As principais bolsas mundiais continuam a recuperar das fortes quedas registadas no final de fevereiro e início de março e terminam a última semana novamente em terreno positivo. O S&P 500 valorizou 3,7% e o Stoxx Europe 50 subiu 1,5%. Desde os mínimos do ano, atingidos no início da segunda quinzena de março, estes índices já recuperaram 23,4 e 17,2%, respetivamente.
A perspetiva de que as medidas de contenção irão começar a ser aligeiradas em alguns países, o plano da Reserva Federal norte-americana para apoiar a economia dos Estados Unidos e a esperança de que a maioria das más notícias a nível económico já esteja incorporada nas cotações atuais deu suporte aos índices bolsistas. Contudo, consideramos que qualquer euforia nesta altura é perigosa e aconselhamos os investidores a serem muito cautelosos e seletivos. A situação permanece bastante frágil e precária.
Lisboa mantém recuperação
A bolsa nacional manteve a tendência de recuperação, com o índice PSI-20 a ganhar 4,4% na última semana e a reduzir as perdas acumuladas desde o início do ano para 19,5%. Apenas a Jerónimo Martins (-5,4%), que é um dos títulos com melhor desempenho em 2020 fechou negativa.
De resto, os ganhos foram generalizados, com destaque para a recuperação do BCP (+12,7%), que tinha fixado um novo mínimo histórico recentemente, e das empresas do setor (muito cíclico) da pasta e do papel: Altri (+9,3%), Navigator (+9,4%) e Semapa (+12,8%). A liderar os ganhos esteve a Sonae Indústria (+17,1%) mas os resultados da empresa continuam maus e as perspetivas são fracas, pelo que alterámos o conselho.
Nota final para a Galp Energia (+3,5%), que anunciou um corte das despesas e investimentos em 2020 e 2021 para fazer face à nova conjuntura do setor.
Setores mais penalizados recuperam
Os setores mais afetados pela crise económica e que foram mais penalizados em bolsa tiveram uma boa recuperação. São exemplos disso, as companhias aéreas (+9,6%), as empresas de turismo (+6,9%), os bancos europeus (+5,7%) ou as seguradoras do velho continente (+5,6%).
Por sua vez, as empresas petrolíferas (+2,6%) beneficiaram das expectativas de um acordo quanto a uma redução da produção de ouro negro por parte dos principais países produtores, o que acabou por se verificar.
Como é normal em períodos de recuperação das cotações, os setores considerados mais defensivos tiveram um desempenho inferior, com as farmacêuticas a ganharem 0,6%, as empresas de serviços públicos a valorizarem 4% e as operadoras de telecomunicações a subirem 1,4%.
O acordo alcançado pelo Eurogrupo para apoiar a economia da zona euro, apesar de ter sido muito limitado, permitiu uma ligeira recuperação da moeda única em relação ao dólar americano, para a casa dos 1,094 dólares. Um fracasso nas negociações teria penalizado o euro.
A semana em números
Principais Bolsas | |
Lisboa | +4,4% |
Frankfurt | +4,9% |
Londres | +4,7% |
Madrid | +3,3% |
Milão | +3,4% |
Nasdaq | +3,5% |
Nova Iorque | +3,7% |
Paris | +3,7% |
Tóquio | +2,5% |
Zurique | -0,1% |
Ações nacionais: maiores subidas e descidas | |
Sonae Indústria | +17,1% |
Semapa | +12,8% |
BCP | +12,7% |
Impresa | +12,1% |
Mota-Engil | +9,6% |
Jerónimo Martins | -5,4% |
REN | +2,3% |
Novabase | +2,3% |
EDP Renováveis | +2,7% |
NOS | +3,3% |
Variação das cotações entre 06/04 e 13/04, em moeda local.