Até maio do ano passado, os Certificados de Aforro foram reis, a render 3,5% brutos de taxa base e acima dos depósitos. Mas tudo mudou no início de junho de 2023, com a emissão da série F, bem menos interessante: taxa base máxima de 2,5%, que se mantém desde essa data.
Nesta nova série aumentou o prazo máximo para 15 anos e o prémio de permanência encolheu para metade nos primeiros 9 anos; além disso, deixou de ter o spread de 0,5% que acrescia à média da Euribor a três meses. Na prática, a taxa de juro base da série F pode variar entre 0% e 2,5%.
Entretanto, durante a segunda metade de 2023, as taxas dos depósitos foram subindo progressivamente. Recentemente, desde o começo de 2024, o cenário das taxas de juro está novamente a mudar e começam a verificar-se os primeiros cortes, fruto da expetativa de corte da taxa diretora da zona euro que, no entanto, deverá ocorrer apenas no verão.
Assim, desde o início do ano, que também as taxas Euribor começam a registar descidas, sobretudo as de prazos mais longos. E Euribor a três meses, à qual está indexada a taxa base dos Certificados de Aforro, ainda não desceu significativamente: no início de dezembro era de 3,96% e no início de março está em 3,94%. Por essa razão, a taxa base da série atual dos Certificados de Aforro mantém-se em 2,5% bruta há 10 meses, desde o seu lançamento.
Nova série dos Certificados nunca convenceu
Mas é um facto que esta nova série nunca convenceu os subscritores. Desde o seu lançamento que as novas subscrições foram diminuindo, de tal forma que os resgates já ultrapassam as novas subscrições. Os Certificados de Aforro voltaram a perder dinheiro pelo terceiro mês consecutivo.
Certificados de Aforro: resgates superam as novas subscrições há 3 meses (em milhões de euros)
Com os depósitos a cair, os Certificados são uma opção?
Por enquanto, não! Não se apresse a subscrever Certificados de Aforro porque não vale a pena. Pelo contrário, aproveite a oferta significativa de depósitos com rendimento superior aos Certificados de Aforro e opte por um prazo mais longo (de um a 5 anos), mas sempre permitindo mobilização antecipada.
Quanto aos próximos meses e anos, vai depender do ritmo de descida das taxas de juro, pois a descida da taxa de juro do BCE será prejudicial tanto aos depósitos bancários, como aos Certificados de Aforro.
Lembre-se que a taxa base dos Certificados de Aforro é calculada com base na média da Euribor a 3 meses. Tudo vai depender da forma como os bancos vão refletir os cortes na taxa diretora do BCE na oferta dos seus depósitos e na forma como a Euribor a 3 meses cairá.
Devemos alertar que, ainda que numa primeira fase de descida da Euribor ainda não afete a taxa base dos Certificados, pois a Euribor a três meses está bastante acima de 2,5%, a partir do momento em que a Euribor caia abaixo de 2,5%, a taxa base dos Certificados de Aforro poderá atingir os 0% mais rapidamente do que na série anterior, já que não existe um spread adicional de 0,5% na fórmula de cálculo que acrescia à média da Euribor, como na série anterior.
Mas vamos a contas: supondo que a taxa base dos Certificados de Aforro se mantém e considerando os respetivos prémios de permanência crescentes, se aplicar pelo prazo de um ou cinco anos, a TAEL é de 2%; e de 2,1% para prazos de 7 e 10 anos. Efetivamente, o prémio de permanência não é muito significativo, pois foi cortado para metade nos primeiros 9 anos, face à série anterior.
Se compararmos com a oferta atual de depósitos bancários, a 1 ano consegue taxas até 3,1% líquidas e até 2,2% a 5 anos. Ou seja, para o prazo de um ano, apenas os melhores depósitos conseguem bater a inflação estimada (2,9% em 2024, segundo estimativa do Banco de Portugal).
Quanto rendem os certificados e os melhores depósitos? (TAEL, em %)
1 ano | 5 anos | 7 anos | 10 anos | |
---|---|---|---|---|
O melhor depósito | 3,1(1) | 2,2 (1) | - | - |
Certificados de Aforro (Série F) | 2 | 2 | 2,1 | 2,1 |
Certificados do Tesouro Poupança Valor | 0,5 | 0,6 | 0,7 | - |
(1) No Banco BNI Europa. |
Não há oferta de depósitos por prazos superiores a cinco anos. Poderá até pensar que para prazos superiores a 5 anos, os Certificados de Aforro são a melhor opção, mas a simulação apresentada é supondo que a taxa atual se mantém, o que é pouco provável. Basta que exista uma queda da Euribor de 0,1% por trimestre (ou seja, queda de 0,4% ao ano), para render apenas 1,4% a 5 anos e 1% a 10 anos. Experimente a nossa calculadora de Certificados de Aforro em função da Euribor.
Já os Certificados do Tesouro Poupança Valor, são atualmente os menos interessantes, com rendimento abaixo de 1% para prazos até 7 anos, que é o prazo máximo da aplicação.
O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROteste, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições.