O adágio popular “quem não arrisca, não petisca” pode aplicar-se aos planos de poupança-reforma. Os PPR em forma de seguro garantem, na sua maioria, o capital investido, mas em períodos normais rendem pouco, porque aplicam em ativos de menor risco, como obrigações ou depósitos. Acompanham, por isso, as taxas de juro do mercado. É o preço a pagar pela segurança.
Ao contrário, os PPR sob a forma de fundo, por investirem parte da carteira em ações, têm mais probabilidade de proporcionarem rentabilidades superiores, sobretudo a longo prazo. Contudo, a rentabilidade e o capital não estão garantidos.
Em 2022 e 2024, os mercados financeiros recuperaram, quer de ações, quer de obrigações, o que se refletiu na rentabilidade dos fundos PPR. Com a tomada de posse de Trump e a guerra comercial das tarifas, as bolsas estão, nestes primeiros meses de 2025, muito mais voláteis e os investidores apreensivos. Todavia, as bolsas acabam sempre por recuperar, como se provou no passado. Por exemplo, após a queda abrupta dos mercados em fevereiro e março de 2020 por causa da pandemia da covid-19, as bolsas recuperaram em apenas quatro meses.
Apesar dos altos e baixos, os PPR mais agressivos, ou seja, que aplicam mais de 50% da carteira em ações, lideram as valorizações (em média, 6,6%).
Considerando que os PPR são aplicações de longo prazo, vale a pena arriscar um pouco mais na expectativa de uma rentabilidade melhor.
Mas apenas se ainda está longe da idade da reforma. Só tem de escolher a dose certa de risco de acordo com o seu perfil, dado que os fundos distinguem-se pelo peso das ações na sua carteira.
Para quem tem 57 anos ou mais, aconselha-se um PPR na forma de seguro. A mesma recomendação é válida para quem não abdica de ter o capital garantido.
Conheça as nossas Escolhas Acertadas nas categorias de fundos e seguros PPR.
Por fim, não esquecer que uma das principais vantagens dos PPR são os benefícios fiscais, que proporcionam, seja todos os anos pelas deduções à coleta de IRS, seja no momento do resgate, em que a taxa de imposto é reduzida.
Quais os fundos PPR mais rentáveis?
1. M3 Investimento PPR: 11,9% ao ano
Este fundo de pensões aberto, constituído em 2019 e comercializado pelo BBVA, investe nos mercados acionistas e obrigacionistas globais, com elevada liquidez. Pode investir a totalidade da carteira em ações. Naturalmente, quanto maior a percentagem de ações, maior é o risco, mas também o seu potencial de rendimento.
Rentabilizou 4,9%, nos últimos 12 meses, e 11,9% ao ano, nos últimos cinco.
Exige um investimento mínimo inicial elevado: 30 mil euros. A comissão de subscrição é de 0,75% e a de gestão 0,65 por cento.
2. BPI Reforma Global Equities PPR/OICVM: 10,7%
Apesar de ter sido ultrapassado pelo M3 Investimento PPR, o BPI Reforma Global Equities PPR/OICVM é, por enquanto, a nossa Escolha Acertada na categoria dos que investem mais de 50% em ações. Devido à sua elevada exposição à ações, teve um rendimento negativo nos últimos 12 meses (-3,7%), fruto, sobretudo das quedas em março, quando a guerra das tarifas de Trump fizeram tremer os mercados. Todavia, nos últimos cinco anos, este PPR rendeu 10,7% ao ano.
O montante mínimo de subscrição é de 250 euros, e os reforços a partir de 25 euros. Não cobra comissão de subscrição, nem de resgate. Já a comissão de gestão é de 1,9 por cento.
3. BBVA Estratégia Investimento PPR: 10,2% ao ano
Comercializado, também, pelo BBVA, este plano de poupança-reforma é constituído sob a forma de fundo de pensões.
Nos últimos 12 meses, valorizou 3,6 por cento. Nos últimos cinco anos, até à data de 28 de março de 2025, obteve 10,2% ao ano. Deixou de ser Escolha Acertada da DECO PROteste Investe, na categoria dos PPR que investem mais de 50% em ações.
O montante mínimo de subscrição é de 25 euros, bem como os reforços subsequentes. Atualmente, cobra comissão de subscrição de 2%, bem como subscrição de gestão (2%) e de resgate (2 por cento).
4. PPR SGF Poupança Dinâmica: 9,3% ao ano
Este PPR tem, também, o formato de fundo de pensões e é comercializado pela Golden SGF. Adequado para quem tem menos de 45 anos, o seu objetivo é maximizar a valorização do capital, a médio e longo prazo, através do investimento em várias classes de ativos, via fundos de investimento ou ETF.
Nos últimos 12 meses, registou um ganho de 6 por cento. E, nos últimos cinco anos, obteve uma rentabilidade média anual de 5,3 por cento.
O montante mínimo de subscrição é de 100 euros e a comissão 2 por cento.
5. PPR PREMIUM DINÂMICO AÇÕES: 7,3% ao ano
Este fundo PPR da Futuro (grupo Montepio) deixou de aceitar transferências. Nos últimos 12 meses, rentabilizou 4,1% por ano. A cinco anos rendeu 7,3% ao ano.
6. Caixa Wealth Arrojado PPR/OICVM – Categoria A: 7,2% ao ano
Gerido pela Caixa Gestão de Activos, este fundo PPR investe maioritariamente em ações (cerca de 60%) e tem um grau de risco 5 (numa escala de 1 a 7). Valorizou 5%, nos últimos 12 meses, e 7,2% a cinco anos.
Vendido aos balcões da Caixa Geral de Depósitos, destina-se a investidores que privilegiam produtos que promovem características sustentáveis, quer a nível ambiental, social ou de boa governação. Estão excluídas empresas com um nível de exposição de receitas relevantes a indústrias consideradas socialmente controversas (extração de carvão, jogo e tabaco, por exemplo).
No que respeita a comissão de subscrição, não cobre. Já a comissão de gestão é de 1,5% sobre o montante investido.
7. Bankinter 75 PPR/OICVM Classe A: 6,2% ao ano
Indicado para investidores dinâmicos, sem preocupações sustentáveis, tem uma exposição que ronda os 65% em ações (o principal setor presente na carteira é o da tecnologia). Nos últimos 12 meses, foi penalizado (-0,3%), mas a cinco anos rendeu 6,2% ao ano.
O montante mínimo de subscrição é de 250 euros, e não cobra comissão de subscrição, nem de transferência. Os reforços requerem um mínimo de 10 euros.
8. PPR SGF Poupança Ativa: 6,2% ao ano
Nos últimos 12 meses, este fundo PPR da SGF, que aplica 40% em obrigações e outro tanto em ações, valorizou 5,8 por cento. A rentabilidade anualizada a cinco anos foi de 6,2 por cento.
Para subscrever, basta uma unidade de participação que é aproximadamente de 6 euros.
Não cobra comissão de subscrição, sendo a de reembolso no primeiro ano do contrato de 1%, no máximo. Já pela comissão de gestão, a gestora cobra 2% ao ano.
Texto de Myriam Gaspar e António Ribeiro.
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