anos, mas cujo sucesso não é evidente.
A Vodafone registou prejuízos em vários exercícios e a pesada dívida continua a ser um travão ao desenvolvimento. Mantemos as nossas estimativas de lucros por ação de 7,4 pence em 2021/22 e 8,1 pence em 2022/23.
O grupo reiterou o objetivo de um crescimento de 6,5% dos resultados operacionais em 2021/22. Para os próximos anos, espera uma média de 5% ao ano. Um objetivo pouco ambicioso e já refletido na cotação.
O principal atrativo continua a ser o pagamento de um bom dividendo. Manter.
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