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- Em destaque: Ahold Delhaize, Nestlé, Reckitt Benckiser, Schneider, VF Corporation
Em destaque: Ahold Delhaize, Nestlé, Reckitt Benckiser, Schneider, VF Corporation
Há um ano - 24 de fevereiro de 2022Ahold Delhaize
O grupo de distribuição é um dos vencedores da pandemia, mas as previsões prudentes desiludiram os investidores. Em 2021, o grupo belga-neerlandês obteve um lucro por ação de 2,18 euros e um dividendo de 0,95 euros.
No entanto, está cauteloso quanto às perspetivas de lucro para os próximos anos, o que levou a cotação a reagir mal.
A Ahold Delhaize espera uma margem operacional de, pelo menos, 4% em 2022 (4,4% em 2021) e os lucros por ação (excluindo itens não recorrentes) deverão manter-se estáveis ou mesmo recuar até 5%.
Consideramos que estas previsões do grupo são demasiado pessimistas. Estimamos lucros por ação de 2,20 euros em 2022 e de 2,26 euros em 2023. Comprar.
Nestlé
A Nestlé registou um bom 2021. A receita orgânica cresceu 7,5% (5,5% em volume e 2% em preço), impulsionada pelos hábitos de teletrabalho herdados da pandemia (café +9,7% e vendas online +15,1%).
O quarto trimestre foi melhor do que o esperado. O grupo conseguiu aumentar os preços em 3,1% para ter em conta a inflação dos custos. O aumento de 41,1% no lucro por ação para 6,06 francos suíços é enganador devido à mais-valia com a venda de parte da sua participação na L'Oréal (a um bom preço).
Sem esse efeito, o lucro por ação subiu 5,1% para 4,42 francos. A Nestlé parece mais preparada para enfrentar a inflação do que outros grupos. Por um lado, tem uma proporção bastante grande de produtos premium (35% do volume de negócios), cujos preços são mais flexíveis.
Por outro lado, está relativamente menos presente nos países emergentes, onde as pressões de custos são mais fortes, e colhe os benefícios da sua estratégia nos mercados desenvolvidos onde o crescimento está no nível mais elevado (7,2% em 2021) dos últimos 10 anos.
Tendo perdido apenas 0,3% na rentabilidade operacional em 2021 (17,4%), pretende obter entre 17% e 17,5% em 2022. Manter.
Reckitt Benckiser
Em 2021, o grupo britânico de bens de consumo reposicionou o seu portefólio de negócios. Por um lado, vendeu a IFCN China (leite infantil) e a Scholl (cuidados para os pés). Por outro, adquiriu a Biofreeze (alívio da dor).
A saída da IFCN China, resultante da aquisição da Mead Johnson em 2017, e que foi penalizada pela queda da taxa de natalidade na China, obrigou ao reconhecimento de fortes depreciações, resultando numa perda por ação (4,5 pence).
Mas mesmo numa base ajustada (excluindo itens não recorrentes e a IFCN China), o lucro e a margem operacionais (24,5% em 2020 para 22,9% em 2021) diminuíram devido ao aumento dos custos com matérias-primas, energia e transporte.
Em 2022, o grupo quer recuperar a margem operacional, aumentando os preços sem atingir a procura dos consumidores. A Reckitt tem um certo poder de mercado com produtos reconhecidos mas, no atual contexto inflacionista, a tarefa não será fácil.
Depois de um medíocre 2021, a Reckitt está otimista para 2022. Um pouco demais, talvez. Por enquanto, mantemos as estimativas de lucros por ação em 316 pence para 2022 e 332 pence para 2023. Manter.
Schneider
A Schneider, empresa especialista em gestão de energia e automação divulgou resultados de 2021 acima das expectativas. Excluindo aquisições, as receitas subiram 12,7% e os lucros operacionais aumentaram 23,2%, apesar de uma desaceleração no final do ano devido às tensões nas cadeias de produção.
Segundo o grupo, o aumento de volumes e ganhos de produtividade mais do que compensou o aumento dos custos de produção. Estes últimos continuarão a pesar nas contas da Schneider em 2022.
A atividade de gestão energética (78% do lucro operacional antes de amortizações) continua a ser a joia da coroa com uma margem de 20,3% contra 17,3% para o conjunto do grupo.
Por isso, a Schneider continua a investir nesta atividade desenvolvendo software que gere, entre outras coisas, o consumo de eletricidade. Este mercado continua a ser impulsionado pela digitalização da economia e pela transição energética, que exigem novas infraestruturas elétricas. Os objetivos para 2022-2024 mantiveram-se.
Não alteramos as nossas estimativas de lucros por ação para 2022 (6,5 euros) e 2023 (7,1 euros). A cotação caiu cerca 20% face ao seu máximo no início de 2022.
Este recuo é uma oportunidade para adicionar esta ação à sua carteira dado que a atividade do grupo será impulsionada pela eletrificação e digitalização do planeta. Comprar.
VF Corporation
Os bons resultados trimestrais do grupo, cujo exercício anual termina em abril, não foram suficientes para afetar positivamente o desempenho da cotação da VF Corporation em bolsa.
No terceiro trimestre, as receitas do grupo, no total, cresceram 22% face ao mesmo período do ano anterior. Em, especial, as vendas da marca North Face estiveram em muito bom plano (+28%), enquanto do ponto de vista geográfico é a Europa (+26%) que está a impulsionar a recuperação pós-covid-19.
De um tom completamente diferente são as notícias vindas do continente asiático. As vendas na China caíram 6%. Apesar disso, é o problema dos atrasos nas entregas e da escassez de trabalhadores devido à pandemia, comum a vários grupos de moda, que afeta negativamente o desempenho da cotação, juntamente com as tensões gerais nos mercados.
As ações perderam terreno mas, aos níveis atuais e com as boas perspetivas de crescimento do negócio, a VF Corporation continua a ser uma aposta interessante.
As ações da VF Corporation têm sido penalizadas em linha com a tendência geral dos mercados. Ainda assim, os resultados do terceiro trimestre foram positivos, bem como as perspetivas futuras do grupo, pelo menos no Ocidente. Comprar.
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