Indonésia: desafios e oportunidades de investimento a longo prazo

Após um longo período de expansão a Indonénia enfrenta agora algum abrandamento
Após um longo período de expansão a Indonénia enfrenta agora algum abrandamento
Os mercados emergentes estão a ser impulsionados pela descida dos juros nos EUA e o recuo do dólar americano. Contudo, a Indonésia não tem beneficiado dessa tendência. Vale a pena investir na bolsa de Jacarta?
Desde o final do mandato do popular e reformista Presidente Jokowi, os investidores mantêm-se vigilantes face à Indonésia. Em plena fase de desenvolvimento, o país enfrenta transições complexas.
O vasto programa de investimento em infraestruturas iniciado ainda por Jokowi (incluindo a construção de uma nova capital, Nusantara) exige um esforço público significativo e, para o financiar, um aumento substancial da receita fiscal.
Porém, como cerca de 60% dos indonésios trabalham no setor informal, o peso da carga fiscal recai apenas sobre os restantes contribuintes e gera grande descontentamento.
O desagrado cresce, tanto mais que o novo Presidente, Prabowo Subianto, agrava as tensões com decisões impopulares. Este antigo general das forças armadas colocou vários dos seus homens em posições-chave do Estado.
Criou ainda 23 novos ministérios, num momento em que pede sacrifícios adicionais às famílias, instituiu um fundo soberano cuja gestão é pouco transparente e lançou um programa alimentar controverso. Concebido para oferecer refeições gratuitas aos alunos, é financiado à custa dos orçamentos da educação e da saúde.
Mal gerido, tornou-se rapidamente uma das maiores rubricas do Orçamento do Estado (cerca de 9% do total), logo a seguir às despesas militares (15%).
Aos desafios internos soma-se uma conjuntura externa complexa. Com poucos acordos comerciais, a Indonésia é fortemente penalizada por tarifas aduaneiras elevadas às sobre as suas exportações, nomeadamente 19% para os EUA.
A Indonésia, que parecia um candidato ideal para beneficiar da estratégia “China + 1” adotada por muitas empresas para diversificar as cadeias de produção, é agora percecionada como menos estável do que concorrentes como o Vietname. Essa perceção levou a uma diminuição do investimento direto estrangeiro.
A rupia sofreu com o desinteresse dos investidores sobretudo após episódios de violência em várias cidades e a decisão do banco central de reduzir as taxas diretoras para estimular a economia.
Em doze meses, depreciou-se cerca de 11% face ao euro e agravou as perdas dos fundos e ETF que seguem essencialmente o MSCI Indonesia. Assim, nos últimos doze meses, este índice está a perder 22%.
Após um longo período de expansão, sustentado pelas reformas de Jokowi que reforçaram a competitividade da Indonésia, modernizaram as infraestruturas e impulsionaram o setor mineiro, o país enfrenta agora algumas dores de crescimento.
Para recuperar o rumo, será necessário redimensionar o Estado, reduzir o peso do setor informal, alargar as oportunidades e integrar melhor os jovens no mercado de trabalho (reforço da formação).
Apesar de tudo, há trunfos. A Indonésia é uma potencial plataforma de exportação graças a uma força de trabalho abundante e cada vez mais qualificada, e tem atraído numerosos intervenientes asiáticos no setor da transição energética.
Com 285 milhões de habitantes, oferece um mercado interno de dimensão impressionante. A sua abertura progressiva e integração crescente no comércio mundial deverão permitir-lhe manter taxas de crescimento económico elevadas.
Embora atravesse uma fase delicada, a Indonésia mantém-se um mercado emergente promissor. Rica em matérias-primas, dotada de uma população jovem e numerosa, e com um mercado de dimensão considerável, a Indonésia aguarda um conjunto de reformas para manter o rumo. Tal aposta exige tempo mas, neste momento, o nível de entrada na bolsa de Jacarta está mais atrativo.
O mercado oferece um rendimento do dividendo razoável (2,4%) e um rácio cotação/lucro esperado de 13,3, um nível inferior à sua média histórica (14,4) e muito abaixo da média global (18,4).
Trata-se, contudo, de um mercado mais volátil e apenas adequado para os investidores que aceitem um maior nível de risco.
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