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"É urgente reeducar para a poupança e, dessa forma, evitar que outras crises, outras pandemias, apanhem muitas famílias desprevenidas."

António
Ribeiro
Especialista em produtos de poupança.
Analista financeiro independente registado na CMVM.
Licenciado em Economia pela Universidade de Coimbra.
Dia Mundial da Poupança: 5 conselhos para poupar melhor
Há um ano - 30 de outubro de 2020
António
Ribeiro
Especialista em produtos de poupança.
Analista financeiro independente registado na CMVM.
Licenciado em Economia pela Universidade de Coimbra.

O Dia Mundial da Poupança comemora-se a 31 de outubro.
Como habitualmente, a 31 de outubro celebra-se o Dia Mundial da Poupança. Este ano, em contexto de pandemia de Covid-19, é ainda mais urgente poupar. A crise provocada pela pandemia provocou a diminuição inesperada de rendimentos de muitas famílias.
Portugal, que tem apresentado das mais baixas taxas de poupança da Europa, viu aumentar a taxa de poupança em pleno período de pandemia. A taxa de poupança subiu para 10,6% do rendimento disponível no segundo trimestre deste ano (era 7,5% no primeiro trimestre). Contudo, continua muito abaixo da média da zona euro, que atingiu um máximo histórico de 24,6% do rendimento disponível.
Esse acréscimo da taxa de poupança em Portugal não se deve, no entanto, a uma maior aplicação em produtos financeiros de poupança, mas sim a uma diminuição do consumo e uma contração do rendimento disponível. Por isso, esse aumento da taxa de poupança é uma ilusão que continua a esconder dois grandes problemas: a preferência pelas aplicações de curto prazo (como as contas à ordem ) e uma elevada iliteracia, no que diz respeito à diversificação dos investimentos.
Continuam a ser uma minoria, as famílias que têm os seus planos de poupança de longo prazo e que investem noutros produtos para além dos depósitos ou títulos do Tesouro. A seguir, apresentamos 5 conselhos para orientar as suas finanças pessoais.
1. Não deixe todo o dinheiro à ordem
O montante aplicado em depósitos tem vindo a aumentar. Parte desse dinheiro está à ordem (cerca de 44%) porque não há estímulos para canalizar esse montante para outras aplicações, nem mesmo a prazo, pois não há grande diferença nas taxas.
As contas à ordem, geralmente não são remuneradas e mesmo nos depósitos a prazo, as maiores instituições bancárias apresentam remunerações iguais ou próximas de zero: em média, um depósito de 5000 euros a 12 meses rende apenas 0,1%. Apesar da inflação esperada para este ano ser de 0%, segundo o Banco de Portugal, com o aumento da inflação nos próximos anos, ficará a perder rendimento se deixar o dinheiro à ordem ou mesmo a prazo em taxas tão baixas.
2. Crie um fundo de emergência
Os créditos são um dos maiores inimigos da poupança e da saúde financeira das famílias. Muitas vezes o recurso ao crédito deve-se a imprevistos e à falta de almofada financeira de grande parte das famílias portuguesas. Por isso, antes de pensar em qualquer investimento, sobretudo de risco, é importante criar o que designamos de “fundo de emergência” ou “fundo de maneio”. Na prática, não é mais do que essa almofada financeira que permite, a qualquer momento, fazer face a imprevistos, como os causados, por exemplo, por uma pandemia.
Para a constituição deste fundo de emergência recomendamos que aplique cerca de seis salários em produtos com elevada liquidez e baixo risco, de capital garantido. O mais adequado são os depósitos até 12 meses que permitam mobilização antecipada e, eventualmente, Certificados de Aforro. Contudo, para prazos curtos, há depósitos com rendimento superior ao dos Certificados de Aforro. O melhor depósito a 12 meses rende 0,7% líquidos, no Banco Invest.
3. Comece a poupar o quanto antes
Se não tem muitas poupanças para criar uma carteira de investimentos, com vários fundos e até com ações, pode ver que alguns PPR são fundos de tipo misto, com vantagens fiscais. Mas se os declarar no IRS tem a desvantagem de ter menos liquidez, pois o resgate está condicionado a algumas situações, caso contrário sofre penalizações fiscais.
Se está longe da idade de reforma, a mais de 10 anos, opte por um PPR sob a forma de fundo e sem capital garantido, com mais risco, mas maior potencial de rendimento: a nossa recomendação é o fundo Alves Ribeiro PPR.
Contudo, se está a 10 anos ou menos de atingir a reforma, ou é daqueles que não aceita correr riscos, opte pelo seguro Lusitania Poupança Reforma PPR, com garantia de capital e um rendimento mínimo de 1,5% em 2020.
Se já tem um PPR, não deixe de o comparar com as nossas Escolhas Acertadas, no comparador Ganhe Mais no PPR, e veja quanto podia estar a ganhar a mais se tivesse uma das nossas Escolhas Acertadas. Se ainda não tem, pode fazer algumas simulações de montante acumulado, onde traçamos cenários em que supomos que o rendimento passado se mantém no futuro, como mera hipótese académica, já que rendimentos passados não são garantia de rendimento no futuro.
Vamos a um exemplo: se aplicar 50 euros todos os meses a partir dos 40 anos no fundo Alves Ribeiro PPR e este mantiver o rendimento passado (7,9% ao ano, nos últimos 5 anos), chega à reforma com 53 757 euros. Mas se tivesse iniciado essa poupança aos 20 anos, chegaria ao 67 anos com mais 274 mil euros. Quanto mais cedo começar, maior será o efeito de capitalização da poupança de longo prazo.
Agora imagine que aos 20 anos começava a aplicar 100 euros por mês, o resultado seria o dobro: mais de meio milhão de euros!
4. Aplique as poupanças a longo prazo e de forma diversificada
Apesar do PPR ser uma boa opção, não coloque todas as suas poupanças num PPR, pois são produtos com pouca liquidez, caso opte pelo benefício fiscal, já que o resgate fora das condições implica elevadas penalizações.
Assim, caso tenha mais poupanças, aplique-as a longo prazo, por prazos superiores a 5 anos, na nossa carteira diversificada de fundos. Dessa forma está a aplicar em vários setores e países, de acordo com os nossos conselhos. E bastam apenas 10 euros para subscrever um dos fundos Otimize Seleção, que replicam a nossas três carteiras (defensiva, base e agressiva), de acordo com o seu perfil de risco.
5. Se não aceita risco, invista em produtos de capital garantido
Para prazos superiores a 5 anos, e caso não aceite nenhum risco, os Certificados de Aforro e os Certificados do Tesouro Poupança Crescimento são a melhor opção. Estes últimos têm uma ligeira vantagem sobre os primeiros, nas nossas simulações, pois têm taxa fixa crescente enquanto os Certificados de Aforro dependem da Euribor a 3 meses, taxa que continua em terreno negativo. Ainda assim, as diferenças de rendimento não são muito elevadas.
Para prazos de 3 e 5 anos considere também os dois seguros de capitalização da Lusitania Vida em comercialização até final do ano, mais concretamente o Lusitania Rendimento 2020 (1,1% ao ano) e o Lusitania Investimento 2020 (0,9% ao ano).
Promover a poupança com incentivos fiscais
Há alguns anos que alertamos para a necessidade do Estado estimular a poupança dos portugueses e reduzir a taxa de imposto dos produtos financeiros de poupança (28%), que é das mais elevadas da Europa.
Mas, à semelhança do que tem acontecido nos últimos anos, também o Orçamento de Estado para 2021 não prevê nenhuma descida de impostos no rendimento destas aplicações.
É urgente reeducar para a poupança e, dessa forma, evitar que outras crises, outras pandemias, apanhem muitas famílias desprevenidas, sem “fundos de emergência”, sem planos de poupança de longo prazo.
Os sucessivos governos têm procurado estimular o consumo como forma de dinamizar a economia, mas a poupança é uma almofada para as famílias e, se os capitais forem canalizados para a revitalização da indústria e serviços nacionais, é também uma forma de dinamizar a economia das empresas (por exemplo, através dos fundos de investimento ou de obrigações).
Os benefícios fiscais são, em Portugal, a via mais eficaz de canalizar o dinheiro poupado pelas famílias e deixado nas contas à ordem para outros produtos, através de regimes fiscais mais favoráveis, por exemplo, para os fundos, à semelhança do que já existe com outros produtos, como seguros de capitalização (que usufruem de uma fiscalidade mais baixa a partir de cinco anos e ainda mais baixa para prazos superiores a oito anos).
Já em anos anteriores citámos o exemplo da Bélgica, que não cobra imposto até um determinado montante de juros, estimulando assim as contas poupança. Por cá, PPR e seguros de capitalização são os únicos que beneficiam de vantagem fiscal se aplicar por prazos longos, mas achamos que esse benefício se deveria estender a outros produtos de forma a estimular a poupança de longo prazo.
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