ETF: qual o setor mais barato em bolsa

O setor automóvel enfrenta um grande desafio com as tarifas de Trump
O setor automóvel enfrenta um grande desafio com as tarifas de Trump
O rácio cotação/lucro esperado (PER) para o setor é agora de apenas 7,1.
É certo que os rácios do setor costumam ser baixos pois é atividade com reduzidas taxas de crescimento. Contudo, o PER caiu para valores bastante baixos mesmo tendo em conta que a média histórica é de 9,2.
Por seu turno, o rácio cotação/valor contabilístico é de apenas 0,5! Os investidores atribuem às empresas apenas 50% do valor dos seus ativos líquidos. Por comparação, a média do mercado global está em 2,4.
Por fim, o dividend yield atinge os 5,6%, o mais alto entre os principais setores.
Não. É um facto que todos os indicadores tornam o setor automóvel europeu no mais barato em bolsa. Porém, o pessimismo refletido nas fracas valorizações é justificado e a situação do setor até se deverá deteriorar a curto e médio prazo.
O setor automóvel enfrenta mais um grande desafio com as tarifas por parte da administração Trump. Estas incidem sobre veículos e componentes importados, nomeadamente da União Europeia, México e Canadá. Na maioria dos casos, a tarifa está nos 25%.
Este enquadramento altera substancialmente as dinâmicas do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA) e penaliza os fabricantes com operações centradas na exportação para os Estados Unidos.
Mesmo os grupos com fábricas em solo norte-americano podem ser menos afetados, mas a fragmentação das cadeias de valor cria um clima adverso para a rentabilidade e as decisões de investimento de longo prazo.
Simultaneamente, a crescente adoção de veículos elétricos (EV) coloca pressão adicional sobre os construtores tradicionais, que enfrentam custos significativos de adaptação tecnológica.
A concorrência chinesa tornou-se particularmente desafiante e vai além dos preços mais baixos dos seus veículos. Impulsionadas por apoios estatais, as empresas chinesas construíram um domínio sobre matérias-primas críticas e colocaram-se na liderança tecnológica em componentes como as baterias.
Esta vantagem estrutural permite aos fabricantes chineses ganhar quota de mercado em regiões como a Europa, onde as marcas tradicionais ainda lutam para conciliar a transição para a mobilidade elétrica com a rentabilidade.
Os investidores antecipam, face aos desafios, uma justificável forte deterioração da rentabilidade e destruição de valor.
Existem vários ETF que replicam os índices europeus do setor automóvel, como o Invesco STOXX Europe 600 Optimised Automobiles & Parts ETF (IE00B5NLX835) e o iShares STOXX Europe 600 Automobiles & Parts (DE000A2QP4A8). Não recomendamos.
Em termos de investimento direto em ações de construtores automóveis, não aconselhamos a compra de nenhum dos grandes protagonistas do setor. Várias ações possuem mesmo o nosso conselho de venda.