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Taxa da Fed poderá manter-se em 4% até final de 2025

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A Fed mantém postura prudente

Publicado em: 03 novembro 2025
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A Fed mantém postura prudente

A política monetária dos Estados Unidos deverá permanecer restritiva, com a taxa diretora da Reserva Federal em 4% até final de 2025. 
Sem surpresas, a Reserva Federal voltou a reduzir as taxas diretoras norte-americanas. No entanto, Jerome Powell afastou a certeza de uma nova redução em dezembro. A perspetiva de crédito ainda mais barato é agora menor, um cenário que não agrada aos mercados.

Política monetária dos EUA mantém-se restritiva 

O corte da taxa diretora para 4% era a decisão esperada. Porém, se o mercado antecipava mais uma nova descida dos juros em dezembro, o Presidente da Fed, Jerome Powell, foi mais prudente e indicou não haver pressão para voltar a cortar juros.

No seio do comité de política monetária, persistem divisões: a maioria votou a favor de uma descida de 0,25%, alguns defenderam uma redução de 0,5%, e outros preferiam manter as taxas. Esta falta de consenso preocupa os investidores, que apostavam numa nova descida antes do final do ano e mais cortes em 2026.

Até agora, o mercado atribuía uma probabilidade superior a 90% a um novo corte em dezembro, prevendo taxas entre 2,75% e 3% no final de 2026. A Fed, porém, coloca essa trajetória em dúvida, sugerindo que o custo do crédito poderá cair menos do que o esperado.

O Presidente Trump também não ficará contente com esta expectativa e aumentará a pressão sobre a Reserva Federal.

Inflação controlada, mas economia ainda forte 

Face aos dados disponíveis, a prudência da Fed parece justificada. O Governo dos EUA está em shutdown há um mês, o que limita a publicação de indicadores económicos.

As duas reduções de taxas em setembro e outubro justificaram-se pela desaceleração da criação de emprego, sinal de um mercado laboral menos dinâmico.
Apesar disso, a economia norte-americana mantém-se sólida e não necessita de novos estímulos.

O PIB cresceu 3,8% no segundo trimestre, em termos anualizados, e o indicador GDPNow da Fed de Atlanta aponta para 3,9% no terceiro trimestre, números impressionantes num contexto de incerteza. 

A margem para cortes adicionais é igualmente limitada. A inflação está em torno de 3% e o impacto das tarifas ainda não se fez sentir totalmente.

As descidas já efetuadas tornam o crédito mais barato e podem impulsionar em demasia a procura interna, a qual já foi reforçada pela redução fiscal aprovada no verão pelo Congresso. Em conjunto, estes fatores podem reavivar as pressões inflacionistas. 

Com a inflação nos 3% e taxas diretoras entre 2,75% e 3%, as taxas de juro reais seriam nulas ou negativas, algo compreensível em tempos de crise, mas difícil de justificar com uma economia em plena expansão.

Fim da redução do balanço 

Outra decisão importante foi o fim da redução do balanço da Fed. Durante a pandemia, o banco central comprou dívida (sobretudo soberana) para garantir financiamento barato ao Tesouro dos EUA. No auge da intervenção, na primavera de 2022, o balanço ultrapassava 9 biliões de dólares. Desde então, foi sendo reduzido para menos de 6,6 biliões. 

Considerando que as condições de liquidez são agora adequadas, a Fed decidiu parar esta redução, o que deverá estabilizar o mercado da dívida americana. Ou seja, deixará de recolocar mais dívida no mercado. Com rendimentos próximos de 4% ao ano nas obrigações com prazo a 10 anos, a dívida dos EUA mantém-se atrativa. 

Recomendamos que inclua fundos e ETF dedicados aos três segmentos de obrigações USD: soberana, corporate e corporate high yield. O primeiro constitui um valor de refúgio e os outros dois permitem potenciar o rendimento da carteira devido a oferecerem yields mais elevadas.

Impacto nas taxas de juro e nas bolsas 

Para o consumidor americano, o impacto direto será a descida das taxas hipotecárias e dos rendimentos dos depósitos e contas-poupança. Este é precisamente o objetivo de uma política de taxas mais baixas: estimular o consumo e o investimento, em detrimento da poupança. 

Contudo, nem todos os segmentos beneficiam: o crédito automóvel, pressionado por níveis recorde de incumprimento, não deverá ficar mais barato. Os juros dos cartões de crédito, atualmente em torno de 20%, também dificilmente descerão de forma significativa. Assim, embora os cortes agradem a investidores e empresas, o impacto na economia real permanece limitado.

Mercados esperam cortes apenas em 2026 

A Fed seguiu o roteiro esperado pelo mercado em setembro e outubro, mas adota agora uma postura mais cautelosa para os próximos meses. Esta abordagem não agrada aos investidores, que antecipavam custos de financiamento substancialmente mais baixos em 2026. 

No entanto, é preciso reconhecer que a economia norte-americana continua robusta, com crescimento sólido e fundamentos que dispensam estímulos adicionais. 

Os ETF de ações norte-americanas permanecem, portanto, um elemento incontornável em qualquer portefólio diversificado. 

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