Na hora de escolher um ETF, uma das dúvidas mais frequentes é entre optar por produtos de acumulação ou distribuição. Aliás, como muitos ETF existem nas duas versões, pode mesmo não conseguir identificar corretamente a modalidade do ETF pretendido. Por norma, a designação dos ETF de acumulação termina em “Acc” ou “C” enquanto os de distribuição contêm os termos “DIS” ou “D”. Porém, é habitual os nomes dos ETF serem apresentados de forma abreviada pelo que a probabilidade de erro é elevada.
Para evitar esse problema deve usar o código ISIN e que identifica o ETF. No comparador da DECO PROteste Investe pode selecionar apenas os ETF de capitalização ou optar pelos de distribuição. Vejamos em que consistem as duas políticas de rendimentos e quais as suas vantagens e inconvenientes.
Acumulação versus Distribuição de Rendimentos
A acumulação de rendimentos refere-se ao processo em que os rendimentos gerados pelos ativos subjacentes do fundo (por exemplo, empresas pagam dividendos ou obrigações que pagam cupões) são automaticamente reinvestidos no próprio ETF, em vez de serem distribuídos aos investidores em dinheiro. São ETF de acumulação ou de capitalização.
Essa estratégia implica um aumento quase “automático” da cotação do ETF porque o valor patrimonial líquido (NAV) do ETF aumenta quando os rendimentos são reinvestidos, já que o fundo possui mais ativos que geram mais rendimentos futuros. Isso cria um efeito composto, onde os rendimentos reinvestidos geram mais rendimentos ao longo do tempo. Ao invés, a distribuição de rendimentos num ETF implica que os dividendos, juros e outros rendimentos gerados pelos ativos subjacentes do fundo são pagos diretamente aos investidores.
Quando os ativos dentro de um ETF de distribuição geram rendimentos (por exemplo, empresas que pagam dividendos ou obrigações que pagam cupões), esses rendimentos são recolhidos e, em vez de serem reinvestidos, são distribuídos aos detentores do ETF na forma de pagamentos em dinheiro. Esse pagamento ocorre de acordo com o estipulado pelo regulamento do ETF: pode ser mensal, trimestral, semestral ou anual. Cada detentor recebe um pagamento proporcional à sua participação no ETF.
Quando os rendimentos são distribuídos, o valor patrimonial líquido (NAV) do ETF diminui pelo montante total dos rendimentos distribuídos. Esse fenómeno acontece porque o ETF está a entregar parte dos seus ativos aos investidores, reduzindo o valor total detido pelo fundo. Após a distribuição, a cotação do ETF sofre uma queda correspondente à quantia distribuída. Essa redução é compensada pelo dinheiro que é recebido pelos investidores. É o mesmo que sucede à cotação de uma empresa quando paga dividendos.
3 vantagens dos ETF de Acumulação
Reinvestimento automático
Como os ETF de acumulação reinvestem automaticamente os dividendos e rendimentos dos ativos que compõem o fundo, isso facilita o crescimento do capital investido ao longo do tempo, sem a necessidade de intervenção do investidor. Os investidores não precisam de se preocupar em reinvestir manualmente os dividendos recebidos, simplificando a gestão do portfólio e economizando tempo.
Eficiência fiscal
Como os dividendos e outros rendimentos são reinvestidos, não há distribuição de rendimentos que possam ser tributados no imediato. A incidência de imposto ocorre apenas no momento do resgate pelo que o investidor beneficia do reinvestimento da totalidade dos rendimentos.
Crescimento composto
O reinvestimento dos rendimentos permite logo o benefício do efeito dos juros compostos, acelerando o crescimento do investimento ao longo do tempo, uma vez que os rendimentos obtidos começam de imediato a gerar rendimentos.
3 Vantagens dos ETF de Distribuição
Rendimentos periódicos
Como os ETF de distribuição pagam regularmente dividendos aos investidores, proporcionam uma fonte de rendimentos regular. É uma opção atrativa para os investidores que procuram complementar os seus outros rendimentos (salários, pensões) em vez de se focarem no crescimento do capital para o futuro.
Flexibilidade
Os investidores têm a liberdade de usar os dividendos recebidos conforme desejarem, incluindo cobrir despesas que necessitem. Mesmo que não os “gastem”, ao receber os dividendos, os investidores podem optar por reinvesti-los no mesmo ativo ou optar por diferentes ativos ou setores, ajustando as estratégias de investimento às suas necessidades e às oportunidades do mercado.
Transparência nos Rendimentos
A distribuição regular de dividendos permite aos investidores ver, de forma mais palpável e regular, o rendimento gerado pelos seus investimentos.
Qual comprar?
Na esmagadora maioria dos casos deverá comprar ETF de Acumulação. Estes são os mais adequados para investir com o intuito de poupar a longo prazo. São fiscalmente mais eficientes (na prática, reinveste os rendimentos brutos) e evita custos adicionais.
Ao receber dividendos de um ETF terá de pagar o imposto no país de origem e em Portugal, o que implica que o valor efetivamente recebido na conta será provavelmente menos de metade do pago pelo ETF. Poderá depois reaver parte do imposto pago, mas apenas no acerto do IRS no ano seguinte. Além disso, terá comissões por parte da corretora sobre o dividendo pago e novamente mais comissões se proceder ao reinvestimento. Como o montante tenderá a ser reduzido, esses custos ainda pesarão mais percentualmente na rentabilidade efetiva líquida do investidor que por isso tende a ser menor.
Os ETF de distribuição apenas são atrativos se já dispõe de um vasto património financeiro (centenas de milhares de euros) e quer mesmo obter rendimentos regulares para complementar o salário, pensão ou rendas que também usufrua. É muito apelativo, mas viver apenas de rendimentos de capitais será algo utópico para a maioria dos portugueses.
Por fim, se não existir um bom ETF de capitalização para um mercado/setor que seja atrativo para investimento, naturalmente a opção por um ETF de distribuição pode ser considerada.
E o desempenho?
Dois ETF idênticos e que divirjam apenas na distribuição/acumulação de rendimentos obtêm a mesma avaliação à luz do indicador da DECO PROteste Investe. O objetivo deste indicador é avaliar a qualidade da gestão dos ETF e como a política de rendimentos não tem influência nessa vertente, o scoring dos ETF será o mesmo.
A rentabilidade bruta apresentada tenderá a ser também igual. Quando os produtos financeiros pagam rendimentos (ETF, depósitos, obrigações, etc.) assume-se sempre o reinvestimento total para efeitos de cálculo da rentabilidade e da comparabilidade com outros produtos e os valores de rentabilidade apresentados são antes de imposto.
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