Análise

Zona euro: que futuro?

Publicado em:  02 abril 2024
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Apesar da melhoria na situação económica na zona euro. As perspetivas de médio e longo prazo continuam a ser comparativamente mais fracas.

A atividade económica está praticamente paralisada desde o final de 2022 e escapou por pouco à recessão. O PIB da zona euro caiu no terceiro trimestre de 2023 e estagnou nos últimos três meses do ano. A situação não foi pior porque a economia europeia beneficiou da despesa pública, a qual subiu acentuadamente nos últimos anos. A taxa de desemprego, em mínimos históricos, também impediu o colapso do consumo das famílias. De facto, a situação no mercado de trabalho tem sido uma surpresa positiva na Europa.

Ao contrário dos ciclos económicos anteriores, o menor crescimento económico não provocou mais desemprego. A dificuldade de reconstituir as equipas de trabalho após a pandemia e a escassez de mão-de-obra em vários países europeus incentivam as empresas a manterem os trabalhadores. Esta nova realidade foi um fator importante para se ter evitado uma recessão e é igualmente crucial para permitir a recuperação económica.

Luz ao fundo do túnel?

Com uma situação de quase pleno emprego, aumento dos salários e queda da inflação, os ingredientes estão reunidos para um consumo dinâmico. Falta agora a confiança. Sem esta, apesar de uma situação financeira favorável, as famílias consomem menos e preferem poupar (14% do rendimento disponível, contra 12% antes da covid). Porém, a situação pode evoluir favoravelmente nos próximos meses. A queda acentuada da inflação deverá levar o Banco Central Europeu a reduzir as taxas de juro diretoras em junho.

Este será um sinal positivo para as famílias, cujo poder de compra tanto sofreu com a inflação. Já em ligeira recuperação, a confiança dos consumidores poderá melhorar significativamente com o fim "oficial" do episódio inflacionista.Mesmo assim, após 15 meses de paralisação, a recuperação económica será tímida, em parte devido às fracas exportações. Este tradicional motor económico está agora a penalizar o PIB. O fraco crescimento mundial e o aumento das tarifas aduaneiras travam o comércio.

O excesso de capacidade de produção na China está também a aumentar a concorrência. Os chineses privilegiam os produtos locais, em detrimento dos importados e, em países terceiros, vendem a sua produção excedentária penalizando os produtos europeus. As exportadoras europeias também sofrem uma deterioração estrutural da competitividade com o aumento dos custos da energia, inflação e subida de salários que encarecem o preço dos produtos europeus.

Algumas oportunidades

Depois de ter crescido apenas 0,4% em 2023, o PIB da zona euro acelerará este ano, mas não deverá superar 1%. E não é expectável uma melhoria acentuada a prazo. Nos próximos anos, a maioria dos países europeus terá de fazer cortes orçamentais significativos após a deterioração das contas públicas nos últimos anos.

Na Europa, os preços da energia continuarão a ser mais elevados do que nos EUA e na China, o que penaliza a indústria europeia. A médio prazo, a zona euro será ainda penalizada pelo subinvestimento dos últimos trimestres. Fábricas que não são construídas hoje implicam menos atividade no futuro.

Neste contexto, embora haja algumas oportunidades de compra nas bolsas europeias, não recomendamos uma aposta generalizada através de fundos de ações dedicados aos mercados da zona euro. Há bolsas comparativamente mais atrativas. Já nas obrigações, as atuais taxas de juro do euro fornecem mais trunfos para estarem presentes numa carteira diversificada.

Fundos e ETF

Obrigações soberanas em euros

SPDR Bloomberg Euro Aggregate Bond

iShares € Aggregate Bond ESG ETF EUR

Amundi JP EMU Gov. Investment Grade

Obrigações High Yield em euros

Xtrackers II EUR High Yield Corp Bond

UBS (Lux) Bond Fund Euro High Yield

iShares € High Yield Corporate Bond

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