Como o conflito Israel-Irão afeta os investimentos?

Se tiver uma “costela” de especulador pode tirar partido de uma subida sustentada do petróleo nas próximas semanas.
Se tiver uma “costela” de especulador pode tirar partido de uma subida sustentada do petróleo nas próximas semanas.
O conflito no Médio Oriente conheceu novos desenvolvimentos após o ataque de Israel às instalações nucleares do Irão. Este último retaliou com mísseis e drones e a confrontação prossegue.
Apesar de pouco provável no início da guerra, mais centrada na faixa de Gaza, este ataque de Israel tornou-se cada vez mais provável com o passar do tempo. Contudo, o timing foi relativamente surpreendente dado que decorriam conversações indiretas entre os Estados Unidos e o Irão sobre o programa nuclear. O Presidente Trump queria um “deal”. Agora, é incerto até que ponto as ambas partes poderão ir…
O escalar da guerra é negativo para os mercados financeiros e as bolsas reagiram em baixa.
Contudo, em outubro de 2023, após os ataques do Hamas a Israel, os investidores não entraram em pânico e as bolsas rapidamente recuperaram as perdas iniciais nas sessões seguintes. Friamente, a tragédia humana das populações locais não foi relevante para as bolsas globais.
Porém, na altura a expectativa era de que os países vizinhos de Israel e o Ocidente se mantivessem à margem da guerra. Esta premissa é agora bem menos válida. O Irão já está diretamente envolvido.
Com as maiores reservas de petróleo concentradas no Médio Oriente, a guerra pode tornar fornecimento de crude muito mais perigoso e caro a nível global. O barril de petróleo reagiu com uma valorização de 7% num dia.
Neste momento é incerto se Israel irá atacar as infraestruturas energéticas do Irão. Há notícias de ataques, mas não parecem ser em larga escala. Porém, Israel poderá fazê-lo em resposta aos mísseis iranianos lançados sobre Israel.
Por seu turno, cerca 20% do comércio mundial de petróleo passa no Golfo Pérsico, por onde outros países da região, como o Iraque e o Koweit, exportam o crude. O Irão pode impedir o livre-trânsito dos petroleiros pelo Estreito de Ormuz. Ou seja, ambos os lados ainda podem escalar mais o conflito.
E há um receio muito maior que seria um conflito direto entre os Estados Unidos e o Irão. O Presidente Trump não parece inclinado a seguir esse rumo, mas o evoluir das circunstâncias pode levar a esse desfecho.
Apesar destas incógnitas, os mercados estão mais tranquilos e em ligeira alta esta segunda-feira. Em sentido contrário, com a diminuição do risco percecionado, o petróleo e o ouro recuam um pouco depois de terem ganho terreno com as primeiras notícias do ataque.
A região do Médio Oriente é ainda mais importante em termos de exportações de crude do que a Rússia. Por isso, o risco é maior. Uma subida sustentada dos preços do petróleo seria nefasta para a economia global.
Perante o regresso das pressões inflacionistas e um choque na atividade mundial, já em abrandamento em várias regiões devido às tarifas, os bancos centrais ficariam entre a espada e a parede.
Teriam duas hipóteses: ou deixavam derrapar a inflação com consequências imediatas no poder de compra das famílias e nefastas a longo prazo na alocação de recursos ou subiriam os juros aumentando bastante as hipóteses de uma severa recessão nos meses seguintes.
A situação no Médio Oriente é mais uma incerteza para a economia global. Porém, não há motivos para decisões de investimento precipitadas se já segue as nossas recomendações em termos de estratégia de diversificação de carteira.
Nesse caso, possui exposição a ativos mais seguros como os fundos de obrigações soberanas em euros e dólares norte-americanos. Terá igualmente uma carteira de ações e fundos de ações com exposição a diferentes países, regiões, moedas e setores.
O ouro, tradicionalmente um porto seguro, ganhou terreno com as recentes notícias da guerra. Pode dedicar uma pequena parte da carteira ao metal dourado através de um ETC que investe diretamente em barras de ouro.
Se tiver uma “costela” de especulador pode tirar partido de uma subida sustentada do petróleo nas próximas semanas. Para tal, pode comprar os ETC WisdomTree Brent Crude Oil (JE00B78CGV99) que acompanha a cotação do barril de Brent, ou o ETC WisdomTree WTI Crude Oil (GB00B15KXV33) que segue o preço dos Estados Unidos.
Como qualquer opção especulativa, esta estratégia é bastante arriscada. Neste caso, o longo prazo não joga a favor do investidor.
Se não houver um escalar do conflito militar, e a tensão baixar, o preço do barril voltará a recuar. Atualmente, a oferta é demasiado elevada tendo em conta a menor procura global resultante do abrandamento económico.