Quando escolher um produto financeiro para aplicar as poupanças, tenha em mente que há dois tipos de aplicações: as que pagam juros no final do prazo (exemplo, depósitos a prazo); e as que integram os juros no capital, gerando, no período seguinte, mais juros (exemplo, Certificados de Aforro).
No primeiro caso, os bancos disponibilizam na conta à ordem os juros, ou seja, fazem distribuição do rendimento. No segundo caso, há capitalização de rendimento. Por exemplo, os títulos do Estado proporcionam juros de três em três meses, mas esse juro é integrado no capital. Por isso se diz que capitalizam trimestralmente, mas só tem acesso ao rendimento no momento do resgate. Estes juros são conhecidos como juros compostos.
Optar por um produto de capitalização pode fazer toda a diferença no seu mealheiro, especialmente quando se trata de uma poupança de longo prazo, como para a reforma. Nas palavras de Einstein, "os juros compostos são a força mais poderosa do universo e a maior invenção da humanidade, porque permite uma confiável e sistemática acumulação de riqueza".
Nos produtos com prazos curtos e entregas únicas, optar por um produto de capitalização ou de distribuição equivale a apenas alguns euros de diferença, consoante o montante e a taxa de juro. Ou seja, a diferença de rendimento não é tão visível.
O efeito multiplicador da capitalização
Suponha que entrega todos os meses 50 euros de poupança, durante um ano. No final, poupa 600 euros. Se aplicar esta quantia durante 40 anos em produtos que capitalizam, como uma carteira mista de fundos ou adotar uma estratégia mais agressiva com fundos de ações, constatará que poderá obter o seguinte rendimento, de acordo com várias taxas de rentabilidade: 29 490 euros (1%); 36 633 euros (2%); 74 428 euros (5%); ou 279 730 euros (10 por cento).
Se apenas guardasse o dinheiro numa conta à ordem, teria, no final dos 40 anos, apenas 24 mil euros. Ou seja, não fazer nada ou aplicar de forma mais arriscada equivale a diferenças de rendimento que podem ser superiores a 250 mil euros. Se aplicar 100 euros por mês, ultrapassam os 500 mil euros.
Claro que se trata de um mero cálculo financeiro teórico e, na prática, a vida coloca outros desafios que nem sempre tornam viável este rigor e disciplina. Mas a lição a aprender é mesmo essa: começar a poupar, mesmo que com pequenas quantias, o mais cedo possível e de forma regular, é o caminho para engordar a carteira e garantir um complemento para a reforma.
QUANTO CONSIGO ACUMULAR SE APLICAR 50 EUROS POR MÊS?
Anos | Número de entregas mensais | Taxa anual | ||||
---|---|---|---|---|---|---|
0% | 1% | 2% | 5% | 10% | ||
1 | 12 | 600 | 603 | 606 | 616 | 632 |
3 | 36 | 1 800 | 1 828 | 1 856 | 1 942 | 2 092 |
5 | 60 | 3 000 | 3 077 | 3 156 | 3 405 | 3 859 |
10 | 120 | 6 000 | 6 311 | 6 641 | 7 750 | 10 073 |
15 | 180 | 9 000 | 9 710 | 10 488 | 13 295 | 20 081 |
20 | 240 | 12 000 | 13 283 | 14 736 | 20 373 | 36 199 |
30 | 360 | 18 000 | 20 984 | 24 604 | 40 935 | 103 965 |
40 | 480 | 24 000 | 29 490 | 36 633 | 74 428 | 279 730 |
67 | 804 | 40 200 | 57 172 | 83 963 | 311 558 | 3 743 802 |
Tempo é dinheiro, mas a disciplina é o motor
O tempo é um fator muito importante, provavelmente o mais relevante, pois vai determinar a capitalização dos seus rendimentos: quanto mais tempo poupar e investir, maior a rendibilidade que pode esperar obter com o seu dinheiro.
Nos primeiros anos, o rendimento pode ser relativamente baixo, mas, à medida que o tempo passa, vai aumentando exponencialmente. Em cerca de 13 anos, o capital duplica, supondo uma taxa de rendibilidade anual de 10 por cento. No final de 20 anos, triplica o montante aplicado, e 40 anos depois pode ter quase 12 vezes mais, se esta taxa de 10% se mantiver. Como já referimos, se duplicar a poupança mensal para 100 euros, a diferença no montante acumulado é gigantesca (acumula quase 560 mil euros no prazo de 40 anos).
Quanto mais alta for a taxa de juro da aplicação financeira, maior será o crescimento do montante. A linha reta traduz a poupança à taxa de 0%, ou seja, nada rende. Mesmo para taxas de rentabilidade de 1% ou 2%, o efeito da capitalização existe, ainda que não seja tão significativo.
Na prática, este efeito atua nas suas poupanças como fermento, que será tanto maior quanto maior for o rendimento potencial do produto financeiro e o prazo pelo qual detém o produto.
Preocupe-se seriamente com a reforma
As projeções da Comissão Europeia, no Ageing Report de 2024, são alarmantes: quem tem menos de 50 anos tem razões para ficar muito preocupado. Segundo as estimativas, em 2050, as pensões de reforma em Portugal deverão corresponder apenas a 38,5% do último salário. Ou seja, uma perda superior a 60% face ao último salário.
Não é por acaso que a DECO PROteste Investe vem alertando os consumidores há vários anos para a necessidade de iniciarem um complemento à pensão de reforma o mais cedo possível. Se começar aos 40 anos, já vai tarde. Quem tem agora menos de 30 anos pode criar essa poupança de longo prazo com um fundo de investimento de ações (ou ETF) ou uma carteira de fundos.
Nestas idades, pode assumir mais risco de forma a conseguir amealhar e garantir uma reforma desafogada. Os PPR, por sua vez, têm algumas vantagens. Proporcionam benefícios fiscais – pode deduzir anualmente à coleta de IRS entre 300 e 400 euros, consoante a idade – e têm uma tributação mais favorável no momento do resgate (8% de imposto). Além da idade de 60 anos, a lei permite o reembolso sem penalização fiscal em situações de desemprego, doença grave, incapacidade para o trabalho e pagamento da prestação da casa de habitação. Ou seja, os PPR podem servir como bote de salvação em períodos difíceis.
Portanto, se está próximo dos 30 anos, a iniciar se na vida ativa, é o momento certo para também criar um plano de poupança reforma. Para quem tem filhos, equacione subscrever um PPR em vez de esperar que ele tenha a iniciativa de o fazer em idade adulta. Pode fazer entregas quando quiser e de qualquer montante, dado que estes produtos permitem fazer entregas periódicas ou não programadas.
Contudo, terá de optar por um PPR sob a forma de fundo de investimento ou de pensões, pois os menores não podem contratar PPR sob a forma de seguro (mas podem ser beneficiários). Além disso, os fundos são mais adequados porque, como investem em ações, são potencialmente mais rentáveis no longo prazo, permitindo beneficiar do efeito de capitalização. No limite, pode aplicar durante 67 anos (desde o nascimento até à idade de reforma).
Com um produto que proporcione 10% ao ano, pode conseguir mais de três milhões de euros. Talvez seja exagerado, mas não é impossível.
Pode utilizar o comparador Ganhe Mais no PPR para consultar quais os PPRs mais rentáveis do mercado.
PPR DECO PROteste
Há alguns meses, a DECO PROTeste lançou no mercado um fundo PPR, gerido pela Golden SGF. Não é Escolha Acertada, pois necessitaria de um histórico efetivo de rendimento de cinco anos, mas este PPR DECO PROteste assenta na política de investimentos da carteira dinâmica da DECO PROteste Investe, maioritariamente aplicada em mercados de ações. Por essa razão, é um fundo potencialmente rentável a longo prazo, dispondo, sob esse prisma, do historial dessa carteira: a estratégia dinâmica da DECO PROteste Investe rendeu 5% ao ano, em média, nos últimos 10 anos.
À semelhança do PPR da DECO PROteste, existem outros no mercado com elevada percentagem de ações, mas que ainda não têm histórico suficiente para integrarem a lista das nossas recomendações.
Em resumo, agora que já sabe qual o impacto que pode ter o efeito de capitalização nas suas poupanças, sobretudo a longo prazo, e está alertado para a queda substancial do valor das reformas daqui a escassas décadas, repetimos a recomendação: como diz o ditado, não deixe para amanhã o que pode fazer hoje.
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